Por Pr. Silas Figueira
Comentando sobre este assunto,
R.C. Sprou editor geral da Bíblia de Genebra diz que “cada igreja local é uma
manifestação da única Igreja Universal e deverá incorporar a natureza dessa
Igreja, como a família regenerada do Pai, o corpo ministerial de Cristo e a
comunhão pelo Espírito Santo. No processo de separar-se da Igreja Católica
Romana, os reformadores precisavam estar certos a respeito de quais seriam as
marcas da Igreja verdadeira. Nas Escrituras, eles acharam a resposta em termos
de dois critérios.
- A fiel pregação da Palavra de Deus. Isso significa que a Igreja ensina o evangelho cristão de acordo com as Escrituras. Qualquer grupo que nega a Trindade, a divindade de Cristo, a expiação pelos pecados ou a justificação pela fé somente se comporta como os separatistas dos tempos primitivos da Igreja, cuja negação da Encarnação (1Jo 4.1-3) levou João a dizer: “não eram dos nossos” (1Jo 2.19).
- O correto uso dos sacramentos. Esse critério significa que o Batismo e a Ceia do Senhor são usados e explicados como exposições do evangelho da fé em Cristo. Transformar esses Sacramentos em superstições que anulam a suficiência da fé em Cristo é solapar a identidade da Igreja, como qualquer outra coisa que obstrua a fé em Cristo. Um propósito do Batismo é identificar aqueles que são recebidos na Igreja visível. A Ceia do Senhor confirma, para os fiéis, sua condição de membros da Igreja e sua comunhão uns com os outros e com Cristo.1
A Igreja, “Corpo de Cristo”, é perfeita e sem mácula, mas a igreja local
ainda é formada por pessoas imperfeitas e que ainda não alcançaram a perfeição,
pois ainda estão vivendo em um corpo que é carne; embora, em Cristo Jesus já
tenham alcançado a salvação. Por isso que a igreja local ainda é um lugar
lastimável. Pois nela, contudo, há sempre alguns (e frequentemente muitos) que
vivem como parasitas. Os de fora veem apenas os parasitas e pensam que eles são
a igreja. Isso não é verdade, assim como os pregos não são o casco do navio.
Como disse Eugene Perteson: “Nenhuma igreja jamais existiu em estado puro. É
composta de pecadores. As pulgas acompanham o cachorro”.2
A igreja é o lugar aonde vamos
para descobrir o que estamos fazendo certo – lugar de afirmação. Mas a igreja é também o lugar onde buscamos
saber em que estamos errando – lugar de
correção. Na igreja, ansiamos ouvir as promessas – lugar de motivação. Nenhuma comunidade sobrevive sem qualquer das
partes. Precisamos de afirmação, correção e motivação. 3 Essa
tríplice orientação espiritual capacita o povo de Deus para viver em fé,
confiante nEle, em ambiente hostil. O processo de afirmação, correção e
promessa ou motivação é o que os gregos chamavam de paidea, processo complexo pelo qual a comunidade passa adiante sua
paixão e sua experiência.4
As igrejas são o meio que Deus
utiliza para unir as pessoas, para que entendam quem é o seu Senhor, quem elas
mesmas são e, assim, desenvolvem relacionamentos coerentes com essas
identidades.
Cada mensagem começa com o Senhor
dizendo: “Conheço...”, no grego oida. Cada mensagem demonstra
conhecimento exato de tudo que acontece na congregação. A mensagem se
desenvolve de acordo com os fatos econômicos, culturais e políticos da cidade e
da igreja. A situação social externa e a situação religiosa interna se unem na
mensagem formulada. O conhecimento dEle não é exterior, como seria o de um
jornalista dedicado; é um conhecimento preciso do que significa viver como povo
de Deus naquele lugar – conhecimento
compreensivo do que implica, para eles, viver no nome de Jesus.5
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