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Por João A. de Souza Filho
Que parâmetros podemos usar para identificar os obreiros falsos dos verdadeiros na igreja brasileira e mundial?
Neste
artigo faço um resumo de alguns pontos de meu próximo livro,
Profetas e profecias: A que horas estamos no relógio de Deus?
Precisamos
de parâmetros bíblicos e históricos para identificar e separar os
pregadores falsos dos verdadeiros. Onde estão as diferenças? Não se
pode dizer que um obreiro é verdadeiro porque realiza milagres.
Porque existem milagreiros usados por Satanás em ação nos dias de
hoje, que podem estar presentes no seio da igreja! Muitos dos que
curaram e expulsaram demônios em Nome de Jesus foram desqualificados
como falsos (Mt 7.15-23).
Então,
que tal pensar assim: Quando pregadores e profetas vaticinam um
acontecimento, um milagre, uma cura, são verdadeiros. Certo? Não,
porque muitos profetas no passado que não profetizaram em nome do
Deus de Israel vaticinaram acontecimentos que se cumpriram, e, nesse
critério eram falsos por não profetizarem em nome de Jeová.
É
possível identificar se os atuais pregadores e alguns que se
intitulam profetas e apóstolos são falsos ou verdadeiros,
analisando-os à luz das escrituras e da história.
Nas
escrituras temos parâmetros que nos permitem identificar e separar
os falsos dos verdadeiros. Explico. São muitos os textos bíblicos
tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Comecemos pelos textos de
Deuteronômio 13 e 18.
Deuteronômio
13 não trata especificamente de profetas falsos, como sugere o
título que os revisores colocaram no início do capítulo, e sim de um
profeta que anuncia um sinal ou um prodígio e o que ele anuncia se
cumpre. “Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te
anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de
que te houver falado...” (Dt 13.1-2). O texto está afirmando que o
profeta anuncia um milagre ou um acontecimento e este se cumpre. Ora,
segundo Deuteronômio 18.22 o profeta é falso quando o que ele fala
não se cumpre! “Saiba que, quando esse profeta falar em nome do
Senhor, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder como profetizou,
esta é a palavra que o Senhor não disse...”.
1.
Um pregador pode ser verdadeiro hoje e falso amanhã. O profeta é
verdadeiro quando profetiza e tudo se cumpre. Certo? Sim, em parte.
Porque o que ele fala pode se cumprir, mas, usar o seu dom para fins
pessoais. Aí é falso, porque usa do cumprimento da profecia para
chamar a atenção do povo para si mesmo, quando usa do milagre para
desviar a atenção do povo para si mesmo ou para seus próprios
interesses. No caso do texto de Deuteronômio 13 o profeta não é
falso, mas torna-se falso quando usa dos dons de Deus para desviar
as pessoas do propósito de Deus.
Portanto,
atente para o estilo de vida do pregador ou profeta. Se este
estiver usando dos milagres de Deus para enriquecimento pessoal, para
adquirir fama e para criar seu próprio domínio territorial
denominacional é falso! Porque as pessoas são alvos dos milagres, e
passam a idolatrar o profeta e a contribuir para o enriquecimento de
tal pessoa. Com base nisso é possível passar o prumo da palavra de
Deus nos pregadores televisivos e nos apóstolos e profetas atuais.
Jesus
destaca que o diferencial entre o falso e o verdadeiro não é a
aparência ministerial (ilustrada na casa edificada sobre a rocha e a
outra sobre a areia). As duas casas poderiam ser iguais, construídas
pela mesma pessoa, mas uma tinha fundamento e a outra não. Ele
trata disso também em Mateus ao falar dos que expulsam demônios,
realizam curas em nome dele e, no entanto, são desqualificados no
julgamento final.
Profetas bíblicos e não bíblicos anunciaram acontecimentos que se cumpriram.
Muitos
profetas não bíblicos anunciaram fatos que aconteceram, existe, no
entanto, um diferencial entre os profetas de Deus e dos demais
profetas.
2.
O verdadeiro profeta se preocupa com a justiça social e possui uma
visão do propósito de Deus. Examine se o pregador ou profeta está
adquirindo vantagens pessoais e não está distribuindo os recursos
que angaria para ajudar os pobres e necessitados.
Os
profetas e agoureiros do passado ocupavam-se maiormente em prever o
destino das pessoas, sem se preocupar com a justiça social e com o
bem-estar da população. Já os profetas de Deus não se ocupavam
apenas em vaticinar o futuro, mas eram possuídos de uma paixão
ardente pela vida de retidão, além de viverem reta e honestamente.
Balaão,
profeta bíblico não era muito bom na prática da justiça, pois fazia
previsões e usava de seu dom profético para obter benefícios
pessoais – como certos pregadores de hoje que pregam a palavra para
ganhar dinheiro – mas anunciou a vinda do Messias. Obviamente que
este fato isolado não o coloca entre os profetas verdadeiros e
incorre na condenação de Deuteronômio 13.
3.
Os verdadeiros profetas possuíam uma visão salvadora e redentora da
humanidade. Era isto o que os diferenciava dos demais profetas do
passado, que viviam profetizando para satisfazer a vontade dos reis.
Em resumo: os profetas que falaram em nome de Jeová preocupavam-se
com a justiça social e sempre tinham uma palavra de esperança e uma
mensagem redentora aos povos.
Esquilo,
Sófocles e Eurípides eram apaixonados pela doutrina de Nêmesis e
ensinavam o mesmo princípio bíblico de que Deus resiste aos soberbos,
mas concede graça aos humildes. No entanto, sempre falavam de um
destino terrível para todos os povos, sem nunca apresentar a solução
de um Redentor como fizeram os profetas da Bíblia no Antigo
Testamento.
Os
profetas egípcios, chineses, caldeus, gregos e romanos do mundo
antigo não falavam em nome de uma Entidade, de Um Eterno, como os
profetas judeus, quem sabe guiados por espíritos de adivinhação.
Os
antigos oráculos de outros povos também anunciavam a vinda de
Cristo, mas não apontavam para a Redenção da humanidade. No reinado
de Sésostro II (1906-1887 a.C.), um sacerdote de Heliópolis, no
Egito, teve uma visão profética de alguém que será “o líder ideal,
cujo advento ele aguarda, porque ele será o pastor de todos os
homens, sem dolo algum em seu coração... onde ele está hoje?”.5
Milhares de anos antes de Cristo houve profecias de sua vinda por
outros povos, falando de seus ensinamentos, da última ceia e da morte
que haveria de lhe acontecer.
O
profeta de Deus se diferenciava dos demais profetas porque possuía
uma visão salvadora da humanidade, da justiça social e de um reino de
glória.
Esclareceu-me este tema o livro Apologetics or Christianity
Defensively Stated (Apologética e a Defesa Comprovada do
Cristianismo) de A.B. Bruce, cuja terceira edição é de 1895 e que
guardo como uma das relíquias da literatura cristã, pela preciosidade
dos temas ali tratados. Para ser sincero usei as mesmas palavras
dele como título do capítulo seis “otimismo profético”.
A.B.
Bruce, exegeta que viveu no século XIX destaca que o profeta
bíblico se diferencia dos demais pelo ardor de justiça e pela
esperança que tem do futuro. As profecias bíblicas estão permeadas
pelo espírito de otimismo, afirma o autor. A paixão por justiça e a
esperança de novos dias fazem a diferença entre estes e os demais
profetas.
Bruce
destaca em seu livro a fonte das previsões dos profetas bíblicos. A
esperança que tinham de dias melhores devia-se a fonte de suas
previsões, pois enquanto os demais profetas recebem inspiração de
fontes duvidosas, o profeta bíblico recebe diretamente da fonte que é
Deus. A fonte das profecias não reside no temperamento do profeta
nem na disposição mental que toma conta do profeta naquele dia, mas
pela perspectiva que o profeta tem do horizonte que se estende
diante dele. Quer dizer, o profeta bíblico não profetiza sob emoção
ou conforme se sente espiritualmente naquele dia, mas porque tem uma
visão do futuro glorioso de Deus na terra. Suas profecias são frutos
da comunhão e intimidade com Deus e da visão que Deus lhes dá do
futuro.
4.
Os verdadeiros profetas e pregadores vivem uma vida de renúncia, e
têm em mente o propósito eterno de Deus para com o homem e com o
mundo. Quando profetizam não buscam alimentar nem favorecer suas
próprias paixões, desejos e tentações.
A
fonte verdadeira da palavra profética está na intimidade que o
profeta tem com Deus, pois ao profetizar uma catástrofe ou um
acontecimento trágico o caráter divino da graça de Deus tem
preeminência nas profecias. Para os profetas bíblicos, Deus era mais
que um governador moral, não apenas alguém que trabalhava a favor da
retidão, mas Alguém que ajudava as pessoas a terem uma vida reta. A
graça tem por finalidade a justiça divina.
5. O verdadeiro profeta é otimista em relação ao futuro, apesar da desgraça que se avizinha.
Os
profetas bíblicos eram otimistas por pregarem a respeito de um Deus
que não favorecia apenas os judeus, mas a toda humanidade.
Diferentemente de muitos pregadores hoje que amam somente os judeus e
a terra de Israel e desprezam os demais filhos de Abraão. Deus
buscava a salvação de pessoas até os confins da terra. Assim, o
otimismo profético residia na manifestação da graça de Deus a todos
os povos e não apenas aos judeus.
Para
os profetas pagãos a era de ouro ficou no passado, para os profetas
hebreus a era de ouro está por vir. Assim, o profeta cria
diferentemente dos poetas e filósofos pagãos, porque sempre tinha uma
ótica da bondade e misericórdia de Deus.
Alguns
profetas de hoje na igreja assemelham-se aos pagãos, pois não
possuem esta perspectiva de um Deus de esperança, e anunciam o
futuro pela maneira como vivem o presente.
O
otimismo profético vai além das circunstâncias presentes, como no
caso de Habacuque, que pergunta a Deus por que a violência continua,
e Deus lhe responde que a violência aumentará. Deus não deu sequer
uma pista de prosperidade ou de solução para o profeta, no entanto, o
profeta no fim do capítulo três declara: “Ainda que as figueiras
não produzam frutas, e as parreiras não dêem uvas; ainda que não haja
azeitonas para apanhar nem trigo para colher; ainda que não haja
mais ovelhas nos campos nem gado nos currais, mesmo assim eu darei
graças ao Senhor e louvarei a Deus, o meu Salvador. O Senhor Deus é a
minha força. Ele torna o meu andar firme como o de uma corça e me
leva para as montanhas, onde estarei seguro” (Hc 3.17-19).
O
otimismo profético está no anúncio de um final glorioso para o
povo, e é aqui, basicamente que as profecias dos profetas bíblicos
são diferenciadas dos profetas de outros povos que falavam de
desgraças e calamidades, mas não anunciavam um fim glorioso.
Profetas
e videntes, sem ser judeus ou cristãos acertaram em seus
prognósticos, mas nem por isso foram profetas verdadeiros porque
suas profecias se cumpriram. Ao longo da história, muitas profecias
proferidas por pessoas que não conheciam o verdadeiro Deus como nós
conhecemos e não foram inspiradas pelo Espírito de Deus como
acreditamos, cumpriram-se totalmente. Estes profetas são falsos
porque não profetizaram a redenção dos povos, usaram do dom da profecia
para induzir os povos a adorar outros deuses (até a eles mesmos), e
não o Deus dos deuses, e não acenaram nem praticaram justiça social.
Um
profeta ou pregador é falso quando não possui uma visão divina de
justiça social, de amparo aos pobres e de cuidado com os mais
necessitados. Bem ao contrário usam do ministério para se enriquecer e
para criar e manter suas próprias instituições com verbas
milionárias.
Conforme
Deuteronômio 13 o profeta é falso não porque anunciou um milagre e
este não se cumpriu; ao contrário, o milagre ou sinal que vaticinou
aconteceu, e neste sentido não deveria ser considerado um profeta
falso, pois o milagre aconteceu. O que o torna falso é que ele usa o
dom da profecia, a capacidade de produzir milagres e prodígios para
levar o povo a se desviar de Deus, buscando outros deuses ou seu
próprio interesse. O texto é claro: o que ele anunciou aconteceu,
mas não deve ser ouvido porque induz as pessoas a se desviarem de
Deus. Para os judeus, o próprio Deus permitia que isto acontecesse
para provar o coração do povo, se o povo era fiel ou não a Deus.
Neste
sentido, podemos incluir na nossa reflexão muitos operadores de
milagres, pastores e evangelistas que são supostamente usados por
Deus, mas o que os coloca em pé de igualdade com os falsos é que
buscam seus próprios interesses e não os de Cristo. Jamais devemos
esquecer que a prática da justiça não é apenas ajudar os pobres e
necessitados, mas também o de denunciar políticos e organizações
criminosas que oprimem e atacam os mais fracos. A prática da justiça
inclui também o compromisso de usar os dons de milagres e dons de
profecias para levar as pessoas à salvação, ao arrependimento e
mudança de vida, jamais usando os dons para enriquecimento ilícito, nem
os talentos dados por Deus para proveito próprio.
É
neste quesito importante citado por Moisés em Deuteronômio 13 que
Paulo se apegou para condenar alguns apóstolos de seus dias. Eram
homens que também operavam milagres e eram aceitos pelo povo como
pessoas de Deus, mas não viviam na prática da justiça como Paulo, de
maneira humilde, que não buscava proveito próprio. Paulo afirmou que
eram falsos apóstolos, obreiros fraudulentos que se transformaram em
apóstolos de Cristo. Não se deve pensar que o pregador falso é
apenas o que prega heresias; mas porque seu estilo de vida não é de
acordo com o estabelecido por Jesus Cristo.
E
até possível incluir entre os falsos os que usam da teologia da
prosperidade para enriquecimento pessoal. Existe uma prosperidade
que faz parte da essência do evangelho, diferentemente da que vem
sendo pregada abertamente nesses dias.
Jesus
fala a respeito daqueles que no dia do juízo dirão: “Senhor,
Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu
nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos
milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci.
Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.22-23).
Jesus não está negando o poder de realizar milagres, nem está
sugerindo que os que praticam milagres e expulsam demônios são
incluídos na classe dos rejeitados, nada disso. Jesus está falando
que, apesar de realizarem milagres, tais pessoas foram reprovadas
por viverem na prática da iniqüidade, o que nos leva a considerar e a
refletir se o estilo de vida que levamos não anulará os feitos
milagrosos que operamos.
Ao
que parece, nas palavras de Jesus, a iniquidade e a prática do
pecado anulam, diante de Deus as obras que fazemos, e apesar de ainda
exercitarmos os dons, seremos julgados no dia do juízo, não porque
fizemos grandes obras, mas porque vivemos na prática do pecado.
Quando
examinamos a história da igreja encontramos homens e mulheres que
foram instrumentos de Deus, usados na palavra profética, fazendo
previsões que se cumpriram ao longo dos anos. Existiram monges,
abades e padres que viviam de maneira santa e reta, comprometidos com
o Nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Um destes homens, Malaquias,
fez profecias em seu tempo que continuam se cumprindo. Trato das
profecias de Malaquias num artigo em meu site.