![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC9rN1ffa-WJi5f_1Cn5-dpAa5RuEaN6dwczWMttDXPY2Pg9ZbBh_YwtudDyopbiNEZMTGVYnziK89Xsu84FO5jmhqCNbcOqlqO3QoDWhId726pTl9aK6WoLriLdBNdTU3Ax8Axi1tMUhP/s400/images.jpg)
Por Rev. Allen M. Baker
"Tocar-se-á
a trombeta na cidade, sem que o povo se estremeça? Sucederá algum mal à
cidade, sem que o Senhor o tenha feito?" (Am 3.6).
O
enorme terremoto de 9.0 na escala Richter que abalou o Japão no dia 11
de março e o tsunami resultante, capturados tão espetacular e
terrivelmente nos vídeos, produziu até 19 de março 18.000 mortes, não
mencionando o possível desastre nuclear na usina de Fukushima, que
poderia causar milhares de outras mortes.
Como
devemos ver essas coisas? São meros acidentes? É apenas um terremoto,
ou seja, um fenômeno natural explicado apenas em termos científicos?
Isso é um julgamento de Deus sobre o Japão, uma nação orgulhosa em que
somente 1% dos habitantes são cristãos? Devemos nós, como um budistas
pode fazer, apenas aceitar isso como destino, admitindo que ninguém
pode controlá-lo, ou devemos simplesmente deixar para lá?
Como
em qualquer circunstância da vida, nossa única fonte é a Bíblia. E o
que ela diz sobre catástrofes? João Calvino, em um comentário sobre
Amós 3.6, diz que o som de uma trombeta recordava a Israel que Deus não
fazia nada sem primeiro revelar seus segredos aos seus profetas. Nas
palavras de Calvino: "O povo de Israel foi extremamente estúpido em não
se arrepender depois de tantos avisos. Permaneceram em sua
perversidade, embora tenham sido constrangidos pelos mais poderosos
meios". Calvino prossegue e diz que Amós nos recorda que as calamidades
não acontecem por acaso... que o governo deste mundo é realizado por
Deus e que nada acontece senão pelo seu poder. A palavra (no hebraico rah)
traduzida neste versículo por "mal" significa qualquer coisa adversa a
nós. É a mesma palavra hebraica usada em Isaías 45.6-7, onde o profeta
diz: "Eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz e crio as
trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas
coisas". A versão bíblica em português traduz "rah" em ambos os
versículos pela palavra "mal". E faz isso em vários outros versículos:
"a árvore do conhecimento do bem e do mal" (Gn 2.9); "Ai dos que ao mal
chamam bem e ao bem, mal!" (Is 5.20); "e ficareis consolados do mal
que eu fiz vir sobre Jerusalém, sim, de tudo o que fiz vir sobre ela"
(Ez 14.22).
Portanto,
podemos descartar várias possibilidades quanto ao porquê da terrível
devastação ocorrida no Japão. Primeira, isso não for mero acidente. Não
foi apenas um terremoto que pode ser explicado em termos científicos. É
claro que há uma explicação científica para o que aconteceu. De modo
algum, os crentes devem depreciar os meios secundários que Deus
designou. Deus opera pela maneira como criou e, agora, sustenta toda a
sua criação (At 17.26). E a razão fundamental para catástrofes naturais é
a queda no pecado realizada por Adão e Eva. Isso tornou o mundo
rendido ao pecado, corrompido e necessitado de redenção, algo que Deus
promete repetidas vezes em sua Palavra (Is 66.22-24; Rm 8.20-23; 2 Pe
3.13). Segunda, nós rejeitamos a explicação budista e sua conseqüente
reação estóica. Certamente, devemos lamentar e entristecer-nos pela
perda de vidas, bem como devemos orar pelo povo do Japão e pelos que
realizam o trabalho de socorro. Devemos contribuir financeiramente para
esse trabalho.
No
entanto, a catástrofe foi um julgamento de Deus sobre pessoas de
coração duro e orgulhosas? É claro de Amós, Isaías, Ezequiel e todos os
profetas que Deus trouxe julgamento sobre as nações de seus dias
porque elas estavam longe dele, envolvidas em todas as maneiras de
comportamento licencioso, ímpio e destrutivo, colocando-se a si mesmos
contra Deus. Também sabemos que Paulo declarou que a ira de Deus é
revelada (tempo presente, voz passiva, modo indicativo de apokalupto, de onde temos nossa palavra apocalipse)
do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a
verdade pela injustiça (Rm 1.18). Em outras palavras, Deus está sempre
trazendo sua ira ao mundo porque persistimos no viver ímpio. Mas,
podemos dizer sem equívocos que Deus está julgando o Japão por causa de
rejeição perpétua das ofertas de graça por meio de muitos japoneses
crentes e missionários que trabalham diariamente para levar o Japão a
Cristo?
Para
responder essa pergunta, precisamos primeiramente considerar uma
situação semelhante trazida à atenção de Jesus. Em Lucas 13.1-5, falaram
a Jesus sobre alguns galileus cujo sangue foi misturado, pelo ímpio
Pôncio Pilatos, com os sacrifícios que eles realizavam. E, por uma boa
medida, esses indagadores de Jesus queriam o que ele pensava sobre o
recente acidente de construção em que dezoito pessoas foram mortas
quando uma torre desabou sobre eles. A pergunta era: "Você acha que
esses galileus eram maiores pecadores do que todos os outros galileus
porque sofreram esse destino? E os que morreram no acidente de
construção eram mais culpados do que todos os outros habitantes de
Jerusalém?" Adequando essa pergunta ao nosso contexto moderno, diríamos:
a nação japonesa é mais ímpia e merecedora do julgamento de Deus do
que somos nos Estados Unidos ou na Inglaterra? Aqueles que morreram no
terremoto, no tsunami ou de exposição à radiação eram mais ímpios do
que nós o somos? A maneira como Jesus respondeu essas perguntas nos dá a
resposta que precisamos em nossa situação específica. Jesus disse aos
seus questionadores: "Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos
arrependerdes, todos igualmente perecereis". O que Jesus estava dizendo?
Estava respondendo as perguntas por focalizar-se no que julga mais
importante. A questão não é quão ímpias essas pessoas tinham sido. Elas
não eram mais ímpias do que qualquer outra pessoa. Quando comparados
com a lei de Deus, descobrimos que ninguém é justo, nem mesmo um (Rm
30.10, ss.). Temos uma tendência de especular sobre essas coisas, mas
elas não são a preocupação no coração de Jesus. Ele muda o assunto
diretamente para seus questionadores, procurando incutir-lhes a verdade
de que, se não se arrependessem, todos pereceriam igualmente.
Portanto,
devemos ver qualquer catástrofe como uma chamada de "despertamento"
divina e graciosa. Devemos ver a Deus em todas essas coisas. Essas
calamidades servem como advertências para que todas as pessoas parem e
perguntem a si mesmas: "E se meu carro, com meu querido filhinho dentro,
tivesse sido levado pelas ondas gigantes de cinco metros de altura,
enquanto o limpador de pára-brisa traseiro limpava o vidro? O que nos
teria acontecido? Aonde iríamos depois da morte? Essas são as perguntas
que nós e todas as pessoas devemos fazer a nós mesmos! Não podemos
dizer com certeza que Deus está executando vingança sobre o Japão.
Evidentemente, Deus fez isso a nações, conforme as Escrituras, e isso
deixa claro o princípio bíblico de que ele está revelando continuamente
sua ira no mundo. É melhor deixarmos essas questões nas coisas secretas
de Deus (Dt 29.29).
E
por que Deus mostra seu magnífico e grandioso poder de maneiras
terríveis? Em última análise, ele faz tudo para o louvor e glória de
sua graça (Ef 1.3-14); e, freqüentemente, suas maneiras grandiosas e
terríveis humilham as pessoas e nações, atraindo muitos a Cristo, para
obterem a salvação eterna. Lembro-me da haver orado pela Nicarágua
depois do terremoto de 1973, pedindo a Deus que trouxesse aquelas
queridas pessoas a Cristo como resultado da devastação. Quase
imediatamente após o terremoto, milhões de nicaragüenses começaram a
vir a Cristo, e o movimento continua até hoje. Que Deus faça essa mesma
obra no Japão. E, por favor, ore pelo Japão, pela igreja japonesa, por
seus pastores e missionários nativos que têm labutado fielmente,
durante tantos anos, e visto tão pouco fruto. Talvez essas coisas
aconteceram num tempo como este para que haja uma grande colheita de
almas nesta nação que tem feito tanto no aspecto econômico, mas
permanece nas trevas do xintoísmo e do culto aos ancestrais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário