Por Alex Belmonte
A palavra ateísmo em
seus vários campos é de difícil definição, porém na sua etimologia a
palavra vem do grego a, “não” e theos, “deus”, ou seja, é a descrença em
deuses ou Deus, e também a descrença ou negação de qualquer realidade
sobrenatural. Desde a Renascença, o termo passou a indicar a atitude de
quem não admite a existência de uma divindade. Chamam-se ateus os que
não admitem a existência de um ser Absoluto, dotado de individualidade e
personalidade reais, livre e inteligente.
No Dicionário Teológico
do teólogo Claudionor Corrêa de Andrade, temos a seguinte declaração
mais ampla e direta acerca do ateísmo:
…O ateísmo é ainda a
condição do homem que descarta a realidade do Único e Verdadeiro Deus
(Rm. 1.28). No Antigo Testamento, temos uma referência a um ateísmo
pragmático: não se preocupa com a essência, nem com a não existência do
Todo-Poderoso; ensina que, na vida do ser humano, o Criador é
perfeitamente prescindível (Sl. 10.4; 14.1). Os ateus, segundo os
gregos, eram: 1) os ímpios; 2) os que não contavam com o concurso das
forças sobrenaturais; 3) e os que manifestavam crença alguma nos deuses.
(pág. 66 – 17ª Edição, 2008 – Ed. Cpad).
O ateísmo também fez
raízes. O agnosticismo e o ceticismo, por exemplo, de certa forma entram
no âmbito do ateísmo, porque o agnóstico é alguém que crê e propaga a
doutrina que defende a incognoscibilidade de qualquer ordem de realidade
desprovida de evidência lógica satisfatória. O termo foi criado por
T.H. Huxley (1825 – 1895), para expressar o seu desprezo em face da
atitude de certeza dogmática simbolizada pelas crenças dos antigos
gnósticos. Nega a possibilidade de um conhecimento racional e certo de
qualquer realidade transcendente. Para o agnosticismo a razão humana não
pode adquirir uma ciência certa, a não ser das realidades apreendidas
pela experiência sensível; apenas afirma que isso não se pode conhecer
com certeza por meio da razão. Como sistema teológico foi condenado
pelos apóstolos e pela Igreja. Sob qualquer forma que se apresente, o
agnosticismo deve ser considerado segundo o sistema científico a que se
amolda e também os pressupostos da teoria do conhecimento que adota.
Quanto ao termo
“analfabetismo teológico” sugerido no título deste artigo, se trata de
um resultado por meio do uso do método analítico e interpretativo,
dentro do argumento e exposição teológica de grupos e pessoas atéias,
cujo final é a clara evidência da falta de conhecimento e incapacidade
da visão ateísta em sua tentativa de rejeitar a pura Verdade bíblica. O
que restou disso foi a certeza de uma mera falácia por parte desses.
Partindo desse princípio
a primeira coisa que encontramos é de fato a existência de seis tipos
de ateísmo. Esses diferentes tipos revelam sua expansão de pensamento e
atitude, além da não unidade de pensamento. São esses: O Ateísmo
Tradicional, Mitológico, Dialético, Semântico, Conceitual e Prático.
Vamos explorar aqui apenas os tipos Mitológico e Dialético, desejando a abordagem dos demais num próximo e possível artigo.
O Ateísmo Mitológico. Os
que defendem essa corrente acreditam que o mito “Deus” jamais foi um
Ser, mas o modelo vivo pelo qual as pessoas viviam. Esse mito foi morto
pelo avanço do entendimento e da cultura do homem. O mais destacado ateu
dessa linha é Friedrich Nietzsche, nascido em Röcken (Alemanha) em 15
de outubro de 1844. Ele Faleceu em Weimar no dia 25 de agosto de 1900.
Nietzsche nasceu numa
família luterana, filho de Karl Ludwig, seus dois avós eram pastores
protestantes. O próprio Nietzsche pensou em seguir a carreira de pastor,
entretanto, rejeita a fé durante sua adolescência, e prefere os estudos
de filosofia afastando-se do estudo teológico. Ingressou no semestre de
Inverno de 1864-1865 na Universidade de Bonn em Filologia Clássica.
Nietzsche baseou sua
crença de que Deus jamais existiu em vários pontos fundamentais (Além do
bem e do mal, pág. 23). Ele argumentou que o mal no mundo eliminaria
ainda mais o Criador benevolente. Nietzsche julgou que a base para a
crença em Deus era puramente psicológica, e exortou:
Rogo-vos, meus irmãos,
permanecei fiéis à terra, e não creiais naqueles que vos falam de
esperanças de outros mundos!”. Acrescentou: “No passado o pecado contra
Deus era o maior pecado; mas Deus morreu, e esses pecadores morreram com
ele. Agora pecar contra a terra é a coisa mais terrível. (Assim falava
Zaratustra, pág. 125).
O Analfabetismo
Teológico de Nietzsche. Analisando os principais pontos dentro do
argumento de Nietzsche entendemos que sua apresentação acerca da não
existência de Deus está totalmente equivocada (teológica e
filosoficamente falando) e falha para o assunto em questão. Se Friedrich
Nietzsche seguisse a linha de raciocínio coerente e sana, a raiz de sua
ideia partiria justamente do detalhamento da morte psicológica de Deus.
Para isso responderia as seguintes perguntas: 1. Se Deus de fato
existiu de forma puramente psicológica (como afirmou) em que período
isso ocorreu na mente humana? 2. Por que Deus morreu e seus efeitos
psicológicos não morreram com Ele (se isso também era Deus)? 3. Quando
Deus morreu? E como morreu? 4. Por que um Ser tão “insignificante e
morto” ainda é lembrado até mesmo pelo ateísmo? (isso também é
psicológico?) e 5. Como uma divindade que existiu apenas na psique
humana pode permanecer influente de forma coletiva em pleno século XXI?
Infelizmente Nietzsche
não pode nos responder a esses pontos, pois sua linha de raciocínio é
deficiente e repugnante, e ficou mais particularizada do que
compartilhada. Mas, contudo, chegamos à seguinte conclusão: Nietzsche
como filósofo destacado, definiu erroneamente o termo “psicologia”
quando procurou assim argumentar a não existência de Deus por esse
caminho.
A Psicologia (do grego
psykhologuía, de “psique, “alma”, “mente” e lógos, “palavra”, “razão”
ou “estudo”) é a ciência que estuda o comportamento (tudo o que um
organismo faz) e os processos mentais através do comportamento. O
principal foco da psicologia se encontra no indivíduo, em geral humano.
Nietzsche ignorou ou talvez não alcançou o conhecimento de que paralela à
psicologia científica aqui tratada existe também uma psicologia do
senso comum ou quotidiana, que é o sistema de convicções transmitido
culturalmente que cada indivíduo possui a respeito de como as pessoas
funcionam, se comportam, sentem e pensam. A psicologia usa em parte o
mesmo vocabulário, que adquire assim significados diversos de acordo com
o contexto em que é usado. Assim, termos como “personalidade” ou
“depressão” têm significados diferentes na linguagem psicológica e na
linguagem quotidiana. A própria palavra “psicologia” é muitas vezes
usada na linguagem comum como sinônimo de psicoterapia e, como esta, é
muitas vezes confundida com a psicanálise.
O bem da verdade é a
história da Psicologia se confunde com a Filosofia até meados do século
XIX. Sócrates, Platão e Aristóteles deram o pontapé inicial na
investigação da alma humana. Para Sócrates (469/399 a C.) a principal
característica do ser humano era a razão – aspecto que permitiria ao
homem deixar de ser um animal irracional. Platão (427/347 a C.) –
discípulo de Sócrates, conclui que o lugar da razão no corpo humano era a
cabeça, representando fisicamente a psique. Já Aristóteles (387/322 a
C.) – discípulo de Platão – entendia corpo e mente de forma integrada, e
percebia a psique como o princípio ativo da vida.
Dessa forma, se alguém
como Nietzsche afirma que a base para a crença em Deus era puramente
psicológica, está na verdade afirmando a existência real de Deus como
parte da própria existência humana. O uso do pensamento filosófico para
argumentar a inexistência de Deus com base no argumento psicológico só
poderia resultar numa única verdade: Deus sempre existiu e ainda existe
no coração, na mente e na experiência humana.
O Ateísmo Dialético.
Norman L. Geisler em sua Enciclopédia de Apologética (Ed. Vida) diz que
houve uma forma passageira de ateísmo Dialético defendido por Thomas
Altizer que propôs que o Deus transcendente do passado morreu na
encarnação e crucificação de Cristo, e essa morte foi posteriormente
realizada nos tempos modernos.
Na década de 1960 Thomas
J. J. Altizer propagou a “morte de Deus” em nossa Era (correspondendo
ao século XX da recente época). Para isso ele criou a “morte divina” em
três estágios:
1º. A morte na
encarnação, onde, de acordo com Altizer, o próprio Deus morreu quando se
encarnou em Cristo. Segundo acredita, o céu ficou vazio, e esse Deus ao
se tornar carne, ao que parece, cometeu suicídio. 2º. A morte na cruz.
Sendo Cristo o próprio Deus acabou morrendo quando foi crucificado na
cruz. Altizer acreditava que Cristo se limitou aos poderes divinos e não
conseguiu se livrar da morte. 3º. A morte nos tempos modernos.
Finalmente Deus morreu nos tempos modernos na teologia de Thomas
Altizer. Ele morreu na consciência humana, na nossa época.
O Analfabetismo
Teológico de Thomas Altizer. O argumento ateísta de Altizer é muito mais
vexatório que o anterior exposto, tamanha é a evidencia de seu flácido
conhecimento teológico, já que o mesmo afirmou que “só o cristão sabe
que Deus está morto” (O evangelho do ateísmo cristão – Altizer, p. 25)
se comparando assim com os cristãos.
Não é difícil
identificar o limite no conhecimento de Altizer, pois de início
percebe-se que lhe falta uma exegese correta da visão trinitariana,
causando assim uma interpretação errônea de quem realmente é o Pai, o
Filho e o Espírito Santo. Altizer não alcançou o conhecimento de que
quando a Bíblia menciona a palavra “Deus” está se referindo á natureza,
essência e substancia divina das três Pessoas distintas na trindade, e
não um limite ás mesmas. Com isso é fácil o entendimento de que quando o
Verbo se fez carne, o que aconteceu não foi a subtração da divindade,
mas a adição da humanidade.
Outro erro argumentativo
de Altizer é a criação dos estágios da morte de Deus. Se Deus morreu
logo na encarnação como pode morrer novamente na crucificação? Logo,
inconscientemente, Altizer mostra a sua fé em dois princípios
doutrinários da Bíblia: 1º. Que houve uma encarnação. Sendo a encarnação
de Cristo um milagre na esfera espiritual, Thomas Altizer acreditou
nesse milagre (sem ele mesmo perceber), de acordo com seu relato. 2º.
Que houve um dia uma crucificação, o que naturalmente vai gerar a
ressurreição. Nenhum ateu pode acreditar na crucificação como realidade
cristã sem aceitar a ressurreição como fato. O mínimo que poderia dizer é
que “alguém um dia foi crucificado, não necessariamente o Cristo”.
Conclusão: O Rev. Dr.
Alderi Souza de Matos, do Instituto Presbiteriano Mackenzie, em uma de
suas contribuições literárias apresenta uma resenha traduzida, na
argumentação de Lee Strobel, intitulada “Em defesa da fé” (Ed. Vida,
2002, p.363) onde inicia dizendo que um dos maiores desafios enfrentados
pelos cristãos é a existência de certas questões espinhosas levantadas
pelos céticos que parecem pôr em cheque algumas afirmações centrais da
fé cristã. Isto vem acontecendo desde os primeiros tempos da igreja,
como comprovam tanto os documentos do Novo Testamento quanto os escritos
dos apologistas e polemistas, os defensores intelectuais do
cristianismo no 2º e no 3º séculos.
Para Dr. Alderi o mundo
contemporâneo, secularizado e pluralista, herdeiro do iluminismo e do
racionalismo, continua a fazer formidáveis questionamentos à fé cristã,
questionamentos esses que são um obstáculo para muitos descrentes e uma
fonte de incertezas para um grande número de cristãos. Essas objeções
concentram-se em torno de questões como a fidedignidade da Bíblia, a
veracidade das alegações cristãs, bem como a natureza e o caráter de
Deus.
O que propomos para o
crente fiel à Palavra de Deus e o leitor da Bíblia é fazer uma análise a
partir dos argumentos apresentados pelos céticos. Um estudo bíblico
sistemático nos principais temas da fé revelará a falta de harmonia no
argumento contrário às Verdades espirituais, e levará você ao
crescimento e edificação. Busque interpretar a Bíblia respeitando os
princípios e regradas da hermenêutica teológica. E para se manter na
correta linha de análise, comece orando à Deus.