Por Pr. Silas Figueira
Texto base Jonas 1.17, 2.1-10
INTRODUÇÃO
Jonas foi comissionado
para ir a Nínive pregar, ou, avisar que o fim daquele povo estava
próximo, pois a sua malícia havia chegado aos céus (Jn 1.2). É
interessante observar que tanto o bem, quanto o mal que uma pessoa ou
mesmo uma nação pratica - e isso independentemente se ser cristã ou não -
sobe até aos céus. A Bíblia nos dá vários exemplos disso. Por exemplo,
Amós denuncia o pecado de seis nações gentílicas antes de pronunciar
julgamento sobre Judá e Israel, ou seja, o pecado não fica impune diante
de Deus. Como disse o apóstolo Paulo aos Colossenses 3.25: "pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas".
Por isso, eu gostaria de
destacar aqui, em nível de introdução, que tanto a maldade quanto a
bondade que uma pessoa pratica chega até aos céus, mesmo de quem não
conhece a Deus. A maldade de Nínive, por exemplo, havia chegado aos
céus, mas a bondade do centurião Cornélio também (At 10.1-4). Em ambos
os casos o Senhor enviou pessoas para pregar a palavra de salvação,
dando assim a oportunidade para o arrependimento.
Para Nínive o Senhor
envia Jonas. Para casa de Cornélio o Senhor envia Pedro. Pedro está em
Jope, quando tem uma revelação de Deus, e em obediência a palavra do
Senhor vai à casa de Cornélio. Jonas quando chega a Jope pega um navio
que ia para Társis em desobediência a ordem do Senhor.
Na casa de Cornélio
todos se convertem ao Senhor, no navio em que se encontrava Jonas também
houve conversão em massa - não porque Jonas prega a palavra de
arrependimento, mas por ter falado a verdade a cerca de Deus e de ser
ele o causador da tempestade. Pedro retorna da casa de Cornélio e
explica a Igreja de Jerusalém o que o Senhor havia feito na casa de um
gentio; no entanto, após a conversão dos marinheiros, Jonas pede para
ser lançado ao mar. Quanta diferença entre esses dois servos de Deus.
Ordens iguais - ir aos gentios. Reações diferentes diante dessa ordem.
Um se alegra com a conversão dos gentios, o outro continua obstinado em
não obedecer a Deus.
Voltemos a nossa atenção
a Jonas. Jonas ao se ver responsável por aquele mal, pede para ser
lançado ao mar (Jn 1.12), pois para ele a morte era melhor que ir a
Nínive. Ele reconhece que é o responsável pelo o que estava acontecendo,
mas mesmo assim não se arrepende. Jonas é um homem obstinado em dizer
não para Deus. Como se pudéssemos fazer isso. Como escreveu Paulo aos
Romanos: "Pois quem jamais resistiu a Sua vontade?" (Rm 9.19b). Deus é soberano, e o que Ele determinou há de se cumprir. Jonas, no entanto, não havia aprendido isso ainda.
Olhando esse ocorrido na vida de Jonas, podemos aprender algumas lições importantes para nossa vida.
1 - A primeira lição
que aprendo é que muitas vezes, quando estamos longe do Senhor, Ele
permite que sejamos tragados pela calamidade (Jn 1.17).
Jonas havia desistido de
Deus e de sua missão, mas Deus não havia desistido de Jonas, e muito
menos do projeto que tinha para ele. Tanto que quando Jonas é lançado ao
mar, para que ele não morresse afogado, o Senhor envia o grande peixe
para engoli-lo e lhe salvar a vida. Jonas, certamente, pensou que agora
era o seu fim, mas era apenas o começo do que o Senhor queria fazer com
ele.
Jonas foi tragado pelo
grande peixe e ficou três dias e três noites em seu ventre. Muitas
pessoas pensam que essa passagem bíblica é uma lenda e não um fato real.
No entanto, essa passagem foi confirmada pelo próprio Senhor Jesus como
simbolizando a Sua morte e ressurreição (Mt 12.40). Aquele que enviou o
grande peixe para engolir Jonas confirma esse fato em Seu próprio
ministério. Esse ocorrido na vida de Jonas não foi obra do acaso. Jonas
foi tragado pelo grande peixe por ordem expressa de Deus. O Senhor havia
dado uma ordem a Jonas e ele não tinha como fugir daquilo que o Senhor
lhe havia ordenado. Jonas tinha uma missão e o Senhor não deixaria de
cumpri-la porque o profeta estava fazendo "piegas" para Deus; nem que
para isso a natureza fosse envolvida.
Entenda uma coisa meu
irmão e minha irmã, as adversidades da vida são pedagógicas,
principalmente se estivermos na contramão de Deus. Como disse o salmista
no Salmo 119.71: "Foi-me bom ter passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos".
Na escola da aflição descobrimos que o Senhor nos ama mais do que
possamos imaginar, pois muitas vezes a aflição é que nos mantém vivos em
Sua presença.
Há um texto em Oséias 2.14, 15 que nos diz assim: "Portanto,
eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao
coração. E lhe darei, dali, as suas vinhas e o vale de Acor por porta de
esperança...". Com o Senhor, mesmo na crise, Ele está nos
abençoando. Aqui, nesse texto de Oséias, o vale de Acor - Acor quer
dizer desespero. Este foi o lugar onde os Israelitas perderam a batalha
contra a cidade de Ai, por causa do pecado de Acã (Js 7.24-26). O
deserto se transforma em um lugar produtivo e o desespero se transforma
em esperança, pois o Senhor é o nosso amparo em todo o tempo.
Jonas, quando estava
dentro do grande peixe, não podia imaginar que era o grande amor de Deus
por ele que estava permitindo tudo aquilo. Talvez você esteja se
sentindo assim como Jonas, sufocado pelas adversidades; quero lhe dar
dois conselhos. Primeiro, reavalie a sua vida com Deus e veja se você
não está andando na contramão de Deus, e o segundo conselho, se estiver
andando na contramão, volte para Ele, pois o que está acontecendo com
você é a boa mão do Senhor lhe chamando ao arrependimento.
2 - A segunda lição que aprendo aqui, é que na angústia aprendemos a orar (Jn 2.1, 2, 7).
Dentro do grande peixe
Jonas ora. A sua apatia começa a ser tratada dentro do grande peixe.
Observe que ele não ora para fugir de Deus. Não ora quando compra a
passagem para Társis. Não ora quando vai dormir no porão do navio. Não
ora nem quando lhe pedem para orar e não ora quando é lançado ao mar. No
entanto, de dentro do grande peixe Jonas ora. Embora não sabemos se ele
ora no primeiro, no segundo ou só no terceiro dia, mas uma nós coisa
sabemos, Jonas se lembra de Deus e ora. É interessante observar que o
mesmo Jonas que tenta fugir da presença de Deus sem oração, agora, se
entrega a ela. Agora ele clama ao Senhor!
"Na minha angústia, clamei ao Senhor..."
(Jn 2.2a). Somente na angústia foi que Jonas se lembrou de orar. Mas
foi nesse momento de grande angústia que Jonas descobre que mesmo
andando na contramão de Deus, Ele ainda o ouve. Como é bom saber que
somos salvos não pelos nossos méritos, mas pela infinita misericórdia do
nosso Deus. Somos salvos mediante a graça, e somente por ela.
Observe o que ele nos diz: "Na minha angústia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do abismo, gritei, e tu me ouviste a voz" (Jn 2.2). Jonas vê na prática o que o Senhor falou a Salomão quando o templo foi consagrado:
"Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me
buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos
céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra." (2Cr 7.14).
Jonas descobre que "a mão do Senhor não está encolhida, para que não
possa salvar; nem surdo os seus ouvidos, para não poder ouvir" (Is
59.1).
Como nos diz o Salmo 139.7, 8: "Para
onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se
subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo,
lá estás também". Talvez você esteja se sentindo no mais profundo
abismo, se sentindo totalmente só, se vendo cercado pelas trevas, mas
saiba que o Senhor está mais próximo do que você possa imaginar. Clame
ao Senhor que Ele está pronto a ouvir o clamor de seus lábios. Como nos
fala Davi no Salmo 51.17: "Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus". E como nos fala Asafe no Salmo 50.15: "Invoca-me no dia da angústia; e eu te livrarei, e tu me glorificarás".
O Senhor está pronto a ouvir o seu clamor. Aleluia!
3 - A terceira lição que aprendo aqui, que o Senhor corrige a quem Ele ama (Jn 2.3).
Jonas tinha plena
consciência de que tudo aquilo que estava lhe acontecendo provinha de
Deus. Jonas não culpou os marinheiros por terem lhe lançado ao mar, mas
ele entendeu que foi o próprio Deus que fizera isso. Infelizmente,
existem muitas pessoas que por não entenderem o amor de Deus culpam as
pessoas e até mesmo o diabo pelas lutas que estão enfrentando. Duas
coisas que creio que são necessárias em nossas vidas, uma é o
discernimento espiritual e a outra é a maturidade espiritual.
Discernimento e maturidade espiritual devem andar de mãos dadas.
Por falta dessas duas
coisas básicas, muitas pessoas veem o diabo em tudo, e se sentem
perseguidas pelas pessoas, se veem como vítimas o tempo todo. Muitas
pessoas são criadoras de tempestades e não se dão conta disso. Assim
como um pai corrige os seus filhos, da mesma forma o Senhor corrige a
cada um de nós também. Somos seus filhos, e na condição de filhos Ele
procura nos disciplinar para deixarmos a seu tempo a imaturidade. Como
disse Paulo em 1Co 13.11: “Quando eu era menino, falava como menino,
sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem,
desisti das coisas próprias de menino”.
O autor de Hebreus nos fala disso de forma muito clara quando nos diz: "Filho
meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando
por ele é reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo
filho a quem recebe. É para a disciplina que perseverais (Deus vos trata
como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais
sem correção, de que todos têm tornado participantes, logo, sois
bastardos e não filhos. Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a
carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em
muito maior submissão ao Pai espiritual e, então viveremos? Pois eles
nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém,
nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da
sua santidade. Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser
motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto
pacífico aos que têm sido por ela exercidos, fruto de justiça" (Hb 12.5-11).
Na condição de filho,
Jonas estava sendo disciplinado. Estava passando pelo açoite divino para
o seu crescimento espiritual. Assim como Judá foi corrigido pelo Senhor
quando Ele lhes enviou para a Babilônia, e lhes enviou uma carta
através de Jeremias, dizendo-lhes: "Eu é que sei que pensamentos
tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal,
para vos dar o fim que desejais. Então, me invocareis, passareis a orar a
mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes
de todo o vosso coração" (Jr 29.11-13).
A disciplina de Deus,
mais uma vez afirmamos, é prova do seu amor por nós. O texto de Jeremias
nos deixa claro isto. Quando o Senhor nos corrige é para nos trazer de
volta para o caminho da obediência. Assim como o Senhor fez com Jonas,
Ele faz conosco também.
4 - A quarta lição que aprendo aqui, que quando estamos passando pela angústia valorizamos mais a Deus (Jn 2.4).
Jonas foge de Deus e,
agora, dentro do grande peixe se lamenta por ter sido lançado da
presença do Senhor. Jonas está valorizando o que realmente tem valor em
nossa vida: a presença do Senhor.
Os gregos diziam que
"quando os deuses queriam castigar os homens lhes davam o que eles
queriam". Jonas quis fugir de Deus, e o Senhor permitiu que isso
ocorresse com o profeta. Jonas então experimentou o que é estar longe de
Deus. E longe de Deus é o pior lugar para nós estarmos.
Jonas foge de Deus para
não fazer a Sua vontade, mas para fazer a dele próprio. Quando eu ponho
meus interesses pessoais acima dos interesses de Deus isso é pecado. E o
salário do pecado é a morte, como nos fala Paulo em Rm 6.23. O pecado
nos lança fora da presença de Deus. É impossível vivermos em pecado e em
comunhão com Deus ao mesmo tempo. Ou nossa comunhão com Deus nos afasta
do pecado ou o pecado nos afastará da comunhão com Deus.
Mas assim, como o filho
pródigo se lembrou do pai, da mesma forma o profeta Jonas se lembrou do
Pai. Observe que ele se lamenta por estar longe de Deus e se tornará a
ver o Seu santo templo. O templo simbolizava a presença do Senhor e era
lá que os pecados, através dos sacrifícios diários, eram expiados. O
templo era lugar de comunhão com Deus. Jonas, agora, anseia por esta
comunhão novamente.
Deus, muitas vezes, nos
deixa passar pelo vale da sombra da morte, como nos fala o salmo 23,
para entendermos que ao Seu lado há vida e alegria. E para realmente
valorizarmos a Sua presença em nossas vidas.
5 - Quinta coisa que
aprendo aqui é que quando estamos em profunda angústia e ânsia da morte,
a misericórdia de Deus nos alcança (Jn 2.5, 6).
Jonas se vê em um
profundo abismo. Jonas havia chegado ao fundo do poço; ele estava vendo a
morte de perto e não tinha como sair, só um milagre poderia tirá-lo de
lá.
A história de um milagre
No dia 12 de maio de
2008, uma segunda-feira, um terremoto de 8 graus de magnitude atingiu a
província de Sichuan, no sudoeste do país. Este foi o mais violento
terremoto registrado em várias décadas. Cerca de 90 mil mortos e
desaparecidos, entre eles diversas crianças que foram soterradas sob os
escombros de escolas mal construídas.
Um menino de 9 anos
chamado Lin Hao foi o maior herói do terremoto de Sichuan. Ele salvou um
amigo dos escombros e quando carregava o segundo foi atingido na
cabeça. O menino não aceitou ser socorrido até ver o resgate da irmã e
caminhou por sete horas ao encontro dos pais.
Lin Hao ainda fez mais,
nas duas horas que passou soterrado, incentivou os colegas de classe a
cantar, para que os bombeiros pudessem ouvir. Poucas vezes uma canção
mereceu tantos aplausos.
Na cerimônia de abertura
das Olimpíadas de Pequim na China, o menino entrou ao lado do jogador
de basquete Yao Ming, de 2, 29 m. Este menino fez o mundo se perguntar:
qual era o verdadeiro gigante.
Bom é não dependermos de
milagre, mas se precisarmos a boa mão de Deus estará estendida para
realizá-lo. E muitas vezes, Ele irá usar aquilo que aparentemente não
tem como nos socorrer para nos socorrer.
Jonas precisava de um
milagre e o alcançou. Talvez você esteja precisando de um milagre
também, então saiba que o Senhor pode realizá-lo hoje em sua vida. Como
disse Jonas você poderá dizer também: "Desci até os fundamentos dos
montes, desci até à terra, cujos ferrolhos se correram sobre mim, para
sempre; contudo, fizeste subir da sepultura a minha vida, ó Senhor, meu
Deus!"
Jonas descobriu que mais
profundo que qualquer abismo é a misericórdia do Senhor. Não há abismo
tão grande que a graça do nosso Deus não nos possa alcançar.
6 - Sexta lição que aprendo aqui, que a obstinação de Jonas não passava de idolatria (Jn 2.8).
Qual é a definição de obstinado - característica do que ou de quem persiste; que possui persistência; firme.
No caso de Jonas, uma
pessoa que defende sua opinião, ou causa, de forma veemente. E quando as
nossas opiniões estão acima da vontade de Deus isso é idolatria. Por
quê? Porque o que vale é o que eu penso e não o que Deus pensa. Se Ele
pensa igual a mim, tudo bem, mas se Ele pensa diferente de mim aí quem
precisa mudar de opinião é Ele.
Observe que Jonas amava
mais Israel que a Deus e seu ódio pela Assíria também era maior que seu
amor por Deus. Jonas tinha um nacionalismo que chegava as raias da
idolatria. Esse nacionalismo havia se tornado um ídolo em sua vida,
tanto que ele opta por desobedecer a ordem de Deus.
No entanto, Jonas quando
se viu dentro do grande peixe caiu em si, assim como o filho pródigo
caiu em si quando perdeu todo dinheiro e teve que cuidar de porcos. Ao
cair em si, Jonas passa a assumir a sua própria idolatria. Ele não só
era idólatra como estava totalmente apático a sua fé. Observe que os
marinheiros demonstravam fervorosidade aos seus deuses, Jonas, no
entanto, estava apático.
Foi a partir de dentro
do grande peixe que Jonas começa recuperar a sua saúde espiritual, pois,
a partir desse momento, ele reconhece que havia abandonado o Senhor que
lhe era misericordioso. Jonas reconhece que quem se entrega a idolatria
é uma pessoa ingrata. E ele se vê assim.
Muitas vezes o Senhor
permite que passemos pela aflição para reconhecermos verdadeiramente a
nossa condição espiritual. Quantas vezes começamos a nos tornar
idólatras sem percebermos isso. Quantas vezes nos pegamos amando mais as
bênçãos de Deus que o abençoador. A idolatria é muito sutil e perigosa e
se nós não vigiarmos estaremos na mesma condição de Jonas.
Muitas vezes, por amor a
nós, o Senhor nos coloca a prova só para voltarmos para o caminho
certo. Isso me faz lembrar a prova que Abraão passou. Em Gn 22 nos diz
que o Senhor colocou Abraão a prova lhe pedindo seu filho Isaque em
sacrifício. Diz-nos a Bíblia que Abraão não discutiu com Deus, mas
obedeceu, pois segundo o autor de Hebreus, Abraão cria que o Senhor era
poderoso para ressuscitar o seu filho (Hb 11.17-19). Ao escolhermos a
bênção ou o abençoador saberemos se somos idólatras ou não. É isso que
define a nossa condição espiritual diante de Deus. O que tem valor para
nós afinal de contas?
7 - A sétima lição que aprendo aqui, que não podemos desperdiçar as oportunidades que o Senhor nos dá (Jn 2.9, 10).
Jonas faz votos e promete que irá cumpri-los se o Senhor lhe der uma segunda chance.
Jonas dentro do grande
peixe tem uma das maiores experiências com Deus. Jonas é renovado na sua
fé. O avivamento começa no coração de Jonas antes de atingir os
moradores de Nínive.
E esse avivamento é expresso de quatro formas:
Em primeiro lugar, através do agradecimento.
Por ver que longe de Deus a vida não tem sentido e ver que o seu
coração fora curado da idolatria ele é grato a Deus. Jonas estava sendo
grato a Deus não por estar fora do ventre do grande peixe, mas por ter
descoberto o amor de Deus. Sentir que Deus nos ama quando tudo nos vai
bem é uma coisa, mas se sentir amado por Deus quando tudo nos ai mal é
outra coisa.
Um bom exemplo de gratidão de Joni Eareckson Tada.
Depois de 47 anos
vivendo com paralisia e, recentemente, descobrindo que ela agora tem
câncer de mama, Joni Eareckson Tada permanece em sorrisos.
Em 1967, na época com 17
anos, ela e sua irmã foram mergulhar. Foi um mergulho imprudente em
águas rasas que deixou-a tetraplégica.
Ela afirmou em seu vídeo
mensagem que ela e seu marido, Ken Tada, estão “absolutamente
convencidos” que Deus está indo fazer do câncer “algo grande” através do
ministério de Joni e Amigos. Além disso, ela está agora apta a
simpatizar e viajar juntamente com as pessoas que não estão somente em
dificuldades de deficiência, mas também com câncer.
Tada assegurou que ela
não será “sacudida” pelo câncer, mas irá continuar a confiar em Deus
como sua rocha e fortaleza. “Eu quero dizer, que eu não passei 47 anos
de tetraparalisia, para ser sacudida por esta notícia, certo?” disse
ela.
Em uma entrevista ela
disse: “O Senhor é um Deus de grande generosidade e enorme misericórdia,
de modo que permite o curso do sofrimento. Ele não o detém até que haja
mais tempo para amealhar mais pessoas para o aprisco da comunhão de
Cristo”.
Quantos de nós, por
muito menos, reclamam da vida e até pensam em desistir de tudo. Por
isso, devemos fazer como o profeta Jeremias que disse: “Quero trazer à
memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do SENHOR são a
causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm
fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade”. Lm 3.21-23.
Em segundo lugar, através da oferta de sacrifício.
Ele se lembra de que através dos sacrifícios diários o Senhor era
louvado todos os dias no templo. E ele, se tiver outra oportunidade,
quer oferecer sacrifícios ao Senhor em Seu templo novamente.
Em terceiro lugar,
pagamento dos votos. Jonas reconhece que quebrou a sua promessa ao fugir
para longe do Senhor. Mas agora ele quer ir até o fim com sua palavra.
Como nos diz o salmista no Salmo 116.12-14: "Que darei ao Senhor por
todos os seus benefícios para comigo? Tomarei o cálice da salvação e
invocarei o nome do Senhor. Cumprirei os meus votos ao Senhor, na
presença de todo o seu povo".
Em quarto lugar, o
reconhecimento da salvação divina. Jonas diz que "ao Senhor pertence a
salvação". Aliás, este é o tema central do seu livro. A salvação
pertence ao Senhor, tanto de Judeus quanto de gentios. A salvação não
pertence a um povo somente. Vemos isto quando lemos Apocalipse 7.9, 10: "Depois
destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de
todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e
diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos;
e clamavam em grade voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no
trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação".
Jonas não podia
salvar-se a si mesmo. Deus, porém, milagrosamente o salva. O grande
peixe o vomita na terra. Quando Deus fala tudo lhe obedece, o único que
ousou desobedecer a Deus foi o profeta Jonas. A salvação não é resultado
do que fazemos para Deus, mas do que Deus fez para nós.
CONCLUSÃO
Esse episódio na vida de
Jonas nos leva a refletir se nós não estamos tão obstinados em nossos
desejos e vontades que estamos nos afastando de Deus para não fazermos a
Sua vontade; e que esta sim tem sido a nossa real adoração. Por isso o
Senhor nos lança para dentro de densas trevas, não para nos destruir,
mas para nos trazer a lucidez perdida e a saúde espiritual.
Se você se sente assim
em densas trevas, reavalie a sua condição espiritual e veja se você não
está longe de Deus, agindo como um idólatra e completamente obstinado
por aquilo que não pertence a Deus.
Eu louvo a Deus que não
desiste dos seus, mas pelo contrário, se for preciso nos lança dentro do
grande peixe para nos trazer de volta para Ele.
Que o Senhor nos abençoe!