Por Maurício Zágari
Se o Diabo tivesse um
livro sagrado, acredito que nele haveria um versículo que diria: “Não
deixe para amanhã o que você pode fazer… depois de amanhã”. Digo isso
porque o ser humano tem uma forte tendência a empurrar com a barriga
decisões importantes que precisa tomar – o que, em se tratando de vida
espiritual, é muito prejudicial. Por isso, devemos refletir e nos
disciplinar para mudar essa estranha atração que temos pelo “deixar para
depois”. A procrastinação (o ato de adiar ações ou decisões) torna-se,
assim, um mal a ser combatido. Se você percebe que, na lista da sua
vida, há mais itens na coluna das “coisas a fazer” do que na de “dever
cumprido” é hora de acender a luz vermelha e tomar alguma atitude para
reverter essa situação.
Claro que cada pessoa
sabe em que precisa melhorar. Mas existem áreas de nossa vida em que o
problema é mais comum e, por isso, merecem mais atenção.
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O grande mal de nossa
época é a falta de amor ao próximo. Não é por acaso que o primeiro campo
em que estamos sempre procrastinando é no exercício do amor – nas suas
mais variadas formas. Existem multidões de pessoas ao nosso redor, na
igreja e fora dela, que estão solitárias, carentes, tristes, deprimidas,
infelizes, à espera de alguém que se aproxime com uma palavra amiga, um
ombro acolhedor ou, simplesmente, com presença e calor humano. Nós,
filhos de uma era em que só cuidamos de nós mesmos e, no máximo, de
nossa família, fechamos os olhos a elas. Sabemos que existem, vemos seu
semblante abatido, mas… o que fazemos por essas tristes almas? Ou
delegamos a outras pessoas a tarefa de amá-las ou deixamos para depois
tudo aquilo que poderíamos fazer por elas mas não fazemos. “Amarás,
pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de
todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo.” (Mc 12.30-31). Temos cumprido esse
mandamento? Se você estivesse mal, precisando de amor, gostaria que o
próximo ficasse adiando o momento de vir até você para abraçá-lo e
perguntar: “Onde dói a tua dor?”. Então o que você está esperando para
começar a amar o próximo de fato e não só de boca?
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Outra área em que
falhamos de forma atroz é no compartilhar o amor de Deus. Estou falando
de evangelismo. E esqueça aquele imagem de pessoas nas ruas abordando
outras com folhetos nas mãos, essa é apenas uma das formas de
evangelizar e nem de longe é a mais eficiente. Não existe nenhuma outra
maneira mais eficaz de pregar o evangelho do que a proclamação do amor
de Cristo junto àqueles que convivem conosco, no dia a dia, na
convivência pessoal. Mas, seja por vergonha, seja por crer que há ainda
tempo de sobra, seja por que razões for, aqueles que receberam a ordem
de ir, fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas
que Jesus nos ordenou (Mt 18.19-20)… simplesmente a ignoram. E, assim,
por culpa de nosso espírito procrastinador, deixamos de cumprir a grande
comissão. O problema é que, se não pregarmos, meu irmão, minha irmã,
muitos irão para o inferno.
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Procrastinamos não só
ações de evangelismo, mas também projetos de edificação no nosso
próximo. De que forma você gostaria de contribuir para abençoar o Corpo
de Cristo e os não cristãos? Visitando orfanatos? Indo a casas de
repouso? Criando um blog na internet? Escrevendo um livro? Ensinando?
Intercedendo? Voluntariado-se em alguma instituição filantrópica?
Alimentando quem tem fome e saciando quem tem sede? Apadrinhando uma
criança pela Visão Mundial? Construindo casas para os desabrigados?
Como, afinal? Se você tem planos, sonhos ou vontades nessa área… o que
está esperando? O próximo precisa de você hoje, não depois de amanhã.
“Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de
meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e
me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me
vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me” (Mt
25.34-36).
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Procrastinamos, ainda, o
abandono dos pecados. Sabemos que estamos errados, o Espírito Santo nos
incomoda diariamente, mas agimos como se disséssemos a Deus: “Senhor,
me deixa pecar só mais um pouquinho, vai. Tá tão bom, amanhã eu me
arrependo, peço perdão e deixo, tem tempo…”. O pecado é como um leão que
devora a nossa alma constantemente, um pedaço por vez. Imagine a dor e o
dano que provoca uma fera arrancando pedaços de você a cada dia. Mas
procrastinar o abandono do pecado é como se pensássemos “Deixa esse leão
comer mais um pouquinho do meu fígado, amanhã eu tento afastá-lo”.
Chega a ser surreal cogitar isso. Mas é exatamente o que fazemos quanto
ao pecado. O perigo é adiarmos tanto a expulsão dessa besta que, daqui a
pouco, não sobrará nada da nossa carne – e sabe o que é um ser humano
sem carne? Um cadáver. Jesus disse: “Se eu não viera, nem lhes houvera
falado, pecado não teriam; mas, agora, não têm desculpa do seu pecado”
(Jo 15.22). Até quando você vai continuar escravizado por pecados
recorrentes e adiar o abandono das suas transgressões?
Também
procrastinamos o estudo das coisas de Deus. Queremos servir Jesus,
amamos o Senhor, mas deixamos sempre para algum dia o aprofundamento na
compreensão acerca de quem ele é, de qual é a sua ética e montes de
informações que nos fariam cristãos mais maduros e íntimos de Cristo.
Mas procrastinamos nossa entrada no seminário; deixamos sempre para o
ano seguinte o plano de ler a Bíblia inteira; acumulamos pilhas de
livros cristãos em cima do móvel. na expectativa de começar a ler no dia
seguinte… estamos sempre priorizando outras atividades e deixamos o
estudo das coisas concernentes a Deus para um futuro que nunca chega.
Uma
das atitudes mais destrutivas espiritualmente é a hostilidade entre
irmãos. A gravidade desse mal não está somente em seu poder destruidor,
mas em sua frequência entre nós. Irmãos em Cristo se ofendem, se
agridem, se prejudicam, fazem o mal uns aos outros e fica tudo por isso
mesmo. Seja por orgulho, seja por um entendimento errado acerca do
perdão, seja por que razão for, muitos de nós criam barreiras entre si e
vivem deixando para depois o ato de pedir perdão a quem ofendeu ou de
perdoar quem o ofendeu. “Se você estiver apresentando sua oferta diante
do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe
sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu
irmão; depois volte e apresente sua oferta” (Mt 5.23-24).Honestamente:
qual de nós verdadeiramente faz isso de imediato? Adiar a reconciliação
pode ter efeitos drásticos: “Se perdoarem as ofensas uns dos outros, o
Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros,
o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas” (Mt 6.14-15).
Mais
uma área em que a procrastinação ocorre de forma espiritualmente
prejudicial é na vida daqueles que foram chamados pela voz da graça,
viveram em comunhão com o Senhor e, por alguma razão, se afastaram.
Imersos nos prazeres deste mundo, nunca deixaram de saber a verdade, de
ouvir a voz do Espírito Santo e de ter – lá no fundo – a convicção de
que um dia retornariam ao aprisco do Bom Pastor. Mas ficam adiando,
adiando, adiando e, nessa procrastinação, seguem distantes de Jesus. A
quem procede assim, “Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua
alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20). Jesus, aliás,
foi bem enfático ao tratar deste ponto. Quando um jovem o abordou com a
proposta de procrastinar sua adesão à causa de Cristo, veja o que
ocorreu: “Outro discípulo lhe disse: ‘Senhor, deixa-me ir primeiro
sepultar meu pai’. Mas Jesus lhe disse: ‘Siga-me, e deixe que os mortos
sepultem os seus próprios mortos’.” (Mt 8.21-22).
Esses são apenas alguns
exemplos de áreas comuns em que os cristãos têm o hábito de
procrastinar. Há muitas outras e convido você a refletir sobre isto: o
que você tem adiado em sua vida e que tem prejudicado sua caminhada com
Cristo? Seja o que for, procrastinar é uma atitude que pode destruir
almas, afastar pessoas de Jesus, nos manter na ignorância sobre as
coisas de Deus, deixar vidas em ruínas e… e tudo mais que há de pior na
vida espiritual de uma pessoa. É uma atitude humana, mas que age com o
poder destruidor de um demônio furioso. Reflita que benefícios e que
malefícios esses constantes adiamentos têm provocado.
“A esperança que se adia
faz adoecer o coração, mas o desejo cumprido é árvore de vida” (Pv
13.12). O desejo de Deus é que você não adie aquilo que é importante
para ele. Será que você cumprirá o desejo do seu Senhor?
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício