Por Antônio Pereira Jr.
“Coisa espantosa e horrenda se anda
fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes
dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém, que
fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?” Jeremias 5.30-31. Leia
ainda Jeremias 23.9-33; 28.1-4; Ezequiel 13 e 14.
Você já ouviu falar de Hans Christian
Andersen (1805 – 1875), autor de inúmeros contos infanto-juvenis? Não?
Ele escreveu “A Roupa Nova do Imperador”, você lembra dessa história?
Não? Tudo bem, eu sei que faz tempo que você deixou de ler histórias
infantis. Vou tentar refrescar a sua memória. A história é mais ou menos
esta:
Há muitos anos havia um Imperador que
era apaixonado por roupas novas e gastava todo o dinheiro que possuía
com elas. Tinha um traje para cada hora do dia. Certo dia chegou a sua
província dois vigaristas. Fingiram-se de tecelões e disseram que
possuíam um tecido especial. Esse tecido possuía a qualidade de ser
invisível a todos que não seriam capazes de exercer as suas funções.
Como também, distinguia os tolos dos inteligentes. Logo, o imperador
entregou-lhes muitas sedas e ouro para a confecção do traje. Os
vigaristas guardavam todo o material e sempre pediam mais ao monarca. No
entanto, nem um só fio era colocado no tear, embora eles fingissem
continuar trabalhando apressadamente. O Imperador mandou súditos para
examinarem a roupa, e ele, embora não vendo nada, temiam relatar o que
estava acontecendo, para não serem tachados de tolos e incapazes de
exercerem as suas funções.
Sempre diziam: “Que traje maravilhoso, é
de uma beleza fenomenal”. Quando ficou pronta o imperador foi
participar de um cortejo onde queria exibir sua mais nova roupa – já que
em toda a província a fama do suposto tecido havia se espalhado. De
repente, alguém grita: “O imperador está sem roupa!” Houve o maior
frisson no império. Só ai o monarca percebeu o quão tolo havia sido.
Mas o que isso tem a ver com a igreja
brasileira? Há muito que aprender com esse conto. Muitas das inovações
no seio da eclesiologia brasileira não passam de histórias fantasiosas.
Seria até cômica se não fossem trágicas. Há muitas heresias e
“espiritualismo” travestido de roupa nova. Vigaristas da fé estão
espalhados aos borbotões. Pessoas, até mesmo sinceras, dizem estar vendo
algo que não existe. Prega-se uma “espiritualidade sensitiva”, onde o
sentir é mais importante que o saber. Isso é espantoso, é horrendo.
Jó disse: “bem sei eu que tudo podes, e
que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. – 42.2. Bem sei (hb
yada‘), ou seja, conhecer por experiência, perceber, ver, descobrir e
discernir. Infelizmente, os cristãos, hoje, não querem saber, querem
sentir. Muitos, a semelhança dos súditos, continuam dizendo: “Que traje
maravilhoso, é de uma beleza fenomenal”. O povo quer espetáculo? Vamos
dá espetáculo! Como nos diria Jeremias: “… profetizam falsamente”.
Prometem o que não podem cumprir.
Precisamos usar de honestidade
ministerial. As tentações para transformar o nosso culto em “roupas
novas” são muitas. Afinal, “… é o que deseja o meu povo”; diz o Senhor.
Precisamos parar de ver espiritualidade onde, na realidade, só há
carnalidade e culto narcisista. Deus é o único que merece toda a nossa
honra, glória, louvor e adoração.
Quando Ele mandar, falemos, mas, se não
mandar, é melhor ficar calado, pois seria muito perigoso desobedecer ao
Senhor. Lembrem-se, somos embaixadores e como tal não podemos falar o
que não nos foi ordenado – 2Co 5.20. Prefiro ser sincero com Deus e com
as pessoas ao invés de “ver” o que os “sábios” e “inteligentes” querem.
Não proclamemos o que Deus não mandou. “Disse-lhes Jesus: Se fôsseis
cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o
vosso pecado permanece”. – Jo 9.41. Finalmente, o Senhor nos alerta: “…
que fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?” Sola Gratia!
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