Sempre entendi que um
darwinista baseia todas as suas convicções e conceitos não na ciência,
muito menos na comprovação científica ou empirismo, mas na falsa
premissa da não existência de Deus.
O que os move não é o
conhecimento científico, nem as descobertas que “poderiam” apontar para a
não existência de Deus, mas o contrário, eles direcionam e acomodam a
ciência para dentro do seu escopo filosófico, o qual se evidencia
metodologicamente corrompido pela forma como se manipulam, burlam,
gerenciam as informações a fim de se ratificar o pressuposto filosófico
da não existência de Deus.
A ciência torna-se
apenas o veículo para a corroboração da crença na descrença; o meio pelo
qual eles dão vazão aos seus pressupostos através da falsa ideia de que
estão à procura da razão e da verdade; quando a ciência transforma-se
no meio de propagação doutrinária, a despeito do seu apelo
pseudo-racional querer excluir a fé, quando, na verdade, ela está
arraigada na fé. É o discurso panfletário idealizando-se
anti-panfletário, como se fosse possível condenar o proselitismo
religioso usando-se do proselitismo para difundir o materialismo, uma
nova religião tão ou mais radical como nenhuma outra já foi.
No fundo, o cético faz
da ciência e de si mesmo os seus “deuses”; esses são os elementos
forjadores da cosmovisão materialista, e ao rejeitarem o Criador
simplesmente o substituem por Suas criaturas [sim, a ciência não é
criação humana, mas parte da criação divina, assim como o homem]. É o
que Paulo alerta: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos… Pois mudaram a
verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do
que o Criador, que é bendito eternamente. Amém” [Rm 1.22, 25]. Na
verdade, esse trecho da Escritura explica muito bem o que acontece
atualmente: o homem se entregando à pregação, ao discurso, em favor do
autonomismo, e assim excluí-se o teocentrismo para, em seu lugar, erguer
altares antropocêntricos.
Em suas argumentações e
sofismas, os crédulos ateus utilizam-se do fato da ciência não ser
neutra para contaminá-la com sua filosofia naturalista, e assim dizer
que agem em neutralidade. Parecendo racionais são levianos, e forçam até
a exaustão o rótulo de inconsistentes, místicos e preconceituosos aos
outros crédulos [em especial, os cristãos] quando suas concepções estão
viciadas exatamente pela inconsistência, pelo misticismo, preconceitos e
uma metodologia completamente corrompida. Verdadeiramente os
naturalistas não estão a serviço da ciência, mas servem-se dela para
atingir seus objetivos; usam-na como “ambiente” para disseminar e
estabelecer seus dogmas. Em sua maioria são tão fundamentalistas como os
fundamentalistas que atacam e execram, pois não estão dispostos ao
diálogo, mas à doutrinação mais agressiva que se possa estabelecer e
exercitar, e ela começa pelo pressuposto de desqualificar e rejeitar
qualquer premissa que não seja igual a “Deus não existe” [não que haja
algum benefício em dialogar com eles, pois se encontram de tal maneira
presos em seu círculo vicioso que a menor hipótese de liberdade
intelectual parecem-lhes pior do que o ferrolho a prender-lhes pés e
mãos].
Afinal, quem é mais crédulo? O crente ou o ateu?
É interessante que o
“novo ateísmo”[1] proclama a liberdade do homem de todas as formas de
opressão religiosa, e o faça direcionando-o explicitamente ao
materialismo filosófico, como única e última opção. Ou seja, prega-se
uma “libertação”, mas essa libertação somente existirá se o liberto
tornar-se ateu. Não é interessante? Quer dizer que para se ser livre o
homem somente o será se a liberdade o levar ao âmago do sistema ateísta?
E até onde será possível ir em defesa dessa liberdade? Como reagirão
diante daqueles que se recusarem a aceitá-la? Os neo-ateístas não
estarão revivendo tudo aquilo que dizem combater, mas que é bem possível
repetir em nome da sua fé? Ao final, o que teremos serão homens
enjaulados, sem sequer uma réstia de luz.
Esse método se
assemelha, ou melhor, é idêntico ao discurso marxista. Ao livrar o homem
do capitalismo, fatalmente a única opção passa a ser o comunismo. O
homem é livre para escolher o comunismo, e tão somente ele; e, chegando
lá, estará invariavelmente aprisionado ao sistema, sem nenhuma chance de
volta ou outra opção de escolha. A menos que se auto-imploda por
ineficiência ou fragilidade, por sua própria inexiquilidade. Em nada é
diferente da liberdade que bois e porcos têm no “corredor da morte” em
direção ao matadouro. Não há escolha nem salvação. Essa é a liberdade do
ateísmo e do marxismo… Mais uma mentira vergonhosa, em que o homem está
preso pela suposta liberdade de querer se manter preso.
Por exemplo, Richard
Dawkins[2] propõe a mesma libertação comunista: a de aprisionar o homem
no ateísmo, no materialismo. E somente estando-se ali ele será, no seu
conceito esdrúxulo, livre. Mas livre de quê? De algum tipo de fé? De
algum tipo de sistema autoritário e despótico? De algum tipo de jogo
onde as cartas estejam marcadas? E depois nos chamam de burros, de
cegos. Ou querem enganar a quem além de si mesmos? Como esses homens
podem conviver com tanta incoerência e ilogicidade? Somente a
desonestidade intelectual como resposta. Ou seria uma fé equivocada? Ao
ponto em que o “neo-ateísmo” esforça-se em excluir a história da própria
História?
O modelo que desejam
para a sociedade é, basicamente, o modelo marxista implementado na
extinta URSS por Lenin e Stalin, na China por Mao, em Cuba por Fidel, no
Camboja por Pol Pot, e em tantos outros lugares; é o mesmo projetado
pelo ateísmo moderno: para aniquilar a ideia de Deus é preciso
exterminar o homem, ao não permitir que ele pense, racionalize, mas
tenha seus pensamentos reduzidos a um padrão de indiferença, onde todos
estarão confinados a um modelo unificado de comportamento e expressão: a
submissão cega. Milhões de pessoas sentiram na pele a ideologia
marxista, o controle do Estado sobre a sociedade e o indivíduo; a
impossibilidade de se “escapar” com vida desse sistema a não ser
rendendo-se incondicionalmente; ser controlado completamente pelas
forças de “libertação”, ou seja, fazer do homem uma simples máquina a
serviço da vontade burocrática. Isso é fruto de um irracionalismo
voluntário, da falta de discernimento analítico, o aniquilamento do
senso crítico, da razão, tornando homens em manadas de idiotas.
O Estado não serve,
precisa ser servido em sua voracidade perversa; o Estado não admite
Deus, mas quer se fazer um; o Estado não pretende ter cidadãos, mas
escravos; não aceita nada menos do que o seu ideal maníaco de
onipotência e onipresença. Da mesma forma, o gene egoísta é a nova
desculpa para que o Estado controle, domine e subjugue o homem. E a
desculpa é sempre a mesma escandalosa mentira: assim é melhor!… Mas para
quem?
A loucura doentia do
neo-ateísmo, que simplesmente revive conceitos experimentados e
fracassados à exaustão, como se fossem novidade, é ser essencialmente
aquilo que diz combater. Será que os novos ateus pretendem reescrever a
História, ou ficarão apenas na idade média, em especial no período negro
da inquisição? Se o falso cristianismo existe e é injusto, há contudo o
verdadeiro cristianismo, o qual é justo. Mas o que dizer do marxismo?
Que nada mais é do que o materialismo levado às últimas consequências? O
naturalismo em sua expressão mais virulenta e odiosa? Em qual lugar
houve justiça? Ele apenas promoveu e ainda promove a injustiça em sua
sanha destrutiva, em sua descrença em Deus e nos valores cristãos.
Ateísmo e marxismo são irmãos siameses a serviço do mesmo senhor: o
diabo!
E como tal, não prescinde a fé, mas vive por ela… equivocadamente, diga-se de passagem, posta num ídolo de barro.
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