Uma reflexão sobre as crenças antibíblicas no meio evangélico sobre doença e morte
“Meus irmãos, tende por motivo
de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação
da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” (Tg 1:2-3)
Um dos grandes problemas na igreja de
hoje é a busca pelo contentamento pessoal em detrimento dos princípios
bíblicos. Por essa razão muitas pessoas têm se revoltado contra Deus
quando a dor e o sofrimento batem à porta.
Ainda, quando alguém lhes fala sobre a
verdade do sofrimento bíblico na vida cristã, isso parece tão absurdo e
revoltante que se jogam contra quem lhes comunica essa verdade da
Escritura da mesma forma que um lutador de sumô se lança contra o seu
oponente.
Rapidamente, sentimentos como ira,
indignação e revolta afloram contra quem afirma que o crente pode ficar
doente e até morrer como resultado da vontade de Deus. Os seguidores do
Movimento da fé se revoltam quando afirmamos que isso pode ocorrer como
um meio do Senhor ser glorificado. Esse tipo de mensagem é tão rejeitada
nos dias de hoje que qualquer um que fizer tal afirmação é visto
rapidamente pelos seguidores deste Movimento da Fé como um inimigo do
cristianismo ou como alguém que vive uma vida medíocre, alguém que não
recebeu a palavra revelada. Principalmente porque aqueles que não
aceitam o sofrimento como algo vindo de Deus se acham supercrentes,
pequenos deuses. Os seguidores desse Movimento perpetuam seu erro ao
pensar que há poder em nossas palavras, o que na verdade é uma crença
oriunda do hinduísmo e não do cristianismo. São cristãos na denominação e
hindus na prática.
Muitos questionam se é correto falar
sobre as distorções bíblico-teológicas quando algum proponente desse
Movimento da Fé morre. Muitos dizem que isso é abusar da dor alheia,
desrespeitar o sofrimento do próximo e até fazer uma demonstração
pública e inconveniente de falta de amor.
Em primeiro lugar, é preciso compreender
que a essência do amor bíblico não se resume à um mero sentimento, mas a
uma atitude que está alicerçada na verdade da Escritura. O amor bíblico
é guiado não por palavras suaves, agradáveis e que acariciam o ego dos
seus seguidores, mas pela verdade. E é esta verdade que deve ser a marca
da Igreja, dos seguidores verdadeiros de Jesus Cristo. Devemos entender
que o compromisso verdadeiro do cristão não é falar bem, mas falar a
verdade, pois a Igreja de Cristo – antes de mais nada – deve ser
conhecida como “coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3:15).
Hoje vivemos em meio a uma Igreja que
abraçou o discurso do politicamente correto, e por isso, qualquer um que
fale a verdade desmascarando o erro será visto não como um fiel, mas
como um radical, extremista, fundamentalista e “xiita” evangélico. O
problema com isso, é que se Jesus é o nosso modelo e exemplo, precisamos
entender que Ele mesmo escolhia muito bem as palavras para falar com
aqueles que distorciam as Escrituras, chamado-os de “falsos”,
“hipócritas”, “filhos do diabo” etc.
Então, como será que seremos vistos hoje
se agirmos da mesma forma? E mais, como será que o próprio Jesus seria
visto e recebido em certas “igrejas” se mantivesse o mesmo discurso da
Sagrada Escritura? Certamente, Ele mantém o mesmo discurso e sua
mensagem é bastante dura contra a Sua Igreja, como podemos constatar se
estudarmos Apocalipse 2 e 3.
“Porque a
ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro
vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de
Deus?” (1Pe 4:17)
Entendemos que alguns argumentem que não
se deve falar das distorções doutrinárias no momento da morte de alguém
que propagava tais práticas, mas também é exatamente nesse momento que
muitos têm se aproveitado da situação para fortalecer a crença no erro
da Confissão Positiva.
O cuidado, porém, deve ser tomado para
que não se façam acusações pessoais, pois a nossa luta não é contra
pessoas, contra indivíduos, e sim contra as distorções doutrinárias,
contra ensinos. Portanto, é preciso buscar demonstrar a incoerência dos
ensinos de tais pessoas. A nossa questão não é quanto a sua vida
particular, ou seus aspectos pessoais, e sim quanto a questão
bíblico-teológica. Devemos nos ater a questão doutrinária. E na questão
doutrinária os seguidores deste Movimento ensinam que a doença é fruto
do pecado individual.
Por tudo isso, esse é o momento exato e propício para se tratar da questão doutrinária e não pessoal.
Por experiência própria, já vimos
proponentes desse movimento morrer vítimas de câncer e como ninguém se
pronunciou na época, o assunto esfriou e depois passaram a dizer que o
falecido não morreu de câncer, que ninguém questionasse o motivo de sua
morte porque Deus poderia dizer “não é de sua conta”. Ou seja, a mentira
foi perpetuada porque ninguém ousou questionar os desvios na época do
falecimento, em respeito aos que estavam sofrendo. Por isso, se deixamos
o tema esfriar, a heresia será mantida e depois os fatos serão
distorcidos. Já chegaram e dizer que o falecido só morreu porque alguns
irmãos o liberaram para isso, pelo poder de suas palavras.
Se deixarmos a ocasião passar, a
distorção e o erro doutrinário serão mantidos e perpetuados, como já vem
sendo há bastante tempo.
Se fazemos o que fazemos, não é por
falta de sensibilidade à situação daqueles que estão sofrendo, mas
exatamente porque nos preocupamos com a situação espiritual daqueles que
sofrem.
Fazendo uma analogia, por que é que os pastores pregam nos velórios e aproveitam a situação para fazer apelos de salvação?
Será que estes pastores estão sendo
insensíveis com a situação e querem tirar proveito da fragilidade de
quem está sofrendo pelo falecido? Ou será que é porque eles sabem da
verdade espiritual e querem usar a situação para abrir os olhos dos
ouvintes para a verdade, já que estão sensíveis naquele momento?
O mesmo princípio se aplica aqui. Digo
isto por experiência própria e pessoal. Algumas pessoas do Movimento da
Fé já têm nos procurado porque estão “em parafuso”, pois a verdade foi
apresentada na época da morte de seus líderes, especialmente porque
estes mesmos líderes afirmaram em vida que haviam sido curados. Nesse
momento, muitos estão sem entender e estão buscando respostas, já que
foram ensinados de forma errada durante toda a vida.
Por outro lado, a falta de argumentos
bíblicos de tais pessoas tem levado-os à falta de domínio próprio e à
ira, que são pecados da carne, fazendo com que tais pessoas leiam certas
coisas e não entendam, porque a ira cega o entendimento. Por isso, é
necessário termos mansidão e temor na nossa exposição da verdade
bíblica, como diz 1Pe 3:15.
Diante de tudo isso, acreditamos que é preciso esclarecer mais alguns pontos:
1) Não defendemos que Deus não cura.
Cremos que Deus pode curar sim. Mas isso ocorre dentro de Sua vontade e
soberania, assim como também pode decidir não curar, dentro de Sua
vontade e soberania, da mesma forma;
“E dizia:
Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não
seja o que eu quero, e sim o que tu queres” (Mc 14:36).
2) Qualquer pessoa, seja crente ou não,
pode adoecer de qualquer tipo de doença. Por exemplo, a incidência de
câncer em minha família é grande. Então, provavelmente eu sou propício a
ter essa doença no futuro. Contudo, se esse for o caso, deverei
continuar adorando, glorificando e honrando ao meu Deus da mesma forma,
porque precisamos aprender a viver contentes em toda e qualquer
situação. Se uma doença tira a paz e a estabilidade daquele que diz
seguir a Cristo, existe algo errado em sua fé. O Jesus Cristo da Bíblia
não desestabiliza ninguém por causa de uma doença. Antes disso, o
fortalece em meio a tempestade. Devemos lembrar que Cristo não impediu
que os apóstolos enfrentassem tempestades, mas estava com eles no barco;
“Mas, se
somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação; se somos
confortados, é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz,
suportando vós com paciência os mesmos sofrimentos que nós também
padecemos” (2Co 1:6)
3) Devemos adorar o nosso Deus por quem
Ele é, e não por aquilo que Ele nos dá. Então, a nossa adoração à Deus e
o nosso serviço à Ele devem ser dados de forma incondicional. Aqueles
que só querem aceitar de Deus aquilo que lhe agrada e que lhe é
conveniente são interesseiros e o seu relacionamento com Cristo não é
sincero nem verdadeiro. Devemos lembrar o próprio Jó disse, sobre sua
esposa que era uma louca: “Como fala qualquer doida, falas tu;
receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não
pecou Jó com os seus lábios” (Jó 2:10). O fato, aqui citado, é que muito
embora Satanás tenha afligido a Jó, ele mesmo disse que o mal veio de
Deus. Isso mesmo! O mal veio de Deus e a própria Bíblia diz que Jó não
pecou por dizer isso. Então é pecado dizer o contrário daquilo que a
Bíblia revela. O pecado está em dizer algo que é contrário àquilo que a
sagrada Escritura estabelece como verdade;
“E, para que
não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um
espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de
que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o
afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o
poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei
nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2Co 12:7-9)
4) Não podemos esquecer que agradou a
Deus “moer” Jesus (Is 53:10); Que Deus é quem faz a ferida e cura, se
Ele quiser, e que não há quem escape da mão Dele (Dt 32:39); Que a
doença também é um meio que Deus usa para glorificar o Seu Soberano
nome, como no caso de Lázaro (Jo 11:4); Que o homem cego, nasceu cego
“para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9;2,2);
“Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas” (Is 45:7)
5) Não podemos esquecer que em muitos
casos Deus não livrou seu povo do sofrimento, dor e aflição, mas esteve
com ele em meio a tudo isso. E que por muitas vezes Deus os deixou
morrer porque era necessário que assim fosse, a exemplo dos apóstolos.
Ainda assim, e diante de tudo isso, Ele continua sendo Deus!;
“Porque para
mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser
comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm 8:18)
Por último, entendemos que a ira dos
seguidores do Movimento da Fé contra a verdade bíblica revelada de forma
clara e inequívoca se manifesta porque os alicerces de madeira podre de
seu palácio de cristal estão sendo abalados. Aquilo que tanto sonhavam
alcançar é ameaçado e a única defesa de que não tem respaldo bíblico é a
ignorância e brutalidade da violência, nem que esta seja verbal. Mas
precisamos nos lembrar que os verdadeiros filhos de Deus devem ter, em
si, o fruto do Espírito, a começar pelo verdadeiro amor bíblico que está
alicerçado na verdade e passando pelo domínio próprio.
Que façamos como os crentes de Beréia que examinavam “cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (At 17:11).
Pr. Robson T. Fernandes
Nenhum comentário:
Postar um comentário