Por Thomas Watson
a. O que quer dizer justificação?
É uma palavra forense.
Refere-se a uma pessoa acusada que é declarada justa e publicamente
absolvida. Quando Deus justifica uma pessoa, declara a pessoa justa e
olha para ela como se não tivesse pecado.
b. Qual a fonte da justificação?
A causa, ou o motivo
interior que a estimula ou a base da justificação é a livre graça de
Deus: “Sendo justificados livremente por sua graça”. Ambrósio, expondo
sobre a justificação, diz que ela não é “da graça produzida internamente
por nós, mas da livre graça de Deus”. A primeira engrenagem que põe
todo o restante em funcionamento é o amor e o favor de Deus, assim como
um rei livremente perdoa um delinquente. A justificação é uma
misericórdia provinda das entranhas da livre graça. Deus não nos
justifica porque temos valor, mas ao nos justificar nos faz de grande
valor.
c. Qual é o fundamento pelo qual o pecador é justificado?
O fundamento de nossa
justificação é a satisfação que Cristo proporciona às exigências de Deus
Pai. Pode-se perguntar: “Como se relacionam a justiça e a santidade de
Deus quando ele nos declara inocentes visto que somos culpados?” A
resposta é: “Quando Cristo satisfez nossas faltas, Deus pôde, em
equidade e em justiça, declarar-nos justos”. É uma coisa justa um credor
perdoar alguém que deve uma grande quantia quando ela é paga por um
fiador.
d. A satisfação obtida por Cristo tem mérito suficiente para justificar?
Sim, plenamente na
natureza divina de Cristo. Como homem, Cristo sofreu, como Deus,
satisfez. Pela morte e pelos méritos de Cristo, a justiça de Deus foi
mais abundantemente satisfeita do que se tivéssemos sofrido as dores do
inferno para sempre.
e. Qual é o método de nossa justificação?
Pela imputação da
justiça de Cristo em nós: “Será este o seu nome, com que será chamado:
SENHOR, Justiça Nossa” (Jr 23.6). “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o
qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça” (1 Co
1.30). Essa justiça de Cristo, que nos justifica, é melhor que a dos
anjos, pois a justiça deles é das criaturas e essa é de Deus.
f. Qual é o meio ou instrumento de nossa justificação?
O instrumento é a fé.
“Justificados… mediante a fé” (Rm 5.1). A dignidade não está na fé como
uma graça, mas de modo relativo, na medida em que se apega aos méritos
de Cristo.
g. Qual é a causa eficiente de nossa justificação?
Toda a Trindade, visto
que todas as pessoas da bendita Trindade participam da justificação de
um pecador: Deus, o Pai, justifica: “É Deus quem os justifica” (Rm
8.33). Deus, o Filho, justifica: “E, por meio dele, todo o que crê é
justificado” (At 13.39). Deus, o Santo Espírito, justifica: “Mas fostes
justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso
Deus” (1 Co 6.11). Deus, o Pai, justifica ao nos declarar retos; Deus, o
Filho, justifica ao impor sobre nós sua justiça; e Deus, o Espírito
Santo, justifica ao esclarecer nossa justificação e nos selar até o dia
da redenção.
h. Qual é o propósito de nossa justificação?
i. A glorificação eterna de Deus
A finalidade é que Deus
receba louvores: “Para louvor da glória de sua graça” (Ef 1.6). Pela
justificação, Deus levanta os eternos troféus de sua própria honra. Como
o pecador justificado proclamará o amor de Deus e fará os céus a
ressoarem com os louvores ao nome do Senhor!
ii. A glorificação eterna do justificado.
O fim de nossa
justificação é que a pessoa justificada receba a glória. “Aos que
chamou, a esses também justificou” (Rm 8.30). Deus, quando justifica,
não somente absolve a alma culpada, mas dignifica. Como José, que não
foi somente solto da prisão, mas feito senhor do reino, a justificação é
coroada com a glorificação.
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