Por Maurício Zágari
O que devemos fazer
quando estamos enfrentando um problema; oramos, oramos e oramos a Deus…
mas não recebemos o que pedimos? Isso ocorre muitas vezes em nossa vida:
simplesmente nossa oração não é atendida. A sensação que temos, nesses
casos, é que Deus ou não nos ouviu ou nos virou as costas. Bem, na
verdade não é isso o que ocorre. Há um acontecimento na vida de Paulo
que pode nos conduzir a uma reflexão bem interessante sobre orações não
atendidas.
Para pensarmos sobre
essa questão, precisamos ler a famosa passagem do espinho na carne.
“Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos [...] foi arrebatado ao
paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem
referir. [...] E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das
revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás,
para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três
vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A
minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co
12.2-9).
Pense bem: o que
diferencia essa experiência de Paulo da sua experiência pessoal?
Vejamos: Paulo tem um problema. Você tem um problema. Paulo ora a Deus
pedindo uma solução. Você ora a Deus pedindo uma solução. Paulo não vê
sua oração ser respondida da primeira vez. Você não vê sua oração ser
respondida da primeira vez. Paulo persiste na oração, orando uma segunda
vez. Você persiste na oração, orando uma segunda vez. Paulo não é
atendido. Você não é atendido. Paulo ora sem cessar, clamando uma
terceira vez. Você ora sem cessar, clamando uma terceira vez. Paulo não é
atendido. Você não é atendido. Tudo igualzinho, reparou? A experiência
do apóstolo em nada difere da sua. Só que, no caso dele, aconteceu um
fenômeno que com você não acontece. É um detalhe nessa passagem que, a
meu ver, é de suma importância.
Deus explicou.
Faça um exercício de
imaginação. Suponha que Deus tivesse ficado quieto e simplesmente não
explicasse a Paulo o porquê de não ter atendido aos seus pedidos. O
apóstolo permaneceria ali, clamando, em angústia de alma, cheio de
perguntas na cabeça. “Será que Deus não me ouviu?”. “Será que Deus só me
atenderá daqui a muitos anos?”. “Será ao menos que Deus atenderá ao meu
clamor algum dia, mesmo que demore?”. “Será que os céus se fecharam a
mim?”. “Será que os meus pecados impedem Deus de atender minha oração?”.
Será que o Diabo está impedindo Deus de atender meu clamor?”. Será,
será, será, será, será…?
Paulo poderia ter feito isso, e não seria nenhuma novidade. Afinal… não é exatamente o que nós fazemos?
Claro que ouviu. Deus
ouve todas as orações. E antes mesmo de orarmos ele já sabe o que vamos
falar: “Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a
conheces toda” (Sl 139.4)“. Essa ideia de que “Deus não ouve a oração”
não é bíblica. O que acontece é que ele decide não nos dar o que
pedimos. Ouve, pondera e responde com um grande “não”. Ponto. Não há fé
no mundo que altere a vontade soberana do Criador do universo. Paulo não
tinha fé? Possivelmente a maior do mundo. Mas Deus quis não atender
seus pedidos, porque, por saber tudo, entendia que, no grande plano de
causas e consequências do universo e da eternidade… não atendê-los era o
melhor. Inclusive, era o melhor para o próprio apóstolo, embora ele não
soubesse, visto que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm
8.28). A grande vantagem de Paulo é que o Senhor disse de forma
inequívoca que tinha escutado a oração mas não a atenderia. Conosco ele
não faz isso. Temos de nos contentar com o silêncio. Não vem resposta. O
que pedimos não acontece. Ficamos impacientes, como se o Pai tivesse a
obrigação de nos atender só porque oramos com fé. E não entendemos nada.
Deus é muito sábio. O
silêncio dele é uma maravilhosa maneira de ver que tipo de crentes somos
nós. Se o Senhor explicasse suas decisões e seus “não” a cada um de
nós… aí seria fácil. Mas o fato de ele decidir não atender e – também –
não responder nossa oração mostra o alcance de nossa fé, estimula nossa
perseverança e nos testa, para ver até onde estamos dispostos a segui-lo
e servi-lo tendo somente a graça divina em nossa vida. A graça dele nos
basta. Ele sabe disso; nós é que não nós contentamos com ela, queremos
porque queremos também as bênçãos. O silêncio de Deus ante uma oração
não atendida é a maneira de o Senhor nos mostrar quem nós somos: se
perseverantes, servis, fiéis, homens e mulheres de fé, murmuradores,
interesseiros, compromissados… ou não.
Deus vai negar muitos
dos teus pedidos. Mas tenha esta certeza: isso não significa que ele não
ouviu tua oração. Foi exatamente o que aconteceu com Paulo. É o que
acontece conosco. Num caso raro, o apóstolo foi presenteado com uma
explicação da boca de Deus. Nós não somos. Diante disso, nosso papel é
orar, perseverar em oração e esperar com paciência. E se, depois de tudo
isso, não formos atendidos, que tenhamos sempre em nossos lábios as
palavras de Jó: “O SENHOR o deu, o SENHOR o levou; louvado seja o nome
do SENHOR ” (Jó 1.21). Como escreveu o mesmo Paulo: “Orem continuamente.
Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus
para vocês em Cristo Jesus” (1Ts 5.17-18). Orou mas não recebeu o que
pediu? Dê graças. Em todas as circunstâncias dê graças. Ou seja:
agradeça. Pois, se não recebeu, é porque não receber é o melhor. Não
receber é pão e peixe. “Qual de vocês, se seu filho pedir pão, lhe dará
uma pedra? Ou se pedir peixe, lhe dará uma cobra? Se vocês, apesar de
serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de
vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!” (Mt
7.9-11).
Obrigado, Pai, porque
minha oração não foi atendida. Agradeço por isso, pois sei que, se o
Senhor decidiu não atendê-la… o teu “não” é o melhor para mim.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício
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