Todos
os dias, cerca de cem novos visitantes aparecem aqui no Nossa
Brasilidade. Outros cem retornam para conferir o papo mais atual, na
expectativa de continuar sendo surpreendidos pela verve de novos poetas
que vão chegando aqui no sítio e tomando seu lugar nessa casa de boas
palavras. Tudo por causa dos seus hóspedes, é claro! Porque o anfitrião
aqui, com sinceridade, evita falar em hora tão importante; onde o
povo santo – que sai dos Templos aos Domingos e vai avançando para as
ruas – esboça o desejo de parar um pouco para ouvir os poetas e o que
eles estão tentando declamar no meio do mundo.
O susto maior é quando, pela soberana providência, a língua de um se faz entendível ao outro. E assim, poeta mundano e seguidor cristão vão reconhecendo seus pés sobre o mesmo chão da Vida; o real inevitável (e urgente) que pede da gente aquela Esperança.
Hoje não poderia ser diferente. Bem aqui
neste nosso cantinho quem está falando agora é Castro Alves. Vamos
ouvir um pedaço dessa conversa:
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito…
Onde estás, Senhor Deus?…
Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p’ra os crimes meus!
Há dois mil anos eu soluço um grito…
escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!…
(Vozes d’África – Castro Alves)
O texto completo dessa oração do poeta
baiano, que amplifica aos céus os gemidos africanos, intercedendo pelo
escravos como um tipo brasileiro de profeta, você baixa aqui.
Inevitável não ficar impressionado com a semelhança desse poema e uma
canção que fiz em 2007 , antes de ler o “Albatroz” abolicionista – isso
mesmo, 139 anos depois de Castro Alves, perguntei : “Deus, onde estás?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário