Por Mauricio Zagari
Deus
é amor. Isso é um fato básico e inquestionável da fé cristã. Não é
preciso ser um grande teólogo para apreender essa verdade; de fato, nem
mesmo é preciso ser cristão para ter conhecimento disso. Mas existe
algo sobre essa afirmação que merece uma reflexão: o que isso significa?
Quais as implicações do fato de Deus ser amor? De que modo isso afeta a
teologia em que acreditamos – e, por conseguinte, nossa vida prática?
Pode parecer algo tão óbvio que nem mereça discussão, mas fato é que a
má interpretação do conceito da essência amorosa de Deus é justamente a
gênese de muitos e grandes problemas e até de heresias que têm surgido
no seio da Igreja nesse início de século XXI.
Vamos
pensar um pouco sobre isso então. A essência de Deus é o amor. Agora:
nós, humanos, só conseguiremos compreender plenamente o que isso
significa se formos capazes de encaixar esse conceito divino essencial
no que cada um de nós percebe como sendo amor. Uma analogia, para ficar
mais claro: imagine que numa ilha distante só existam pássaros brancos.
Automaticamente, todos seus habitantes associam o conceito de
“pássaro” à cor branca. Um dia você atraca nessa ilha, encontra um
nativo e tenta explicar para ele o que é, digamos, um urubu. Se disser a
ele apenas que “o urubu é um pássaro”, automaticamente ele vai
visualizar o urubu como uma ave branca. Afinal, é o único conceito de
“pássaro” que ele conhece. Do mesmo modo, se na concepção de uma pessoa
o conceito de “amor” é X, se você lhe disser que “Deus é amor”,
automaticamente esse indivíduo compreende como “Deus é X”. Mesmo que a
essência de Deus seja, por exemplo, Y. É uma mera questão de formar um
signo por significados e significantes adequados e compreendidos por
todos.
Diante disso, a pergunta que
devemos nos fazer é: o que a civilização brasileira do século XXI
entende como sendo “amor”? Pois é ao detectarmos qual é o sentido que
esse conceito tem no inconsciente coletivo do brasileiro de nossos dias
que conseguiremos visualizar como essa mesma civilização compreende o
fato de Deus ser amor. E é exatamente aqui que começa o problema, uma
vez que o conceito primário de “amor” para você e para mim é totalmente
alheio à Bíblia. Trata-se do amor dos contos de fadas.
Geração
após geração, século após século, década após década, nós ensinamos
para nossas crianças que “amor” é aquilo que ocorre entre um príncipe e
uma princesa nas fábulas e histórias de ninar. Ou seja, um grande e
utópico sentimento destituído de implicações práticas, exigências ou
contrapartidas. As inocentes histórias que crescemos ouvindo de nossos
pais, professores, desenhos animados e outras fontes de formação de
conceitos condicionam pavlovianamente gerações inteiras a abraçar uma
ideia de amor que, antes de qualquer coisa, é um sentimento meloso,
paternalista e ultraprotetor.
Repare:
a princesa vê o príncipe e, apenas por olhar para aquela figura divina
passa a amá-lo eternamente (e vice-versa). Não o conhece. Mal ou nunca
conversou com ele. Às vezes a donzela está até mesmo dormindo e só
toma conhecimento do “amado” após o beijo que arranca suspiros de
todos. Isso na vida real seria tão esdrúxulo que se a sua filha
decidisse se casar com um homem que mal conhecesse, no mínimo você
teria uma séria conversa com ela. Mas nos contos de fadas… ah, o amor é
lindo! E toda um geração cresce acreditando que amor é aquilo. Assim,
somos condicionados desde os primeiros anos de nossas vidas a associar
amor a uma sensação da qual nasce um relacionamento que não exige nada,
que não tem contrapartidas – pois, afinal, o príncipe ama a princesa
in-con-di-cio-nal-men-te, sem precisar renunciar a nada, sem uma gota se
sacrifício. E mais: é o amor do príncipe que faz com que ele pegue a
princesa nos braços e a carregue sem permitir que ela sue ou se canse.
Que põe a capa sobre a poça de lama para que ela não suje o sapatinho de
cristal. Que faz de tudo para que ela não tenha um incômodo sequer. É
um amor de gente bastante mimada, convenhamos.
E,
claro, esse amor dos contos da carochinha é complacente. A princesa
nunca exige nada do príncipe. O príncipe não fica chateado com nada que
a princesa faça. Eles apenas cantam e dançam, cavalgando sorridentes
corcéis de crinas bem escovadas por prados verdejantes, cercados de
cervos saltitantes e meigos coelhinhos de olhos grandes. É um amor de
pura doação, poético, que não senta para cobrar atitudes. Que não
demanda nenhuma renúncia. Basta entrar no castelo e a única exigência
que se faz é que se seja feliz para sempre.
Esse
conceito de amor de contos de fadas está tão introjetado no
inconsciente coletivo que basta examinar as comédias românticas de
Hollywood ou os grandes romances do cinema (que não passam de contos de
fadas para crianças crescidas) e ver que o conceito se repete. Mais
ainda: o modelo de sucesso das telenovelas da Globo justamente faz tanto
sucesso porque segue a ideia introjetada no mais profundo de nossa
mente desde nossa infância do amor-sentimento-nada-exigente: desde que
haja aquele “sentir” arrebatador vale trocar o marido pelo amante,
transar antes do casamento ou o que for e todos aplaudem. Sem exigir
nada em troca, sem renunciar, sem se sacrificar pelo outro: basta
suspirar, dar um grande beijo na boca e… ai ai…
Dor
torna-se, então, por essa perspectiva, um conceito alienígena ao amor
dos contos de fadas. Sofrimento quem impõe é a bruxa má, o príncipe
jamais permitiria que sua princesa furasse um dedinho numa agulha de
roca. Tristeza? INCONCEBÍVEL! Repare: o amor do conto de fadas é aquele
em que (e isto é um ponto fundamental!) o ser amado vive feliz para
sempre.
Pois é esse conceito de
“amor” que ensinam a todos nós desde a nossa primeira infância, pela
leitura de continhos de fadas, depois pelos desenhos animados, por fim
pelos filminhos sentimentaloides. Somos condicionados, adestrados,
ensinados, acostumados a que isso sim é amor.
O amor de contos de fadas aplicado a Deus
E
de que modo esse conceito de amor de contos de fadas se aplica a Deus?
Simples: quando então falamos que “Deus é amor”, automaticamente
associamos o amor divino a esse tipo de amor fictício. Logo, enxergamos o
amor de Deus como algo sentimental. Meloso. Poético. Que jamais
poderia exigir do ser amado renúncias. Que torna inconcebível a ideia
de sacrifício. Que exclui veementemente o amador permitir o sofrimento
do amado. O Deus que é amor se torna, assim, um ser que não pode de
jeito nenhum exigir algo de quem Ele ama, porque, na nossa cabeça, isso
o tornaria alguém destituído de amor. Na nossa concepção de amor,
formatada por anos de condicionamento à base de contos de fadas,
telenovelas e filminhos água com açúcar, um Deus de amor jamais poderia
exigir contrapartidas, jamais poderia estabelecer bases, sua aliança
com o ser amado seria complacente, de autoanulação, uma eterna devoção
dEle a nós. Uma eterna lua-de-mel.
E
mais: por essa perspectiva, o amor de Deus tornaria inconcebível que o
ser amado por Ele sofresse, sentisse dor, passasse maus bocados. O ser
amado por Deus, na nossa mente pré-programada por contos de fadas, tem
obrigatoriamente que fazer com que sejamos…felizes para sempre. O
príncipe celestial jamais permitiria que a sua
princesa-noiva-do-Cordeiro sofresse, pois senão ele não seria o
príncipe, seria a bruxa. Então, a ideia de alguém que ama e permite o
sofrimento do amado é um contrassenso, não conseguimos admitir, não
aceitamos. E começamos a encaixar a nossa revolta em conceitos bíblicos:
um Deus que ama mas permite o sofrimento não tem… graça.
É
aí que começam a surgir os problemas – um nome elegante para heresias.
Para o indivíduo condicionado ao conceito do amor de conto de fadas,
um Deus que ama não permitiria que milhares morressem num tsunami, pois
aí ele não seria o príncipe, seria a bruxa. Um Deus que ama não
permitiria que centenas morressem num deslizamento de terra na região
serrana do Rio, pois aí ele não seria o príncipe, seria a bruxa. Um
Deus que ama não permitiria que milhões fossem para o inferno, pois aí
ele não seria o príncipe, seria a bruxa. Um Deus que ama não imporia um
código de ética, pois aí ele não seria o príncipe, seria a bruxa – e
uma bruxa legalista. Um Deus que ama não exigiria o cumprimento aos seus
mandamentos dolorosos, pois aí ele não seria o príncipe da graça,
seria a bruxa do legalismo. Um Deus que ama não teria verdades
absolutas, pois aí ele não seria o príncipe, seria uma bruxa que
transforma conceitos como “dogma” e “doutrina” em palavrões
abomináveis. E esse conceito humano, infantil e fictício de amor começa
a tomar ares de teologias.
E nós
adoramos isso! Adoramos que Deus não mande muitos para o inferno, senão
o amor não venceria no final e não viveríamos felizes para sempre.
Adoramos que Deus não esteja no controle das tragédias, senão o amor
não venceria no final e não viveríamos felizes para sempre. Adoramos
que Deus não exija de nós que nos sacrifiquemos para cumprir seus
mandamentos, senão o amor não venceria no final e não viveríamos
felizes para sempre. Adoramos que Deus nos proponha uma graça frouxa e
destituída de renúncias daquilo que nos é conveniente e agradável por
obediência e submissão a Ele, senão o amor não venceria no final e não
viveríamos felizes para sempre. Confeccionamos teologias que fazem do
Deus da Bíblia um deus de contos de fadas. Ou seja: um Deus que viva o
amor como Cinderela, Branca de Neve ou Rapunzel viveram. Mas não é isso
que a Bíblia diz.
O conceito bíblico do amor
A
Bíblia Sagrada nos revela muitos aspectos da pessoa de Deus que os
contos de fadas jamais associam aos seus personagens apaixonados. O
mesmo Jesus que é a suprema prova do amor dvino (Jo 3.16; Fp 2.7-9) é o
Deus encarnado que afirma: “Mas eu lhes digo que qualquer que se irar
contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que
disser a seu irmão: ‘Racá’ será levado ao tribunal. E qualquer que
disser: ‘Louco!’, corre o risco de ir para o fogo do inferno” (Mt 5.22).
Ou ainda, que devemos ter medo “daquele que pode destruir tanto a alma
como o corpo no inferno” (Mt 10.28), ou seja, Deus. Não dá para
imaginar isso sendo falado sobre o príncipe da Branca de Neve, não é?
Logo, por associação, na cabeça da civilização adestrada pela ficção
pueril não dá para imaginar isso sendo falado sobre o Deus da Bíblia.
Assim,
as pessoas, confusas com esse suposto paradoxo, começam a buscar
explicações. De repente, o Deus que permitiu que Jó passasse por mais
de 40 capítulos de sofrimento, dor, decepção, lágrimas e angústia é
apenas fruto de uma fábula. Jó agora deixou de existir. virou uma
metáfora. Aquele fato nunca aconteceu. Pois o Deus que ama como nos
contos de fadas jamais deixaria que seu querido passasse por aquele
sofrimento. Agora o Deus da Bíblia não controla mais forças da natureza e
outras calamidades, pois um Deus que ama como nos contos de fadas e
nos filmes de Julia Roberts e Sandra Bullock jamais estaria de acordo
com genocídios, tsunamis, terremotos, Hitlers, Pol Pots e similares.
Não, isso não condiz com o caráter de um Deus que quer que sejamos
felizes para sempre.
Então,
dizemos que o Deus que controla as forças da natureza é uma referência
às deidades greco-romanas-pagãs que as controlavam. Esquecemos que
Jesus acalmou o vento e a fúria dos mares com uma ordem, esquecemos que
o Senhor conteve as águas do Mar Vermelho e do rio Jordão,
consideramos inconcebível que esse Deus tenha provocado o dilúvio de
Noé, que dizimou milhares. Ah, claro – dizem os teólogos adeptos do
deus de contos de fadas – essas histórias são metáforas, são fábulas.
Embarcamos no liberalismo teológico, numa teologia de relacionamento ou
de universalismo que põem para fora do ser de Deus a pontapés os seus
propósitos insondáveis, os seus planos elevados, a sua realidade
infinitamente superior. Forjamos um deus que não compactuaria com dores
e sofrimentos, quando Isaías 53 nos afirma que Jesus foi “ferido”,
“moído”, “oprimido” e “afligido” – e isso desde antes da fundação do
mundo.
Dizem esses teólogos
poéticos que Deus jamais determinará o sofrimento das pobres vítimas da
tragédia no Japão. Mas a Bíblia diz sobre o próprio Filho Unigênito do
Deus que é amor que “ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar” (Is
53.10). Sobra a leitura de 1 Coríntios 13 mas falta a leitura de
Romanos 9, por exemplo, onde o Deus que é amor afirma: “Terei
misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de
quem eu quiser ter compaixão” (Rm 9.15). E aos que não concebem um Deus
que não aja segundo as vontades humanas ou a teologia dos contos da
carochinha, o apóstolo Paulo dá o ultimato cinco versículos à frente:
“Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus?” (Rm 9.20). E logo
depois: “E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu
poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados
para a destruição?”. Olha só: o Deus que é amor se ira! Uma ira, aliás,
explicitada em numerosas passagens, como Nm 22.22; Dt 4.25; Dt 6.15;
Dt 7.4; Jo 3.36; Rm 1.18; Rm 2.5; Rm 3.5; Rm 5.9; Rm 9.22; Ef 5.6; Cl
3.6; Hb 3.17; Hb 4.3; Ap 14.10; Ap 14.19; Ap 15.1; Ap 15.7, entre
outras.
Sim, o amor de Deus convive
com sua ira. E o não-cumprimento de sua vontade exige o cumprimento da
justiça divina. Pois a Bíblia escancara de Gênesis a Apocalipse o fato
incontestável de que Deus tem um código de certo/errado. Ou seja: por
definição, tem um padrão moral. Um padrão ético. E exige de nós que o
cumpramos, mesmo que precisemos renunciar a nossas vontades, ao que nos
é conveniente, ao que fazemos em nome de uma graça barata. “Quem tem
os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama”, diz Jesus em
Jo 14.21. O mesmo Jesus de amor que em Jo 14.15 vaticina: “Se vocês me
amam, obedecerão aos meus mandamentos”. Sim, o amor de Deus está
condicionado à obediência a seus mandamentos (ou: normas, dogmas,
decretos ou o nome impopular que se queira dar a aquilo que o Senhor
determina que façamos em cumprimento a Sua vontade). E como Jesus é o
Deus da graça, fica claro que sua graça e seu amor trafegam em conjunto
com a obediência a seus mandamentos. O que, na cabeça de muitos, faria
dele um Deus legalista, veja você.
Sim,
pois há aqueles que apostam na teologia do complacente Deus Papai
Noel, um velhinho bonachão que nos vê desobedecer seus valores
(explícitos nos mandamentos da graça) e passa a mão na nossa cabeça,
quando o Deus da Bíblia, que é amor, afirma: “Quem não toma a sua cruz e
não me segue, não é digno de mim. Quem acha a sua vida a perderá, e
quem perde a sua vida por minha causa a encontrará” (Mt 10.38, 39). Ou
seja, é um Deus que exige renúncia por amor a Ele. Renúncia de nós, de
nossos desejos, de nossas vontades, de nossos prazeres, daquilo que nos é
mais conveniente, daquilo que exige esforço de nós. Mas graça não é
sinônimo de moleza. “O Reino dos céus é tomado à força” (Mt 11.12). Quer
desfrutar do amor e da graça de Deus? Então ouça o que a encarnação do
amor diz: “”Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a
sua cruz e siga-me” (Mc 8.34).
Conclusão
Vivemos
dias em que um conceito equivocado sobre o que significa “amor” está
fazendo muitos cristãos acreditarem que o Deus que é amor não é mais
soberano sobre tudo o que acontece, ou não condena mais os filhos da
perdição ao fogo eterno, ou não exige obediência à custa de renúncia
pessoal. Pintamos um Deus que, em nome de um amor que não é o amor
bíblico, nos isenta de sofrimentos ou nos dispensa do cumprimento de
seus mandamentos.
O Amor bíblico
está longe de ser o amor dos contos de fadas. O Amor bíblico permite
que José passe décadas sofrendo como escravo e presidiário por um bem
maior. O Amor bíblico permite que o príncipe do Egito passe 40 anos no
deserto de Midiã e depois mais 40 no deserto do Sinai para cumprir seus
planos soberanos. O Amor bíblico entrega Seu Filho unigênito para
sofrer injustamente por multidões que não mereciam. Isso é o Amor
bíblico: um Amor que custa caro. Que é dado pela graça, mas que custa
no mínimo o preço da obediência e do respeito à vontade soberana de
Criador dos Céus e da Terra. É um Amor que não isenta aqueles que são
mais amados de serem “torturados (…) enfrentaram zombaria e açoites;
outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados,
serrados ao meio, postos à prova mortos ao fio da espada. Andaram
errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras, necessitados,
afligidos e maltratados” (Hb 11.35-37).
O
Amor bíblico é sacrificial. É um Amor que permite catástrofes e
sofrimentos porque a mente de Deus é muito mais elevada que a nossa e
chega a ser arrogante tentar compreender o porquê de o Senhor optar por
permitir tragédias que, dentro do grande esquema das coisas, poderão
cumprir um propósito maior que não entendemos (afinal “agora, pois,
vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos
face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da
mesma forma como sou plenamente conhecido”). O Amor bíblico cumpre a
Justiça divina e condena muitos sim à perdição eterna, pois é a
profundidade do vale que determina a altura da montanha da eternidade ao
lado de Cristo. O Amor bíblico exige do barro a coerência de obedecer
de modo submisso ao oleiro, sem julgar que a renúncia de vantagens
pessoais configure ausência de graça ou legalismo.
O
Amor de Deus, o Amor bíblico, entrega Cristo para a cruz. Entrega o
Cordeiro inocente para a humilhação, a tortura, a dor e a morte, pois
sabe que a leve e momentânea tribulação redundará num eterno peso de
glória. E não somos melhores que o Cordeiro. Não estamos isentos de
humilhação, tortura, dor e morte. E, se nós, japoneses, moradores da
região serrana ou qualquer outro passa por isso, temos a certeza de que
Deus está no controle e que todas as coisas contribuem para o bem dos
que o amam e andam segundo o seu propósito.
Afinal,
reconhecer que Deus é amor quando tudo vai bem é fácil. Difícil é
confessar esse amor no meio do sofrimento, da perda, da lástima, do
apedrejamento, da perda de entes queridos, de um casamento dissolvido,
do desemprego, da fome, da miséria. Bem-aventurados os que creram nesse
amor sem ter visto sua expresão poetica. Bem-aventurados os que não se
guiam por vista, mas por fé. E, afinal… não é isso que é fé? Crer com
perseverança no amor de Deus quando tudo ao nosso redor tentar nos
fazer acreditar que Deus não nos ama?
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