Por Antognoni Misael
Qual é a principal marca desta ‘geração de adoradores’? – Eu já sei. É a Som Livre: “Você adora, a Som Livre toca”…
Cá pra nós, a ‘Som Livre’ é bem sincera em dizer que “não adora”, entenderam? Ela só toca!
Gente, a Som Livre não tem tanto a ver
com o cerne da questão, mas me entendam. Desejo iniciar falando sobre a
Igreja Evangélica Brasileira. Quero sugerir que ela não é homogênea. Que
ela vive um momento de confusa decadência. Que ela não tem um
representante. Que ela se parece cada vez mais com uma empresa com metas
a lucrar. Que ela vive tempos de banalização e apostasia. E mais, que
ela perdeu o verdadeiro significado de ser IGREJA.
A principal marca dessa “Igreja” talvez
não esteja se tornado evidente em nosso meio. Exceto os minoritários
ajuntamentos de igrejas ainda sérias, cujas prioridades ainda são a
preservação da são doutrina, a qualidade da pregação, o zelo pelo
conteúdo nas canções, e a relevância de uma igreja local envolvida com
sua cidade, essa majoritária “Igreja”, que me arrisco a chamar de
“igreja sem significado” anda respingando o suor de Judas Iscariotes
pelos quatro cantos desse país, ao se vender por outras trintas moedas
timbradas de prosperidade, hedonismo e vários requintes de heresias.
Só me arrisco em dizer que a Igreja
Evangélica Brasileira não tem significado por que não consigo me
responder – quem é a Igreja Evangélica Brasileira? Qual é a cara dela?
(Não me indiquem que a cara dela é o Silas, o Feliciano, o “apóstolo A”,
o “Querubim B”, ou “Curandeiro C”…. por favor.)
Entretanto, se o significado da Igreja
Evangélica Brasileira for o que mais se evidencia nos meios de
comunicação, como a Teologia da Prosperidade, a mercantilização da fé, a
banalização do dízimo, estrelismos, e coisa e tal, não hesito em supor
que esta igreja está morta e já fede.
Isto porque em sua descrição seria fácil
identificar como principais características: o amor ao dinheiro,
desapego com a Verdade, idolatria, hedonismo, hierarquização no reino e
por aí vai…
Que Tempos! Mas, nada de novo.
Já houve tempos em que muitos souberam
da Verdade, abandonaram e deram as costas para ela. Ao lermos o que
Paulo escreveu aos Romanos no capítulo 1, de maneira alguma
dissociaremos tal Verdade a essa atual geração.
Amigos, perdoem-me, a sugestão (afinal
quem sou eu para supor isso), mas acredito que essa geração tem dado as
costas para Deus. Os discursos sobre Deus estão desbotados, ausentes de
arrependimento, humilhação e temor.
“Porquanto,
tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram
graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração
insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” (Rm
1.21,22)
Na minha pequena cidade (Guarabira-PB),
creio ver uma paisagem que reproduz o que se passa no nosso país. Novas
igrejas sendo inauguradas, cultos sendo oferecidos como cardápios de
prosperidade, escândalos após escândalos, politicagem no reino,
irrelevância social, “igrejas-seitas” chegando nos novos prédios da
cidade, e tantas coisas mais. – Não é esse o retrato na sua cidade
também? (espero que não)
Para não ficarmos só especulando, existe
apenas uma perspectiva que podemos ter para esse mundo dito
pós-moderno: uma compreensão de que o nosso país está sob a ira de Deus!
Dá pra crer?
Diante deste distanciamento da Verdade
bíblica, relembro de Deus falando de forma rígida com o profeta Jeremias
a respeito de sua IGREJA: “Se um homem repudiar sua mulher, e ela o
deixar e tomar outro marido, porventura aquele tornará a ela? Não se
poluiria com isso de todo aquela terra? Ora, tu te prostituíste com
muitos amantes” (Jr 3.1). Deus fala por repetidas vezes com o seu povo:
“Você é minha noiva”, mas nesta passagem Deus se sentia trocado por
outros “maridos”! E hoje?
Vejam que para Deus, o desviar-se dEle é
adultério espiritual, apostasia. Neste capítulo (3 Jr.) vemos que os
judeus estavam se voltando para falsos deuses. Isso nos sugere que os
falsos deuses da atualidade estão sendo promovidos por uma falsa
teologia, pois sempre que a Igreja de Cristo se desvia da Verdade, ela
está representando a meretriz e passa a estar sob a Ira de Deus.
Uma característica plena do mundo atual é
o hedonismo (prazer acima de tudo) e nos tempos do profeta Jeremias o
povo de Deus se mostrou tão hedônico quanto o dessa atual geração. Por
isso, a prosperidade que a “igreja sem significado” de hoje tanto
almeja, certamente a levará para a ruína.
“Como, vendo
isto, te perdoaria? Teus filhos me deixam a mim e juram pelos que não
são deuses; quando os fartei, então adulteraram, e em casa de meretrizes
se ajuntaram em bandos. Como cavalos bem fartos, levantam-se pela
manhã, rinchando cada um à mulher do seu próximo. Deixaria Eu de
castigar por estas coisas, diz o SENHOR, ou não se vingaria a minha alma
de uma nação como esta?” (Jeremias 5:7-9)
Adicionar legenda |
Templos vazio em Londres.
Notem o feito de uma sociedade próspera:
“depois de eu os ter fartado, adulteraram, e em casa de meretrizes se
ajuntaram em bandos”. Que triste não é, eles usaram a prosperidade deles
para o pecado. O que este quadro nos sugere para compreensão do mundo
atual? Pensemos nos países prósperos em riquezeas do norte europeu, nos
Estados Unidos, como lidaram com a Verdade de Deus quando fartos?!
Não pretendo ser conclusivo ou
fatalista. Mas, digo com certeza, ao contrário da tal “Unção Financeira
dos Últimos Dias”, oferecida pelo Silas Malafaia, riquezas não é o plano
de Deus para tornar seu povo Santo. Não que devamos ser miseráveis ou
“franciscanos”, mas esse não é o legado para a IGREJA aqui na terra! A
Graça de Deus basta!
Acredito não ser exagero sugerir que a
tal Igreja Evangélica Brasileira necessite de uma reforma e um
reavivamento. Estas duas palavras tem uma relação com o ‘restaurar’.
Restauração à doutrina pura e restauração na vida do Cristão. Os grandes
momentos da História da Igreja de Cristo vieram quando estas duas
restaurações entraram simultaneamente em ação. É tempo de pensarmos
nisto.
Agora voltando a ‘Som Livre’. Esse
gancho me serve apenas para pensar rapidamento sobre a cultura cristã.
Mas afinal, pergunto: nossa cultura religiosa é cristã? Sinceramente,
não me arrisco no SIM. Nossa cultura ao invés de cristã, eu intitularia
de cultura do engano e consumo, ou sendo menos palpiteiro, quiçá,
cultura pós-cristã.
Arte Cristã Primitiva nas catacumbas romanas. Local de culto dos primeiros cristãos.
Sinceramente, envergonha-me ver a nossa
cultura antes cristã estar relacionada aos desajeitados e confusos
astros de um segmento chamado Gospel. Pois a verdadeira cultura cristã
vista na igreja primitiva e na Reforma Protestante discursou no areópago
da Grécia Antiga encantando súditos; se revelou nas catacumbas romanas
através de cultos sem astros e “curandeiros”; contagiou as chamadas
artes seculares da Reforma Protestante contribuindo para a Renascença;
colaborou para o processo de alfabetização na Inglaterra, Alemanha, e
Países Baixos; foi fonte de inspiração para grandes nomes da História
das Artes, e, além disso, foi veículo eficaz para a propagação da
Verdade de Deus: Jesus.
Essa Cultura Cristã está mui doente,
pouco ou quase nada transforma o mundo. Falta relevância e sobra
comnércio. Infelizmente “Eles” não tem o menor desejo de salvá-la.
A “igreja sem significado” e a “cultura
sem sentido” lamentavelmente maquiada com “pó cristão”, hoje nos deixa
um triste legado: a irrelevância!
Oremos a Deus por reforma e
reavivamento, pois enquanto povo que se intitula ‘Evangélicos no
Brasil’, começo a cogitar que já estamos a ficar sob Ira de Deus.
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