Por Pr. Silas
Figueira
Certa ocasião eu ouvi a história de um homem que tinha
uma pequena mercearia, nela ele vendia de quase tudo. Só que as coisas não
estavam indo muito bem, as vendas haviam
caído um pouco. Então ele teve uma “brilhante” ideia, ele resolveu comprar
frangos e vende-los em seu comércio. Ele os comprava a cinco reais o quilo e os
revendia a quatro reais o quilo. Alguém soube disso e chamou-lhe a atenção por
ele estar tendo prejuízo nesse negócio. Mas a resposta que aquele homem deu foi
surpreendente, ele respondeu para o seu interlocutor: “E o movimente? Você viu o
quanto aumentou o movimento?”
Existem muitas igrejas assim hoje. Igrejas que para atrair uma quantidade maior
de pessoas barateiam a graça de Deus para terem um maior movimento. O prejuízo
não é da liderança, mas das pessoas que frequentam esses lugares, pois não ouvem
o Evangelho Transformador, mas um falso evangelho moldador. Um evangelho sem
valor, pois não leva as pessoas a Cristo, mas as levam a um prejuízo espiritual. Não gera vida, mas
mantém as pessoas mortas em seus delitos e pecados. É o “evangelho”
entretenimento, onde as pessoas vão para sentirem-se bem, não o Evangelho
confrontador que leva as pessoa a saírem com os olhos rasos d’água por se verem
perdidas e necessitadas do Salvador Jesus.
Como falou A. W. Tozer: "Sem
fazer-se anunciar e quase despercebida uma nova cruz introduziu-se nos círculos
evangélicos dos tempos modernos. Ela se parece com a velha cruz, mas é
diferente; as semelhanças são superficiais; as diferenças,
fundamentais.Uma nova filosofia brotou desta nova cruz com respeito à
vida cristã, e desta nova filosofia surgiu uma nova técnica evangélica – um novo
tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Este novo evangelismo emprega a
mesma linguagem que o velho, mas o seu conteúdo não é o mesmo e sua ênfase
difere da anterior. A velha cruz não fazia aliança com o mundo. Para a carne
orgulhosa de Adão ela significava o fim da jornada, executando a sentença
imposta pela lei do Sinai. A nova cruz não se opõe à raça humana; pelo
contrário, é sua amiga íntima e, se compreendermos bem, considera-a uma fonte de
divertimento e gozo inocente. Ela deixa Adão viver sem qualquer interferência".
Esse é o evangelho que tem infestado muitas igrejas.
Muitos líderes sucumbiram a esse empobrecimento teológico dando lugar a mensagem
de autoajuda e deixaram a ajuda do alto; deixaram a mensagem da cruz para
ministrarem uma mensagem onde ela se quer é citada. Mas ensinam que o ouvinte
faça sacrifícios de uma oferta X ou de uma oferta Y para alcançarem o
favor divino. E, infelizmente, muitos
acreditam nisso.
Vi recentemente um vídeo em que um determinado
pregador disse que o livro que ele havia escrito era mais importante que a
Bíblia, pois nesse tal livro as pessoas
teriam todas as respostas para a sua vida. Triste não é ouvir isso, triste é
saber que esse tal livro foi lançado por uma editora que se diz evangélica e
tendo apoio de um pastor que até alguns anos atrás era tido como uma pessoa
séria teologicamente (dentro da teologia que ele pregava).
Isso serve de alerta para todos nós que procuramos
pregar um evangelho puro e simples; com
Mamom não se brinca. Por isso que Jesus nos alertou dizendo que nós não podemos
servir a dois senhores, a Deus e as riquezas (Mt 6.24). E mas uma vez a Bíblia nos alerta, “aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia”
(1Co 10.12), nos mostrando que é
possível sucumbirmos diante das tentações.
Paulo escrevendo a Timóteo lhe alertou dizendo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes
deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus
ouvintes” (1Tm 4.16). Essas palavras precisam ecoar em nossa
consciência todos os dias. Devemos cuidar de nós
mesmos e da doutrina, não podemos nos dar ao luxo
de sermos frouxos teológicamente. Não devemos
deixar de ler a nossa Bíblia e muito menos de estudá-la, pois temos tanto responsabilidade com nós mesmos,
quanto com outras pessoas. Precisamos entender que não vivemos para nós mesmos.
Como disse o Senhor a Caim: "Onde está
Abel, teu irmão?" (Gn 4.9),
o Senhor nos faz a mesma pergunta. Somos
embaixadores do Reino e não pregamos a nós mesmos como nos falou o apóstolo paulo.
Mas fica uma
pergunta: será que temos que alertar as pessoas contra
esses falsos líderes? Creio que sim. Pois
a Bíblia nos diz que devemos fazê-lo: “Porque
existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores, especialmente
os da circuncisão. É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas
inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância” (Tt
1.10,11). Os profetas assim o fizeram, as cartas Paulinas são um alerta contra as heresias que estavam entrando
nas igrejas em sua época. As sete cartas
dirigidas as igrejas da Ásia também foram um
alerta a tais situações (Ap 2 e 3). Diante disso
não podemos nos calar.
Porém, antes de
qualquer coisa, temos que vigiar para não cairmos nessa mesma armadilha. Por
isso que o apóstolo Paulo escrevendo aos Gálatas disse: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós,
que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que
não sejas também tentado” (Gl 6.1). Paulo alerta que podemos ser
tentados também, e pior, ceder a tetação
como aluns o fizeram.
Que há um empobrecimento teológico em muitos púlpitos
isso é um fato, mas que tal coisa não ocorra conosco, pois, assim como muitos
sucumbiram a essa tentação – e não há necessidade de citarmos nomes – corremos
também o risco de cedermos também se deixarmos de confiar em Deus e sermos
guiados pelas nossas emoções e pelas aparências. Ló foi guiado pelos seus olhos
e foi parar em Sodoma. Esse é o lugar onde vai parar as pessoas que se deixam
levar pela ganância. É muito triste vermos tantas igrejas cheias de pessoas
vazias. Vazias da graça de Deus, vazias da palavra transformadora que traz
alento ao coração, vazias da Palavra que norteia a vida em todos os sentidos.
Que o Senhor nos ajude e nos guarde desse mal que tem invadido muitas igrejas.
Que o senhor o abençoe!
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