Por Arthur W. Pink
A verdadeira fé é aquela
que dá a Deus o lugar que Lhe é devido. E se dermos a Deus o Seu lugar
devido, assumiremos o lugar que nos é próprio – no pó. E o que pode
trazer a criatura orgulhosa e auto-suficiente mais rápido ao pó senão
uma visão da Divindade de Deus? Nada é tão humilhante para o coração
humano como o verdadeiro reconhecimento da absoluta soberania de Deus. O
principal problema é que muito do que é considerado fé, hoje, não passa
de frágil sentimentalismo. A fé da Cristandade, neste século XX, é mera
credulidade, e o “deus” de muitas das nossas igrejas não é o Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, mas um mero fruto da imaginação, que mentes
finitas possam entender, cujos caminhos sejam agradáveis ao homem
natural (não nascido de novo), um “deus” totalmente “igual” (Salmos
50:21) àqueles que professam adorá-lo, um “deus” a respeito do qual
quase não há mistério. Mas como é diferente o Deus que as Escrituras
revelam! DEle é dito, Seus caminhos são “inescrutáveis” (Romanos 11:33).
Para ser mais específico:
1. O “deus” moderno é completamente carente de poder.
A idéia popular, nos
dias de hoje, é que a deidade é cheia de amigáveis intenções para com os
homens, mas que Satanás está impedindo que se lhes faça algum bem. Não é
da vontade de Deus, assim nos dizem, que haja guerras, pois as guerras
são algo que os homens são incapazes de reconciliar com suas idéias da
misericórdia divina. Então, a conclusão é que todas as guerras são do
Diabo. Pragas e terremotos, fomes e furacões não são enviados por Deus,
mas são atribuídos somente às causas naturais. Afirmar que o Senhor Deus
enviou a recente epidemia de gripe (na época, matava –– Nota do Editor)
como um golpe de julgamento, iria chocar a sensibilidade da mente
moderna. Coisas como estas causam dor a “deus” pois “ele” NÃO deseja
senão a felicidade de todos.
2. O “deus” moderno é completamente carente de sabedoria.
A crença popular é que
Deus ama a todos, e que é da Sua vontade que cada filho de Adão seja
salvo. Mas, se isto for verdade, Ele está estranhamento carecendo de
sabedoria, pois Ele sabe muito bem que, sob as condições existentes, a
maioria se perderá.
3. O “deus” moderno é carente de santidade.
Que o crime merece
punição é aceito em parte, embora cada vez mais uma crença esteja
ganhando terreno: a de que o criminoso é realmente mais objeto de pena
do que de censura, e que ele precisa de educação e reforma ao invés de
punição. Mas que o PECADO –– tanto pecados em pensamentos como em atos,
pecados de coração como pecados da vida, pecados de omissão bem como de
comissão, tanto a própria raiz pecaminosa como o seu fruto –– deva ser
odiado por Deus, pecado contra o qual a Sua santa natureza se inflama, é
um conceito que saiu quase que completamente de moda; e que o próprio
pecador é odiado por Deus é negado com indignação mesmo por aqueles que
se ufanam em alta voz da sua ortodoxia.
4. O “deus” moderno é completamente carente de prerrogativas de soberania.
Quaisquer que sejam os
direitos que a deidade da Cristandade atual possa supostamente possuir
em teoria, de fato eles devem ser subordinados aos “direitos” da
criatura. Nega-se, quase universalmente, que os direitos do Criador
sobre Suas criaturas seja o do Oleiro sobre o barro. Quando se afirma
que Deus tem o direito de fazer um vaso para honra e outro vaso para
desonra, o grito de injustiça ergue-se instantaneamente. Quando se
afirma que a salvação é um dom e que este dom é conferido àqueles a quem
Deus se agrada em dar, é dito que Ele é parcial e injusto. Se Deus tem
algum dom para partilhar, Ele deve distribuir a todos igualmente, ou
pelo menos distribuí-los àqueles que merecem, não importa quem possam
ser. E assim é dada a Deus menos liberdade do que a mim, que posso
distribuir minha caridade como bem quero, dando a um mendigo um pouco
mais, a outro um pouco menos, e a um terceiro nada se assim achar por
bem.
Como o Deus da Bíblia é diferente do “deus” moderno!
O Deus da Escritura é Todo-Poderoso
Ele é aquele que fala e é
feito, que ordena e há prontidão. Ele é Aquele para quem “todas as
coisas são possíveis” e “faz todas as cousas segundo o conselho da sua
vontade” (Efésios 1:1)…
O Deus da Escritura é infinito em sabedoria
Nenhum segredo pode ser
escondido dEle, nenhum problema pode confundi-Lo, nada é difícil demais
para Ele. Deus é onisciente – “Grande é o Senhor nosso e mui poderoso; o
seu entendimento não se pode medir” (Salmos 147:5). Portanto se diz,
“Não se pode esquadrinhar o seu entendimento” (Isaías 40:28). Daí a
razão porque numa revelação dEle nós esperamos encontrar verdades que
transcendem o alcance da mente da criatura, e, portanto, é evidente a
tolice presunçosa e a impiedade daqueles que não passam de “pó e cinza”
ao tentarem pronunciar a racionalidade ou irracionalidade das doutrinas
que estão acima da razão!
O Deus da Escritura é infinito em santidade
O “único Deus
verdadeiro” é aquele que odeia o pecado com uma perfeita repulsa, e cuja
natureza eternamente se inflama contra ele. Ele é Aquele que contemplou
a impiedade dos antediluvianos e que abriu as janelas do céu derramando
o dilúvio da Sua justa indignação. Ele é Aquele que fez chover fogo e
enxofre sobre Sodoma e Gomorra e destruiu completamente aquelas cidades
da planície. Ele é Aquele que enviou pragas ao Edito, e destruiu seu
orgulhoso monarca juntamente com seus exércitos no Mar Vermelho. Deus é
tão santo e tal é o antagonismo da Sua natureza para com o mal que, por
um pecado, Ele baniu nossos pais do Éden, por um pecado Ele amaldiçoou a
posteridade de Cão; por um pecado Ele transformou a esposa de Ló numa
coluna de sal; por um pecado Ele enviou fogo e devorou os filhos de
Araõ; por um pecado Moisés morreu no deserto; por um pecado Acã e sua
família foram todos apedrejados até à morte; por um pecado o servo de
Elias foi ferido com lepra. Contemplem, portanto, não somente a bondade,
mas também “a severidade de Deus” (Romanos 11:22). E este é o Deus com
quem todo aquele que rejeita a Cristo tem que se encontrar no
julgamento!
O Deus da Escritura tem uma vontade que é irresistível
O homem fala e se
orgulha da sua vontade, mas Deus também tem uma vontade! Os homens
tiveram uma vontade nas planícies de Sinear e a dedicaram a construir
uma torre cujo topo alcançasse o céu; mas em que resultou? Deus também
tinha uma vontade, e o esforço cheio de vontade deles resultou em nada.
Faraó tinha uma vontade quando ele endureceu seu coração e se recusou a
permitir que o povo de Jeová fosse ao deserto e lá O adorasse, mas em
que resultou? Deus tinha uma vontade, também, e sendo Todo-Poderoso Sua
vontade foi realizada. Balaque tinha uma vontade quando contratou Balaão
para vir a amaldiçoar os hebreus; mas de que adiantava? Os cananitas
tinham uma vontade quando eles determinaram impedir Israel de ocupar a
terra prometida; mas até onde eles foram bem sucedidos? Saul tinha uma
vontade quando ele arremessou sua lança contra Davi, mas, ao invés de
matar o ungido do Senhor, a lança foi parar na parede.
Sim, meu leitor, e você
também tinha uma vontade quando fez seus planos sem buscar primeiro o
conselho do Senhor, e por isso Ele os fez cair por terra. Assim como uma
criança pode tentar impedir o oceano de se mover, assim também a
criatura pode tentar resistir ao desenrolar do propósito do Senhor ––
“Ah! SENHOR, Deus de nossos pais, porventura não és tu que dominas sobre
todos os reinos dos povos? Na tua mão está a força e o poder, e não há
quem te possa resistir” (2 Crônicas 20:6).
O Deus da Escritura é Soberano absoluto.
Tal é a Sua própria reivindicação: “Este
é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão
que está estendida sobre todas as nações. Porque o SENHOR dos Exércitos
determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem,
pois, a fará voltar atrás?” (Isaías 14:26 e 27).
A Soberania de Deus é absoluta e irresistível: “Todos os habitantes da terra são por ele reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel 4:35).
A Soberania de Deus é verdadeira não só hipoteticamente, mas de fato. Isto quer dizer, Deus exercita Sua soberania, a exercita tanto na esfera natural quando na espiritual. Um nasce negro, outro branco. Um nasce em riqueza, outro em pobreza. Um nasce com um corpo saudável, outro enfermo e defeituoso. Um é cortado na infância, outro vive até a velhice. A um são dados cinco talentos, a outros só um. Em todos estes casos é Deus o Criador que faz com que um seja diferente do outro, e “ninguém pode deter Sua mão”. É assim também na esfera espiritual. Um nasce em lar piedoso e é criado no temor e na admoestação do Senhor; o outro é nascido de pais criminosos e é criado no meio do vício. Um é objeto de muitas orações, por outro não se ora. Um ouve o Evangelho desde a infância, outro nunca o ouve. Um senta-se sob o ministério de alguém que ensina as Escrituras, outro não ouve anda senão erros e heresias. Daqueles que ouvem ao Evangelho, um tem o seu coração “aberto pelo Senhor” para receber a verdade, enquanto outro é deixado para si mesmo. Um é “ordenado para a vida eterna” (Atos 13:48), enquanto que outro é “ordenado” para condenação (Judas 4). Para quem Deus quer Ele mostra misericórdia, e para com quem Ele quer, Ele “endurece” (Romanos 9:18).
A Soberania de Deus é absoluta e irresistível: “Todos os habitantes da terra são por ele reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel 4:35).
A Soberania de Deus é verdadeira não só hipoteticamente, mas de fato. Isto quer dizer, Deus exercita Sua soberania, a exercita tanto na esfera natural quando na espiritual. Um nasce negro, outro branco. Um nasce em riqueza, outro em pobreza. Um nasce com um corpo saudável, outro enfermo e defeituoso. Um é cortado na infância, outro vive até a velhice. A um são dados cinco talentos, a outros só um. Em todos estes casos é Deus o Criador que faz com que um seja diferente do outro, e “ninguém pode deter Sua mão”. É assim também na esfera espiritual. Um nasce em lar piedoso e é criado no temor e na admoestação do Senhor; o outro é nascido de pais criminosos e é criado no meio do vício. Um é objeto de muitas orações, por outro não se ora. Um ouve o Evangelho desde a infância, outro nunca o ouve. Um senta-se sob o ministério de alguém que ensina as Escrituras, outro não ouve anda senão erros e heresias. Daqueles que ouvem ao Evangelho, um tem o seu coração “aberto pelo Senhor” para receber a verdade, enquanto outro é deixado para si mesmo. Um é “ordenado para a vida eterna” (Atos 13:48), enquanto que outro é “ordenado” para condenação (Judas 4). Para quem Deus quer Ele mostra misericórdia, e para com quem Ele quer, Ele “endurece” (Romanos 9:18).
Fonte: Revista Os Puritanos Via: Resistir e Construir
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