Por Johnny Bernardo
“Vós sois a luz do
mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se
acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e
alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa
luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.14-16).
Entendida como o corpo
de Cristo, a Igreja tem como obrigação iluminar o mundo, refletir o
brilho de Cristo entre as nações. Ao comparar a Igreja como a luz do
mundo, uma cidade edificada sobre um monte e uma candeia sobre um
alqueire, Jesus descreve a importância dela como guia ou condutora dos
que se encontra em trevas, dos viajantes sem um referencial.
Em outras palavras,
Jesus declara que a Igreja – principalmente ao comparar com uma cidade
edificada sobre um monte – não nasceu ou foi criada para viver alineada
da sociedade, da planície que a rodeia. Não deve se isolar, mas assumir
suas obrigações enquanto cidade/igreja-referência. É impossível esconder
uma cidade sobre uma colina.
Nos últimos anos
observamos o inverso: apesar do crescimento numérico, maior presença nos
meios de comunicação, diversas denominações evangélicas gradualmente se
afastam da sociedade, se isolam em suas liturgias, reuniões e cultos
rotineiros. Não há mais diálogo com a sociedade, com a comunidade que
cerca a igreja local. Criou-se um ritualismo ou clubinho religioso que
não mais reflete o amor de Cristo, mas um farisaísmo alienante,
sufocante. Não há, em suma, vida, luz, movimento. Quando nos isolamos
dentro de quatro paredes e nos esquecemos de que há uma missão a ser
cumprida, não honramos nossa chamada, nossa maior vocação, que é ser
representante de Cristo, do Reino de Deus. Ser uma cidade edificada
sobre o monte é ser um referencial para um mundo em decadência.
Jesus, em sua oração
intercessória, não rogou ao Pai para que nos tirasse do mundo, mas para
que nos livrasse do mal. ”Não peço que os tires do mundo, mas que os
livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou” (Jo 17.
15-16). Não obstante nossa morada esteja no céu (Jo 14.1-3), de onde
Jesus virá nos buscar (At 1. 11; 1 Ts 4.16-18), ainda somos cidadãos do
mundo; ainda trabalhamos, estudamos, compartilhamos espaços públicos e
privados com pessoas das mais diversas religiões, partidos políticos,
etnias, raças. Temos que conviver com as pessoas – obviamente nos
mantendo longe do pecado, da imoralidade típica da pós-modernidade -,
estar ao lado dos pobres e oprimidos. Como luz do mundo e cidade
edificada sobre um monte, brilhamos em meio a uma geração perversa e
pecadora, servindo de guia para que outros alcancem a parte mais alta do
monte, onde o Messias nos espera.
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