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Por Ricardo Mamedes
Não
há como negar que em algum momento das nossas vidas nós tenhamos
refletido sobre o significado e a necessidade da expiação, da morte
vicária de Cristo, o seu sacrifício substitutivo. Por quê? Qual a
necessidade real desse evento tão estranho?
Eu
mesmo já ouvi ou li considerações a respeito de que Deus, sendo
Todo-Poderoso, poderia simplesmente perdoar a todos os pecadores, sem a
necessidade de lançar mão de tal "malabarismo", de tamanha atrocidade
para justificar pecadores renitentes, que jamais mereceriam tamanho
sacrifício. Bastaria a Ele dizer: "estais perdoados das vossas ofensas contra mim, dos seus pecados, das tantas transgressões".
E então os incrédulos, ateus e liberais de todos os vieses buscam na Onipotência do Criador a desnecessidade da expiação. E eis que se criam as "demitologizações" do Evangelho: a morte de Cristo passa a ser um mito, quase uma "parábola", algo que "de maneira alguma ocorreu". E relativizando o Evangelho, tornando o sacrifício de Cristo um mito, relativiza-se toda a Verdade Escriturística, e acabam matando Deus e construindo apenas um deus qualquer.
E então os incrédulos, ateus e liberais de todos os vieses buscam na Onipotência do Criador a desnecessidade da expiação. E eis que se criam as "demitologizações" do Evangelho: a morte de Cristo passa a ser um mito, quase uma "parábola", algo que "de maneira alguma ocorreu". E relativizando o Evangelho, tornando o sacrifício de Cristo um mito, relativiza-se toda a Verdade Escriturística, e acabam matando Deus e construindo apenas um deus qualquer.
Rudolph Bultmann, do alto da sua "sapiência", ao duvidar da expiação, assim assevera:
"Como
pode a culpa de um homem ser expiada pela morte de outro homem
impecável - se é que se pode falar de um homem impecável , afinal? Que
primitivas noções de culpa e retidão isso deixa explícitas? E que
primitiva ideia de Deus? O raciocínio acerca dos sacrifícios em geral ,
naturalmente, pode lançar alguma luz sobre a teoria da expiação; mas,
mesmo nesse caso, quão primitiva é a mitologia em que um Ser Divino pôde
encarnar-se e fazer expiação pelos pecados humanos através do seu
próprio sangue! ... Outrossim, se Cristo que teve tal morte foi o
pré-existente Filho de Deus, que significação poderia ter tido a morte
para Ele? Obviamente, pouquíssimo, se sabia que iria ressuscitar dentre
os mortos no espaço de três dias!"
Portanto,
esses luminares do pensamento teológico liberal colocam em dúvida a
expiação, negando o Evangelho. Em que deus eles acreditam - se é que
acreditam em qualquer deus - posto que a única palavra que conhecemos
como sendo do Deus único é a Bíblia? No momento, pois, em que a Bíblia é
relativizada, colocada em dúvida na sua literalidade, o Deus ali
expresso, manifesto e revelado, já não é mais Deus. Em quê se fiarão os
crentes se a Palavra da revelação, até então reconhecida como inerrante,
passa a não mais ser absoluta? Sobraria tão somente o desespero
existencial de Sartre ou o assassínio de Deus, propalado por
Nietzsche...
Interessantíssima é a ilação feita por B. B Warfield sobre a necessidade da expiação, senão vejamos:
"É
característica distintiva do cristianismo... não que pregue um Deus de
amor, mas que pregue um Deus de consciência. Um Deus benévolo, sim: os
homens tem moldado um Deus benévolo para si mesmos. Um Deus inteiramente
honesto, porém, talvez nunca. Isso foi deixado ao encargo da revelação
que o próprio Deus nos daria de si mesmo. E essa é a característica
realmente distinta do Deus da revelação: Ele é um Deus inteiramente
honesto, um Deus inteiramente consciente - um Deus que trata
honestamente Consigo mesmo e conosco. E um Deus inteiramente
consciencioso, podemos estar certos, não é um Deus que possa tratar com
os pecadores como se eles não fossem pecadores. Nesse fato jaz a mais
profunda base para a necessidade da expiação."
Na
verdade, é facilmente compreensível esse sacrifício substitutivo,
quando Deus-Pai oferece Deus-Filho como expiação necessária ao pecado de
muitos. Basta imaginar Deus em toda a Sua glória; Perfeito, Justíssimo,
Imaculado. Como esse Ser Supremo poderia aceitar pecadores contumazes,
miseráveis e podres conspurcando a Sua Eternidade, a Sua "casa"
celestial? É algo completamente impossível, se sabemos que as trevas não
coabitam com a Luz. A perfeição de Deus jamais poderia ser maculada
pelo pecado humano.
Não
havia outra solução, eis que a única saída estava no próprio Deus e
consistia em Ele dar-se, na pessoa de Seu Filho Unigênito, em Sacrifício
agradável a Si mesmo. Incrível isso não? Somente a sua Deidade seria
suficiente para limpar os pecados do mundo, tornando isso possível
àqueles que recebessem ao Filho, por intermédio da Sua infalível Graça
(Efésios 2:89), de tal maneira que ao homem não remanescesse mérito
algum. O processo é todo de Deus (Filipenses 2:13) e não concede ao
homem qualquer mérito.
Portanto,
a falácia de que mesmo o homem pode perdoar o seu semelhante - e isso
de fato ocorre - tanto mais poderia fazê-lo Deus, não procede pelos
motivos acima alinhavados.
O Apóstolo Paulo assevera com absoluta clareza e convincentemente o motivo da expiação:
"Pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados
gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo
Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a
fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixados impunes os pecados anteriormente cometidos , tendo em vista a
manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e
o justificador daquele que tem fé em Jesus" (Romanos 3:23-26).
Como
se vê, Deus é tanto justo como justificador. Pertence a Ele todo o
mérito da salvação, assim como a necessidade de entregar o Filho como
expiação pelos pecados de tantos quantos tenham fé em Cristo,
tornando-os aceitáveis a serem recebidos como filhos por adoção. Nós
fomos reconciliados com Ele por intermédio dEle mesmo (Romanos 5:10),
quando éramos ainda ímpios e pecadores (Romanos 5:8), e essa é a prova
do grande amor de Deus por nós (os seus filhos).
Merecimento
não tínhamos, mas fomos salvos pelo grande amor de Deus e pela riqueza
de Suas misericórdias, conforme mais uma vez aduz o Apóstolo tardio em
Sua Carta aos Efésios:
"Mas
Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor que nos
amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente
com Cristo - pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos
ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus"
(Efésios 2:4-7).
Louvado, pois, seja o Santo nome do Senhor Deus que nos salvou imerecidamente, dando o seu filho como sacrifício agradável, para, em si, e por si mesmo, receber-nos como filhos eternamente. Glórias sejam dadas ao Altíssimo!
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