Há tantos tipos de igrejas quanto de
pastores. Se você estivesse a procura de uma para frequentar, sobre qual
delas cairia a sua escolha? Quais seriam os critérios que você usaria
para fazer a sua seleção? Tomei a liberdade de dividi-las em três
grandes grupos, apenas para facilitar a sua visualização do “mercado
religioso” nacional.
As do ‘grupo A’ são as que atraem por
dois fortes apelos: bem-estar e espetáculo. Sob uma ênfase pragmática
simples – os homens têm muitos problemas e queremos dar solução à todos
eles – elas oferecem solução apropriada para cada caso, com rituais
específicos em dias específicos, os quais, garantem eles, vão aplacar a
ira dos espíritos malditos e desembaraçar as tramas infernais, tecidas
inteligentemente para a destruição do matrimônio, da saúde e das
finanças das pessoas. Dentro deste mesmo grupo, adeptas da teologia do
bem-estar, também estão aquelas igrejas que capricham no cenário do
espetáculo, oferecendo experiências muito semelhantes a qualquer uma das
oferecidas pelos inúmeros teatros da broadway: euforia e doses maciças
de endorfina. Nesse ambiente, a audiência grita, berra, pula, canta,
mesmo sem saber o que está cantando, pois tudo o que se busca não é
culto racional, o alvo é a sensação.
As do ‘grupo B’ são as que fascinam pelo
misticismo. Visões, arrebatamentos de sentidos, quedas, risos, choros,
açulamento emocional, e uma forte personalidade por trás de um microfone
(ou sem ele), impondo autoridade pelo volume da voz e de afirmações
sobre a presença de seres celestiais e infernais, em batalhas violentas
entre o bem e o mal, que certamente imporiam a J. K. Rowling e seu
personagem Harry Potter o lugar de figurantes. Igrejas deste grupo fazem
muito sucesso num país cuja religiosidade foi formada em torno de ocas e
senzalas.
Outro detalhe, digno de um parágrafo
exclusivo, que une as igrejas do grupo ‘A’ e ‘B’, é o forte apelo
financeiro por trás dos seus serviços. Para elas, dinheiro é artefato de
culto, por isso, dedicam um tempo considerável construindo argumentos e
mecanismos para arrancar o máximo dos seus adeptos, também fascinados
com os lucros que a divindade poderá lhes dar dos seus ‘investimentos’.
Em seus ambientes vende-se de tudo e seus pastores mais parecem com
mascates do que com embaixadores.
Finalmente, as do ‘grupo C’,
comprometidas com a reflexão sobre o texto sagrado, e totalmente
desvinculadas da máxima romana de que o povo necessita de pão e circo,
oferecem um ambiente mais devocional, cânticos contextualizados com a
fé, e uma séria dedicação pastoral associada ao serviço e ao ensino.
Tais igrejas, não comovem pelo espetáculo mas por sua seriedade e
respeito aos seus membros. Elas também falam em dinheiro, dízimos e
ofertas, não como artefatos de culto, mas como um instrumento de
sustento da proclamação da verdade.
Que tipo de igreja você quer? É só escolher.
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