Por Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Ganhei um bom livro: A teologia do cachorro e do gato. O
título é estranho? Mas seu conteúdo é sério. Os autores, Sjogren e
Robinson, começam com uma anedota sobre cachorros e gatos. O cachorro
diz: “Você me acaricia, me alimenta, me abriga, me ama. Você deve ser
Deus”. O gato diz: “Você me acaricia, você me alimenta, me abriga, me
ama, eu devo ser deus”. A seguir, os dois mostram as diferenças entre
cristãos tipo cachorro e tipo gato.
O cachorro segue por amor, é dedicado, põe a vida no
reino. O gato quer coisas boas, mas sem compromisso. Quer promessas, o
cuidado de Deus, da igreja, do pastor. Não se preocupa em ser útil,
instrumento nas mãos de Deus. Ele é seu mundo.
Os autores ainda dizem que “Os cães têm donos, os
gatos têm funcionários”. Sei disso. Tive vários gatos: Jairzinho,
Schleiemacher, Kierkegaard, Platão, Sócrates, Mahavira. Éramos seus
servidores.
O livro focaliza os dois tipos se portam no
tocante ao senhorio de Deus. O cachorro tem Deus como Senhor em qualquer
circunstância. O gato tem Deus como Senhor enquanto receber bênçãos.
Quando as coisas apertam, os crentes gatos somem da igreja! E, havendo
mais vantagem do outro lado, o crente gato vai para lá. Se o mundo
apresentar uma proposta de mais felicidade (os gatos só buscam bênçãos e
felicidade) o evangelho será deixado e a igreja abandonada. O crente
gato se rege pela lei de Gérson: levar vantagem.
Jesus falou a ouvintes tipo gatos: “A verdade é
que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais miraculosos,
mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos” (Jo 6.26). A multidão
não ligava para ele. Queria barriga cheia. Há gente assim, que não ama a
Jesus. Só quer coisas boas.
Platão disse que “Odiamos a injustiça não por
amor à justiça, mas com medo de que a injustiça caia sobre nós”. Ou
seja: muitos dos nossos sentimentos e ações não são motivados por amor à
verdade, mas por interesse. Uma vida cristã sadia não se pauta por
interesse. O fundamento é o amor. Deus não deve ser buscado pelo que nos
pode dar (ele já nos deu, e muito!), mas por aquilo que ele é. Jesus
deve ser seguido não como se fosse a fada madrinha, com uma varinha
mágica para resolver nossos problemas. Mas porque é Jesus Cristo, o
incomparável, com uma proposta de vida que ninguém iguala, e na qual nos
realizamos por ser a vontade de Deus para nós.
Gato é charmoso. Chamar alguém de “gato” é um
elogio. E de cachorro, uma ofensa. Mas em matéria de teologia, como
dizem Sjogren e Robinson, a melhor é a do cachorro. É sadia. A do gato é
desfocada e mesquinha. Neste sentido, seja um cachorro. Crentes gatos
são infantis.
Fonte: Isaltino Gomes Coelho Filho
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