Por Leonel Elizeu Valer Dos Santos
“Está
escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da
boca de Deus…Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.” Mt
4.4-7
É comum depararmos com
coxos espirituais; digo, os que têm a perna da graça “sarada”, e a da sã
doutrina, atrofiada. Chegam a opor Jesus à Bíblia, quase como se fossem
excludentes. Essa seria legalista, fria; enquanto Ele é amor, graça,
salvação. Afirmam a irrelevância da vida pregressa dos candidatos a
salvos como se fosse uma revelação ao invés do “óbvio ululante”.
Qualquer pecador, por mais sujo que esteja traz em si os “méritos”
necessários para ser salvo; está morto, e precisa reviver, como o
pródigo.
Entretanto, quando essa
obviedade pacífica passa a ser argumento contra a disciplina dos salvos,
surgem as primeiras digitais da vigarice espiritual e intelectual. Como
as instruções normativas aos salvos derivam basicamente das epístolas,
não diretamente de Jesus, seriam irrelevantes, de menos valia; quando
não, contaminadas pelo farisaísmo; de Paulo, sobretudo.
Ora, nos textos supra, o
Senhor derrota satanás com palavras “de Moisés”, ao invés de criar algo
novo, mesmo podendo. Mais que isso; quando o Allan Kardec da vez tentou
criar o espiritismo, o Senhor remeteu a Moisés e aos profetas como
melhor alternativa: “…Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” Lc 16.29.
Embora, aqueles seriam do Velho Testamento, não estavam obsoletos a
ponto de ser desconsiderados.
Suspeito que essas
ênfases na graça não visam colocar em relevo o óbvio; mas, pacificar sem
mediador ao pecador contumaz. Claro que renovamos todos os dias nossos
erros, e, paralelamente a misericórdia se “renova a cada manhã”; como
enfatizou Jeremias. Isso não basta para que pretendamos andar sem
disciplina, como adverte a epístola aos Hebreus;“Porque o Senhor
corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se
suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a
quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos
são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.” Hb 12.6-8.
Na verdade Cristo tornou
a Lei mais rigorosa em Sua releitura; ensinou a ir além das expressões
visíveis buscando as sementes, no coração. A diferença em relação ao
Antigo Testamento é que Seu sacrifício basta, não carece ser renovado;
nosso arrependimento, sim. O Advogado não cria processo sem petição do
cliente.
O legalismo não consiste
em observar a Lei; antes, em descansar na aparente observância
ignorando a intenção espiritual no preceito da mesma. Por isso o Senhor
advertiu: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” Mt 5.20.
Não se trata de pleitear
salvação pelas obras; mas, de evitar que a graça seja barateada a tal
ponto, que venha a prescindir dos devidos frutos que testificam o que
ela fez. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 3.10.
O Renovo da “raiz de
Jessé” não brotou para fazer sombra nas árvores adoecidas ; antes, para
mudar suas naturezas. Onde isso não ocorreu, resta trabalho a ser feito;
“… todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar do espinheiro
crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o
Senhor por nome, e por sinal eterno, que nunca se apagará.” Is
55.12-13.
Embora seja muito mais
confortável parecermos “legais”, por incrível que pareça, somo
desafiados a ser santos; não “canonizados” após a morte dado o
reconhecimento de dois milagres, como faz o catolicismo; antes,
demonstrando em vida a eficácia de dois milagres: A salvação, e a
santificação mediante o Espírito. Isso deve ser tão visível, quanto uma
cidade edificada sobre um monte; radiante como a luz, relevante como o
sal. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mt
5.17.
Enfim, não há
dificuldade com o passado de nenhum pecador; antes, com o presente de
ministros que se esforçam mais em agradar aos homens que a Deus. A
Palavra de Deus foi rejeitada em Moisés, em Josué, em Samuel, em Jesus,
sobretudo; em Paulo… por que não o seria em nós?
Ainda assim, nosso papel
é anunciar retamente a mensagem da graça que desafia o agraciado com um
sonoro, “não peques mais”! Se gastarmos nosso tempo martelando a penha
da doutrina para alargar o caminho estreito seremos inúteis a Deus e aos
homens. Esperar da graça mais do ela dá, acabará em desgraça.
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