Por Augustus Nicodemus Lopes
Afinal,
qual a importância de um casamento sólido e duradouro para o ministério
pastoral? Paulo escreveu que “é necessário que o bispo … seja esposo de
uma só mulher” (1Tm 3.2). Podemos interpretar essa passagem de duas ou
três maneiras diferentes, mas todas elas, ao final, falam da necessidade
de um casamento exemplar para os líderes cristãos. Creio que há vários
pontos que podem ser mencionados aqui.
O primeiro é a paz e o sossego que um
casamento estável oferece e que se refletem inevitavelmente na lide
pastoral. O segundo ponto é o exemplo, para os filhos, se houver, e para
os casais da igreja que pastoreia. Todos esperam que o casamento do
pastor seja uma fonte de inspiração e exemplo. Casamentos que dão certo e
duram a vida toda funcionam como uma espécie de referencial para os
demais casamentos, especialmente se for o casamento do pastor.
O terceiro ponto é a questão da
autoridade. Não era esse o receio de Paulo, que após ter pregado a
outros não viesse ele mesmo a ser desqualificado? (1Co 9.27). Qual a
autoridade de um pastor divorciado já pela segunda ou terceira vez para
exortar os maridos da sua igreja a amarem a esposa e a se sacrificar por
ela? Essa história aconteceu com um pastor que foi colega meu de
seminário. Certo dia, falando na igreja sobre os deveres do marido
cristão, sua própria esposa se levantou no meio do povo e disse, “É tudo
mentira, ele não faz nada disso em casa!”. O pastorado daquele colega
acabou ali mesmo.
Mas tem um quarto ponto. Pastores que já
vão no segundo ou terceiro casamento estão passando a seguinte mensagem
para os casais da igreja: “O divórcio é uma solução legal e fácil para
resolver os problemas do casamento. Quando as coisas começam a ficar
difíceis, o caminho mais rápido é o da separação e o recomeço com outra
pessoa”. Essa mensagem é também captada pelos jovens, que um dia
contrairão matrimônio já pensando no divórcio como a saída de incêndio.
Não que eu seja absolutamente contra o
divórcio. Como calvinista, entendo que o divórcio é permitido naqueles
casos previstos na Escritura, que são o adultério e a deserção obstinada
(Mateus 19.9; 1Coríntios 7.15; ver Confissão de Fé de Westminster XXIV,
6). Sou contra a sua obtenção por quaisquer outros motivos, mesmo que
fazê-lo seja legal no Brasil.
Fico me perguntando se, ao final, tudo
isto, não é uma versão moderna e evangélica da velha poligamia. Como ela
é proibida no Brasil e rejeitada por uma parte das igrejas, alguns
pastores acharam esse meio de ter várias mulheres durante o seu
ministério, embora não ao mesmo tempo, que é casar-se várias vezes em
seqüência, com mulheres diferentes.
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