por Lya Alves
Primeiro vamos estabelecer alguns pontos.
O Evangelho não precisa de muletas, nem de animadores de palco. O
Evangelho não é entretenimento, é cruz. Gosto muito do sermão “apascentando ovelhas ou entretendo bodes”,
de Spurgeon. Também acho que não é tarefa da igreja promover
entretenimento aqueles que não tem prazer no Evangelho. Dentre os 5
ministérios, não está citado o de “animador de auditório”. Mas o serviço
missionário faz a gente obrigatoriamente revisar alguns conceitos e
submetê-los á aprovação divina.
Quando falo da comunidade do Morro menino
de Deus, estou me referindo a Rio de Janeiro. Após aquele episódio de
intervenção militar nos morros do Rio de janeiro várias comunidades
foram pacificadas e tiveram UPP’s instaladas. Várias, mas não todas.
Instaladas as UPP’s , morreu o assunto. As cidades de Niterói e São
Gonçalo, porém, não tem UPP’s, e se tornaram cidades-refúgio para os
traficantes dos morros do Rio de Janeiro. Repentinamente o índice de
violência se tornou assutador, a ponto dos moradores se reunirem numa passeata pela Paz na cidade. Assim,
Niterói e São Gonçalo foram invadidas pelos fugitivos da “guerra no
Rio”, apesar do governador e do prefeito do Rio terem os louros da
vitórias obre o crime organizado.
Nesse contexto violento, conheci a
missionária Janaína, que tem um trabalho missionário no Morro Menino de
Deus com as crianças locais. A idéia é evangelizar as crianças antes
que sejam adotadas pelo tráfico. Naquela localidade, 12 anos já é muito
tarde. Mas Deus colocou em seu coração alcançar os traficantes. E foi
nesse ponto que nos conhecemos e começamos a orar por uma estratégia
para alcançar o povo do tráfico. Isso significa que precisamos nos
aproximar. Isso significa risco. No primeiro dia que a conheci, ela me
levou aos famosos locais de “desova” na comunidade pra eu enteder bem
onde estava me metendo.
“Por esta causa me ponho de joelhos”
– Começamos a ora por esta causa e começamos a ver o resultado da
oração. Um dos resultados foi o dia que Deus nos disse que estava
abrindo portas para pregar o evangelho naquele local. Portas que nunca
foram abertas antes. Dias depois, um irmão entrou no baile funk e pediu
para pregar. Depois disso, os traficantes pediram para pregarmos durante
o baile. Definitivamente, uma porta aberta por Deus. Na primeira vez,
quatro pessoas se converteram durante o baile funk. Na segunda o clima
ficou estranho, havia um cheiro de morte no ar e os missionários se
retiraram. mas a porta que Deus abre, ninguém fecha…
Então, a estratégia dada por Deus foi
realizarmos o Graffiti Evangelista, um projeto que existe desde 2008 na
forma de oficinas de graffiti (o Philosoffiti) , e que tem o mutirão
como evento principal de evangelismo. A grande pergunta é: como pode um
monte de grafiteiros contribuir para o Evangelismo através da sua arte?
Certamente não é pela pintura, nem pelo muro. Não é com isso que
evangelizamos, é com o Espírito Santo, que nos dá a unção que despedaça
todo jugo e com a Palavra de Deus, a Palavra viva e eficaz, apta pra
discernir pensamentos e intenções do coração. Mas, o “Bando de
Deus”precisava de um pretexto para estar ali reunido e o mutirão de
graffiti foi muito bem recebido, e a comunidade, impactada. Após o
graffiti Evangelista, pediram que os evangelistas
levassem o teatro de rua no Baile funk. E Lá estaremos com teatro de rua, louvor profético e palavra de arrependimento.
levassem o teatro de rua no Baile funk. E Lá estaremos com teatro de rua, louvor profético e palavra de arrependimento.
Sim, eu amo a mensagem da cruz -
Creio profundamente no potencial transformador da cruz de Cristo. Assim
como Cristo transformou a cruz, sinônimo de morte e castigo, em símbolo
de vida e perdão, creio que podemos transformar o Baile funk. para aquelas quatro vidas que se converteram, o baile funk foi um Pentecostes.
O Graffiti Evangelista, foi realizado no
domingo(10/03/2013), além de deixar a comunidade mais colorida com o
graffiti, teve programação com teatro de rua, animação, malabares, rap,
assistência de enfermagem e evangelismo nas casas. Impactamos a
comunidade com os graffitis, com a programação, com a visita nas casas,
tudo acontecendo ao mesmo tempo! Arte, cultura, quebrantamento! A
cultura do Reino sendo propagada bombasticamente. Respiramos Jesus o dia
todo. de Bem aventurados os que viram e ouviram o som do MC Deivd
Charles abrindo o evento, o som do V1da Crew(o refrão “Quem tá no
piloto? Jesus!!”- marcou), e claro, André Alves com o louvor profético e
poético, e fechamento ministração de Janaína e minha, também.
No domingo seguinte, retornei ao Morro
Menino de Deus para realizar uma oficina de graffiti gratuita para a
comunidade e também para fazer mais intervenções nos muros.
Como falei, o Evangelho não precisa de
entretenimento, este não é o papel da igreja. Mas é papel da igreja
alcançar os perdidos que se afogam no mar da vida. E, se a cultura for o
meio de nos aproximarmos daqueles que são excluídos da sociedade,
daqueles que ninguém quer, daqueles que são oprimidos pelo sistema
mundano e diabólico, então que assim seja feita a vontade de Deus. Não
tenha dúvidas: Jesus quer os perdidos, inclusive aqueles que andam
fortemente armados e andam vestidos com violência. Para estes Jesus quer
dar vestes novas. Para os que tem sangue nas mãos, Cristo quer lava-los
da imundície do pecado, e para queles que querem sair do tráfico, mas
não sabem como, Ele ainda é A Porta.
Agradecemos a todos que participaram, às
meninas da cozinha que fizeram o lanchinho e o almoço com todo o carinho
naquele calorããããao que fez no dia, á Janaína e Ricardo que ousaram
dar ouvidos á voz de Deus, ao pessoal de São Paulo que veio na fé e na
coragem,enfim, a todos, pessoal, vocês fizeram a diferença. Obrigada por
deixar a zona de conforto, obrigada pelo amor ágape em seus corações,
obrigada por se importarem com os perdidos e não amarem suas vidas mais
do que a Cristo. Nem as águas podem apagar esse amor, nem os rios
afogá-lo!
A você, leitor, oro para que entenda que
avivamento é muito mais do que gritos e danças: é ouvir a voz do que
clama no deserto e preparar a o Caminho do Senhor; é ouvir o coração do
perdido, é ouvir a criação que anseia deseperadamente pela
manifestação dos Filhos de Deus e dizer:”eis-me aqui”. Quer ter uma
experiência profunda com Deus? Venha fazer missões. Saia da superfície e
mergulhe no rio de Deus.
Mais fotos na página do Ninho das Águias no Facebook, no blog do Ninho e na pág. do Ministério A Gosto de Deus.
Em Cristo,
Lya Alves
Lya Alves
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