A descoberta de vida alienígena, o uso de medicamentos para
aumentar a capacidade cognitiva e a mudança completa das condições
climáticas na Terra podem implicar em dilemas éticos e provocar
alterações na maneira como a sociedade se organiza e em como ela vê a si
mesma, aponta a oitava edição do relatório Riscos Globais, do Fórum
Econômico Mundial, divulgado esta semana. A organização listou cinco
“fatores X” que gostaria de ver nos debates da comunidade internacional
em 2013 por terem consequências incertas para o futuro da humanidade.
Descoberta de vida extraterrestre
Dado o ritmo de exploração do espaço, é cada vez mais provável se descubra a existência de vida alienígena no sistema solar. Mas quais seriam as consequências dessa descoberta para o fluxo de financiamento da ciência e para a imagem que a humanidade tem de si mesmo?
Dado o ritmo de exploração do espaço, é cada vez mais provável se descubra a existência de vida alienígena no sistema solar. Mas quais seriam as consequências dessa descoberta para o fluxo de financiamento da ciência e para a imagem que a humanidade tem de si mesmo?
De acordo com o relatório, supondo que astrônomos descubram um
planeta que possa servir como uma futura casa para a humanidade, ou
detectem a existência de vida em nosso Sistema Solar, esses avanços
trariam sérias implicações.
Os cientistas iriam deslocar um grande contingente de missões
robóticas e humanas para estudar o local, apoiados por agências de
financiamento entusiasmadas com as descobertas. No longo prazo, haveria
profundas implicações psicológicas e filosóficas desencadeadas pela
descoberta de vida extraterreste, desafiando a religião e a filosofia
humana, diz o relatório. Para evitar que isso ocorra, o texto aponta a
necessidade de campanhas de sensibilização do público, prevenindo a
população contra as consequências sociais de descobertas tão profundas e
contra a mudança de paradigma quanto à posição da humanidade no
universo.
Habilidades super-humanas
Antes reservadas à ficção científica, as habilidades sobrehumanas estão se aproximando rapidamente do nosso horizonte de plausibilidade. Mas quais seriam as implicações éticas destes avanços?
Antes reservadas à ficção científica, as habilidades sobrehumanas estão se aproximando rapidamente do nosso horizonte de plausibilidade. Mas quais seriam as implicações éticas destes avanços?
O documento do Fórum Econômico Mundial aponta que os cientistas estão
trabalhando duro para desenvolver medicamentos e terapias que livrem o
cérebro humano de doenças neurológicas, como o Mal de Alzheimer e a
esquizofrenia. Embora o progresso tenha sido lento, o relatório afirma
que, num futuro próximo, pesquisadores irão identificar compostos que
melhorem os atuais estimulantes cognitivos, por exemplo, a ritalina –
medicamento indicado para pessoas diagnosticadas com transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade.
Embora sejam prescritos para tratar doenças neurológicas, os novos
compostos capazes de melhorar a inteligência ou a cognição poderão ser
usados ilegalmente por pessoas saudáveis à procura de vantagens no
trabalho ou estudo, destaca o relatório. O texto afirma ainda que os
novos tratamentos irão trazer sérios conflitos éticos, estando
disponíveis no mercado somente para quem puder pagar por eles.
custo de viver mais
A expectativa de vida das população tem aumentado nos últimos anos, mas será que a humanidade não está traçando as bases para a criação de uma sociedade futura fadada a lidar com uma massa de idosos, doentes e debilitados?
A expectativa de vida das população tem aumentado nos últimos anos, mas será que a humanidade não está traçando as bases para a criação de uma sociedade futura fadada a lidar com uma massa de idosos, doentes e debilitados?
São esperados, num futuro próximo, grandes avanços na medicina para
evitar e tratar doenças como câncer, problemas no coração e acidente
vascular cerebral, destaca o relatório. No entanto, o texto alerta para a
necessidade de analisar o impacto de uma sociedade com um número
crescente de idosos enfermos, protegidos das doenças que mais causam
mortes, mas com uma qualidade de vida deteriorada por conta de outros
males.
De acordo com o artigo, esse cenário exige que sejam difundidos
hábitos que melhorem a qualidade de vida e afastem possíveis patologias,
como a prática de exercícios físicos. Ao mesmo tempo, é preciso tomar
medidas para mitigar os custos decorrentes do aumento da população de
idosos, por exemplo, fixando uma idade mais avançada para a
aposentadoria, defende o texto.
O impacto do envelhecimento da população será sentido por toda a
sociedade e é preciso encontrar soluções para amenizar doenças crônicas e
encontrar meios para tornar os idosos capazes de gerir males crônicos e
gerar riqueza ao mesmo tempo, conclui o relatório.
Mudanças Climáticas Descontroladas
A ameaça da mudança climática é bem conhecida, mas será que já não desencadeamos uma reação em cadeia descontrolada que rapidamente está empurrando a atmosfera para um estado inóspito?
A ameaça da mudança climática é bem conhecida, mas será que já não desencadeamos uma reação em cadeia descontrolada que rapidamente está empurrando a atmosfera para um estado inóspito?
O texto sugere que o debate sobre o tema nas últimas décadas ficou
centrado na questão se a humanidade poderia ou não ser responsável por
alterar um sistema climático tão grande como o da Terra. No entanto, o
artigo atesta que estamos caminhando forçadamente para uma discussão
sobre a melhor forma de reforçar a resistência dos seres humanos e sua
capacidade de adaptação para lidar com essa nova realidade. “Ligada no
piloto automático, a mudança das condições climáticas nos empurra
impiedosamente para um novo e desconhecido equilíbrio”, afirma o texto.
Riscos da geoengenharia
Em resposta às preocupações crescentes sobre as mudanças climáticas, os cientistas estão explorando maneiras de manipular o clima da Terra. A maioria das pesquisas tem se concentrado em injeção de enxofre através de aeronaves. Mas e se essa tecnologia for apropriada por um estado ou indivíduo mal intencionado?
Em resposta às preocupações crescentes sobre as mudanças climáticas, os cientistas estão explorando maneiras de manipular o clima da Terra. A maioria das pesquisas tem se concentrado em injeção de enxofre através de aeronaves. Mas e se essa tecnologia for apropriada por um estado ou indivíduo mal intencionado?
A ideia básica na geoengenharia – também chamada de gestão da
radiação solar – é a de que as pequenas partículas podem ser injetadas
no alto da estratosfera para bloquear parte da energia solar recebida e
refletir os raios para o espaço, tal qual as grandes erupções vulcânicas
fizeram no passado.
De acordo com estudos recentes, esse método poderia compensar o
aquecimento global e daria aos seres humanos o controle sobre a
temperatura da Terra. No entanto, destaca o relatório, uma série de
implicações éticas, legais e científicas rapidamente surgiriam, junto
com incontáveis efeitos colaterais, ainda difíceis de prever. De acordo
com o artigo, no momento ninguém prevê a implantação da gestão da
radiação solar, dadas as dificuldades de um acordo internacional sobre o
tema. Mas, ressalva o texto, alguns analistas de geoengenharia já estão
pensando nas implicações no caso de um país ou um pequeno grupo de
pessoas precipitarem uma crise internacional ao avançar com a pesquisa
de implantação da geoengenharia
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