Por Fabio Campos
Texto base: Atos 22. 17-21
Paulo tinha decido ir
até Jerusalém para pregar o evangelho aos judeus. Ele e os demais irmãos
sabiam do grande problema que iria enfrentar. Mesmo alertado sobre tudo
isso, inclusive pelo Espírito (At 21.4), Paulo estava determinado a
estar entre os seus compatriotas. Podemos ver o seu grande amor para com
eles quando ele escreve aos Romanos:
“Digo a verdade em
Cristo, não minto; minha consciência o confirma no Espírito Santo: tenho
grande tristeza e constante angústia em meu coração. Pois eu até
desejaria ser amaldiçoado e separado de Cristo por amor de meus irmãos,
os de minha raça,o povo de Israel”. – Romanos 9. 1-4
Paulo mesmo depois de
alertado prosseguiu viagem rumo a Jerusalém. Em uma das paradas, passou
alguns dias na casa o evangelista Felipe, um dos sete diáconos ordenado
pela igreja (At 21.7-9). Um profeta chamado Ágabo, desceu da Judéia para
encontrar com Paulo; ele alertou Paulo novamente, pelo Espírito, que o
apóstolo seria açoitado em Jerusalém. Nisto toda a igreja se comoveu e
afligiu-se com o alerta, rogando a Paulo que não fosse para Jerusalém
(At 21.10-12). Mas nada mudara a opinião de Paulo que ele devia pregar
em Jerusalém, e assim disse:
“Por que vocês estão
chorando e partindo o meu coração? Estou pronto não apenas para ser
amarrado, mas também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor
Jesus". Como não pudemos dissuadi-lo, desistimos e dissemos: "Seja feita
a vontade do Senhor". – Atos 21. 13-14
Paulo, então, partiu
para Jerusalém. Lá chegando, os irmãos o receberam com muita alegria.
Mas o alertaram de como o seu nome estava sendo mencionado entre os
judeus. Estavam o acusando de apostata, dizendo que ele estava ensinando
por toda parte a não circuncidar os filhos e que também todos os
costumes da tradição dos judeus precisavam ser deixados de lado (At
21.17-22). A estratégia sugerida pelos irmãos a Paulo, para preserva-lo e
também para que a mensagem fosse aceita entre os judeus, era que ele
rapasse sua cabeça, no voto de nazireu, demonstrando que ele não estava
desprezando a Lei (At 21.23-26).
Paulo foi ao templo e
não demorou muito para que uma multidão o agarrasse e o batesse, ao
ponto das autoridades romanas intervissem para que apóstolo não morresse
(At 21.27-36). Paulo, então, foi levado para a fortaleza
;
lá ele teve a autorização para falar a multidão (At 21.37-40). Ali ele
expôs o seu testemunho de como o Senhor o apareceu e o conduziu até os
gentios (At 22).
Podemos aprender algumas coisas com este magnífico relato das Escrituras:
1) Precisamos discernir a vontade de Deus do nosso desejo.
Um homem guiado por Deus e chamado para uma missão, poderá por um tempo
resistir à direção Divina, todavia, as coisas não irão bem para ele.
Veja o caso de Jonas. Deus o chama para pregar a Nínive, mas ele se
recusa por questões pessoais. Quando o Senhor Jesus apareceu a Paulo,
Ele disse:“Resistir ao aguilhão só lhe trará dor” (At 26.14). A
linguagem empregada para a figura de Paulo é a de um boi indomável, que
só pode ser amansado através de aguilhões; ou seja, quanto mais o boi se
mexia, mais as pontas dos aguilhões perfuravam sua pele lhe trazendo
dor.
Não podemos fugir de
Deus. Quanta bênção é saber que o Senhor conta conosco, e se for
preciso, para não deixar que desviemos, Ele quebra nossa pata; assim
como faz o pastor com as ovelhas rebeldes que ficam para trás, quebrando
uma de suas patas para que não seja devorada por um lobo, assim o
Senhor faz conosco, trazendo uma intranquilidade no nosso coração, para
que a Sua vontade seja Soberana em nossa vida.
2) Não somos a pessoa ideal a qual pensamos ser.
O Senhor alertou Paulo a respeito de sua mensagem, que ela não seria
aceita em Jerusalém. Paulo retrucou dizendo ser a pessoa ideal
mencionando suas prerrogativas, dizendo ser ele que perseguia os
cristãos, a fim de prendê-los e açoita-los. Lembrou também que tinha
consentido na morte de Estevam, quando ele ficou a cuidar das roupas dos
que o matavam.
Quem mais poderia pregar
aos judeus com tanta propriedade a não ser Paulo? Certamente, eu e você
votaríamos em Paulo para este ministério. Mas Deus é Soberano e faz
como lhe aprove a fazer sem precisar dar satisfação a ninguém.
Precisamos descansar na Sua Soberania, sabendo que é Ele quem guia os
nossos passos:
“Em seu coração o homem planeja o seu caminho, mas o Senhor determina os seus passos”. – Pr 16.9 (NVI)
Como é bom saber “que
todas as coisas Deus têm convergido para que cooperem com o seu
propósito” (Rm 8.28). Quando as coisas não tiverem saindo do nosso
jeito, se estivermos em temor, precisamos apenas confiar que estão
acontecendo conforme a vontade de Deus. O Senhor não insistiu com Paulo a
fim de persuadi-lo a desistir do plano de pregar em Jerusalém. Ele
apenas ordenou: “Vá, eu o enviarei para longe, aos gentios” (At 22.21).
3) Deus não abre mão do coletivo em prol do individualismo.
Recorremos novamente ao relato do profeta Jonas. Deus não abriu mão dos
ninivitas em prol dos caprichos doutrinários de Jonas. A resposta do
Senhor para Jonas:
“Contudo, Nínive tem
mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem nem distinguir a mão
direita da esquerda, além de muitos rebanhos. Não deveria eu ter pena
dessa grande cidade?” – Jn 4.11 (NVI)
E o livro do profeta terminou com esta pergunta: “Não deveria eu ter pena dessa grande cidade”?
Paulo queria muito
pregar para os judeus, entretanto, o Senhor queria salvar os gentios. Se
hoje o Evangelho chegou a mim e a você, que não éramos judeus foi por
causa de Paulo, especificamente por conta deste versículo: “Vá, eu o
enviarei para longe, aos gentios” (At 22.21).
Pedro fora constituído
para levar o Evangelho aos judeus, enquanto que Paulo foi ordenando para
levar o Evangelho aos gentios. E hoje estamos aqui, na divisa de Osasco
com São Paulo, falando do Evangelho, salvos e remidos, porque Deus não
abriu mão de nós em prol de um desejo pessoal do Amado Apóstolo Paulo.
Que o nosso coração
entenda isso, muito mais do que ser abençoado, é abençoar, como disse
Jesus: “Há maior felicidade em dar do que em receber” (At 20.35).
4) Não precisamos nos assustar, pois a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. O Senhor nunca nos colocará numa “fogueira”. Ele sabe o que faz. Como está escrito:
“Há caminho que parece reto ao homem, mas no final conduz à morte”. – Pv 16.25 (NVI)
Se o Senhor está
fechando uma porta, Ele sabe o que está fazendo. Se Ele está abrindo e
você não se sente capaz, Ele também sabe o que está fazendo. Não
precisamos temer. Quando o nosso coração estiver aflito, o segredo é se
lançar em Deus, pois Ele tem cuidado de nós. Como disse Martinho Lutero:
"Uma masmorra com Cristo é um trono, e um trono sem Cristo é um inferno"
Então, irmãos, vimos
aqui que 1) precisamos discernir a vontade de Deus do nosso desejo; 2)
Que não somos o que pensamos ser, mas o que Deus faz e fez em nós; 3)
Que Deus não abre mão do coletivo em prol do individualismo; 4)Que não
precisamos nos assustar com a direção de Deus, pois Sua vontade é boa,
perfeita e agradável.
Deus usou a vida de
Paulo tremendamente. Ainda que ele não tenha estado entre os doze, em
doutrina, foi o principal apóstolo alistado pelo Senhor Jesus. O mundo
dos gentios foi ganho por este homem. Mesmo sem entender, ele encarnou a
ideia de pregar aos gentios, e por eles teve um grande carinho. Veja
quando Pedro foi repreendido por Paulo, ao ponto do Apóstolo dizer que a
conduta de Pedro fora “condenável”. Pedro estava na mesa com os
gentios, quando, porém, chegaram os judeus, temendo, Pedro afastou-se
dos gentios. Então, Paulo disse:
“Você é judeu, mas vive como gentio e não como judeu. Portanto, como pode obrigar gentios a viverem como judeus”? – Gálatas 2.14 (NVI).
Vamos continuar
confiando em Deus. De onde me virá o socorro? Nosso Socorro vem do
Senhor! Ele tem cuidado de nós; quando as coisas não derem certo,
entenda, pode ser um livramento. Quando uma porta se fecha, Deus está
abrindo uma muito maior. Nada pode deter o plano de Deus, pois agindo
Ele, quem impedirá?
Nós estamos guardados
nesta promessa. Portanto, se Deus não quer, não insista. Apenas se deixe
ser movido pelo Espírito, o qual fará grandes coisas através de nós.
Amém!
Soli Deo Gloria!
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