Por Denny Burk
O apóstolo Paulo
escreveu a Tito que pastores não devem apenas pregar fielmente, mas
também “convencer os que o contradizem” (Tito 1.9). A ideia é muito
simples. O ministério pastoral não é meramente de edificar, mas também
de derrubar. Como Paulo disse em outro lugar, envolve derrubar toda
especulação e altivez que se levante contra o conhecimento de Deus (2
Coríntios 10.5). Falhar em fazer isso é má-prática ministerial e algo
perigoso para o povo de Deus.
Dada essa obrigação, se
torna imperativo ser capaz de identificar falsos mestres quando eles
aparecem. Às vezes o falso ensinamento surge de fora da igreja. Às
vezes, de dentro. O Novo Testamento ensina que uma reposta mais rigorosa
é devida quando ele surge de dentro. Assim, pastores fiéis precisam
aprender a identificar e lidar com falsos mestres. Mas como fazemos
isso?
A Bíblia sugere pelo
menos seis características que normalmente identificam os falsos
mestres. Nem todo falso mestre exibe todas essas características ao
mesmo tempo, mas muitas vezes apresentam uma combinação de alguns desses
traços.
1. Falsos mestres contradizem a sã doutrina
Mesmo no primeiro
século, durante a vida dos apóstolos, havia um corpo doutrinário
autoritativo que funcionava como regra de fé e prática. Judas chama isso
de “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas 3). Paulo
chama de “sã doutrina segundo o evangelho da glória do Deus bendito” (1
Timóteo 1.10-11). Em outro lugar, é o “padrão das sãs palavras” e de
“bom depósito” (2 Timóteo 1.13-14), as “palavras da fé” e “boa doutrina”
(1 Timóteo 4.6). João chama de “a doutrina de Cristo” (2 João 9).
No primeiro século, a sã
doutrina consistia no Antigo Testamento, além das palavras apostólicas
que Cristo atribuiu aos apóstolos. A autoridade apostólica eventualmente
era escrita, conforme os apóstolos começaram a morrer. Para nós, o
padrão da sã doutrina – a fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos – é a escritura, o Antigo e o Novo Testamento. O falso
ensinamento, portanto, é qualquer ensinamento que foge dessa norma. Um
falso mestre é qualquer um de dentro da igreja que se oponha ao que a
Bíblia ensina (1 Timóteo 6.3; 2 João 9).
2. Falsos mestres promovem imoralidade
Judas nos mostra que
falsos mestres muitas vezes se esgueiram na igreja e “transformam em
libertinagem a graça de nosso Deus” (Judas 4). Libertinagem significa
falta de restrição moral, especialmente na questão da conduta sexual. É
uma total supressão das normas morais da escritura. É uma vida que
permite comportamentos que a Bíblia condena. Pedro diz que tais mestres
negam o Senhor Jesus ao perseguirem “suas práticas libertinas” (2 Pedro
2.2). Uma pessoa que não é dominada pela palavra de Deus é muitas vezes
dominada por suas próprias paixões. Não há poucos charlatões que se
infiltram nas igrejas com seu carisma apenas para se mostrarem
aproveitadores sexuais do rebanho.
Alguns deles tentarão
justificar sua própria imoralidade sexual ou a imoralidade dos outros.
Mas muitas vezes não irão enfrentar com força os assaltos às normas
morais da escritura. Isso é muito óbvio. Pelo contrário, eles irão
redefinir os termos da Bíblia para que não mais os acusem de suas ações
perversas. Aqueles que redefinem o ensinamento bíblico a respeito de
casamento e sexualidade caem nessa categoria.
3. Falsos mestres diminuem a importância do pecado e do juízo
Esse é o traço dos falsos mestres que compartilham em comum com os antigos falsos profetas. Jeremias os descreve dessa forma:
porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à ganância, e tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade. Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz. (Jeremias 6.13-14)
Falsos mestres
caracteristicamente diminuem o pecado. Ao invés de chamar “as falhas” de
pecado, eles simplesmente dizem “não há nada para ver, prossigam”. Os
falsos mestres dizem aos pecadores, a quem Deus irá julgar, que eles não
são tão ruins assim e que não há necessidade de temer o julgamento de
Deus. Eles separam o amor e a graça de Deus de sua santidade. Eles dizem
ao povo, que deveria ter toda a razão para temer o julgamento de Deus,
que eles realmente não tem nada a temer. Eles fogem do confronto que a
verdade traz e dizem aos pecadores qualquer coisa que seus ouvidos
queiram ouvir (2 Timóteo 4.3-4).
4. Falsos mestres são motivados por ganância e ganho egoísta
Pedro diz que, em sua
“avareza”, falsos mestres se aproveitam do povo de Deus com “palavras
fictícias” (2 Pedro 2.3). De fato, o coração deles é “exercitado na
avareza” (2 Pedro 2.14). Paulo diz que os falsos mestres supõe “que a
piedade é fonte de lucro” (1 Timóteo 6.5). Pregadores que amam dinheiro e
ganho material muitas vezes dirão o que for necessário para aumentar
seu piso salarial. São mercenários, não seguindo o chamado de Deus, mas
aquele que pagar mais. Irão abraçar qualquer novidade. Irão coçar onde
quer que os pecadores desejem. Transformam o ministério em fonte de
lucro porque são motivados por ganância. Tome cuidado com pastores que
parecem ter apetite por ganho material. Essa é uma grande marca de um
falso mestre.
5. Falsos mestres causam divisão
Falsos mestres irão
tentar convencer o rebanho que a sã doutrina causa divisão. Mas isso é
uma mentira. Esse é, na verdade, o falso ensinamento que busca dividir e
conquistar o povo de Deus. Judas nos alerta a respeito deles dessa
forma:
No último tempo, haverá
escarnecedores, andando segundo as suas ímpias paixões. São estes os que
promovem divisões, sensuais, que não têm o Espírito. Vós, porém,
amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo,
guardai-vos no amor de Deus (Judas 18-21)
Quem causa dissensão no
meio do povo? Não aqueles que ensinam a sã doutrina. O povo de Cristo se
une ao redor da verdade e se dividem por conta do erro. Falsos mestres
são aqueles que levam o povo para longe do padrão da verdade divina em
direção ao erro.
6. Falsos mestres enganam o rebanho
Jesus nos diz para nos
acautelarmos “dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em
ovelhas” (Mateus 7.15). O falso mestre nunca aparece a nós com uma placa
pendurada no pescoço onde se lê “sou um falso mestre”. O falso mestre
aparece disfarçado de cristianismo. Ele possui a forma da piedade mas
nega seu poder (2 Timóteo 3.5). Se o falso mestre aparenta e soa como
cristão, então como saberemos se ele é um falso mestre? Jesus nos diz
como podemos saber: “pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7.16). Em
outras palavras, o que eles fazem muitas vezes diz mais sobre quem eles
são do que o que dizem.
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