A
estrela do mar é um animal extraordinário. Por sua característica
única de reprodução no reino animal, ela representa algo profético para
nós. Trata-se de um sistema neurológico espetacular que nos ajuda a
entender princípios de governo e expansão do Reino de Deus.
Observemos
uma outra criatura semelhante à estrela do mar: o polvo. O polvo
possui tentáculos, mas ao contrário da estrela do mar, todo seu sistema
neurológico está centralizado na cabeça de tal maneira que, se
cortarmos um de seus tentáculos, outro tentáculo crescerá em seu lugar,
mas a parte cortada morrerá. A aranha possui as mesmas características.
Já
a estrela do mar, é diferente. Corte um ou dois de seus bracos, e
igualmente outros crescerão em seu lugar. Mas a diferença é que as
partes cortadas, cada uma delas, se tornam uma nova estrela do mar!
Ao
invés de possuir um sistema neurológico “hierárquico” – como o polvo
ou a aranha, em que os membros estão subordinados a uma cabeça e
dependem dela para funcionar, a estrela do mar possui um sistema
descentralizado, ou seja, não possui uma cabeça. Trata-se de uma rede
neurológica em que cada membro possui a capacidade de se multiplicar e
se tornar uma nova estrela do mar.
A
diferença entre adição e multiplicação é a diferença entre crescimento
linear e explosão. Mas no Reino de Deus, a multiplicação não é uma
ciência exata, é uma questão de DNA. Na criação, Deus embutiu em cada
semente o potencial de multiplicação para que aquela pequena semente se
torne igual ao todo do qual se desprendeu (Gen 10:1-11). O homem pode
somar, ajuntar, acrescentar, mas somente Deus pode prover as
características necessárias a um organismo vivo para que a multiplicação
aconteça.
Obreiros na lavoura
O
crescimento é algo natural em qualquer organismo vivo. De acordo com
Lucas 13: 18-21, a Igreja é aquela minúscula semente de mostarda que se
torna uma enorme árvore, e a pequena medida de fermento com poder para
levedar toda a massa (o mundo). Seu poder de crescimento é
exponencial.
Como obreiros, nosso
principal papel não é empregar “métodos de crescimento” ou técnicas
humanas para “fazer a Igreja crescer”, mas somente permitir que a
Ekklesia cause seu próprio crescimento (Efesios 4:16). Quando as juntas
e medulas do Corpo estão propriamente conectadas, o resultado não pode
ser outro a não ser a renovação e espontaneidade que,
conseguintemente, causam este desenvolvimento natural e a seu próprio
tempo.
A Igreja é retratada na
Bíblia de muitas formas. Uma delas é a de uma lavoura (1Co 3.6-9).
Presbíteros na Ekklesia são como agricultores nesta lavoura. E visto
que o agricultor não possui absolutamente nenhum controle sobre a
semente e não pode fazê-la brotar, o melhor que ele tem a fazer é criar
um ambiente favorável ao seu desenvolvimento, adicionando nutrientes à
terra, removendo as ervas daninhas que surgirão e deixando que a
semente brote de forma natural, para tornar-se igual à planta de onde
se originou, na expectativa de que ela gerará seus próprios frutos.
Cada
membro do Corpo de Cristo é a boa semente do Reino com um potencial de
multiplicação sobrenaturalmente embutido em seu DNA espiritual. O
perfil do presbítero que Deus busca no século XXI é o do
obreiro-lavrador, que proporciona um ambiente natural de crescimento
exponencial, preparando a terra com nutrientes (comunhão e intercessão),
removendo as ervas daninhas da lavoura (ensino e aconselhamento),
permitindo que este discípulo cresça naturalmente, comissionando-o e
enviando-o no devido kairós divino, para que ela siga seu próprio
processo de multiplicação no Reino.
A
parábola do semeador nos ensina que nem todas as sementes darão seu
fruto, e não há nada que possamos fazer com relação a isso. Em
contrapartida, aquelas que dão seu fruto, frutificam de forma
exponencial – a 20, 30, 60 e 100 por um – multiplicando-se de tal forma a
suprir até mesmo por aquelas sementes que não brotaram. Nosso papel,
como obreiros do Reino, é simplesmente não estorvar este processo de
crescimento natural com nossas tradições, inseguranças pessoais ou
excesso de zelo.
Conclusão
Na
visão tradicional de Igreja, o processo de multiplicação é
frequentemente confundido com divisão. Por isso, normalmente insistimos
em adotar sistemas eclesiásticos de governo centralizados em um único
pastor, encapsulando a Igreja em uma unidade institucional que favorece o
inchaço de feudos religiosos, mas é contra-produtiva à expansão do
Reino na cidade. Tais sistemas são, na melhor das hipóteses, polvos e
aranhas que proporcionam um crescimento linear à Igreja local, mas
inibem seu potencial de crescimento exponencial, como o da estrela do
mar.
Como obreiros, somente
encarnaremos esta revelação quando renunciarmos ao posto de “Cabeça da
Igreja” e devolvermos a Ekklesia ao seu verdadeiro Dono, aceitando a
verdade bíblica de que pastores não são “cabeças “ou “sacerdotes” do
rebanho. São somente cooperadores na lavoura, irmãos mais velhos e mais
experientes que trabalham no intuito de equipar os mais novos para que
ELES desenvolvam seu chamado sacerdotal e, consequentemente, façam a
obra do ministério (Ef 4:11-12).
Crescimento
linear ou exponencial? Polvo ou estrela do mar? Controle ou expansão?
Que possamos escolher sabiamente para cumprir com a Grande Comissão nos
dias que precedem a volta do Senhor.
Fonte: Pão & Vinho
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