Por Pr. Magdiel G Anselmo.
A questão é um tanto complicada de se abordar.
A
falta de envolvimento pessoal e conhecimento dos que comentam sobre
esta questão determinam, a meu ver, a realidade dos fatos. Uma realidade
de muita confusão quando se discute o assunto proposto. Cada grupo ou
denominação religiosa entende do seu jeito e criam o seu formato,
tornando o entendimento correto e bíblico mais uma opinião ou
argumentação como as demais.
O
que significa ser um pastor, quais os critérios, características e a
missão pastoral de acordo com que revela a Palavra de Deus são
totalmente negligenciados e toma-se um conceito humano e empresarial
para explicar o ofício e as funções de um pastor.
Isso
causa muitos conflitos e perturbações à vida da Igreja e por fim
incentivam oportunistas, interesseiros e preguiçosos a se candidatarem a
futuros ministros.
Não deveria ser assim.
Mas por que isso acontece?
Porque
pouco ou nada se ensina sobre o assunto. O pastor ou o educador
cristão tem, muitas vezes, receio de ministrar e até falar sobre o que
significa ser um pastor do ponto de vista bíblico, porque pensa que
estará ministrando em interesse ou defesa própria. E assim, o povo fica
sem entender a questão e aí se originam os erros e as distorções
existentes.
Por causa também disso, o universo evangélico criou vários tipos de pastores.
Vejam alguns deles a seguir:
Vejam alguns deles a seguir:
1. O pastor de “final de semana e feriados”.
Este
entende o pastorado como um trabalho complementar e secundário.
Somente o exerce quando não realiza outra atividade. Durante a semana
possui um emprego e trata de se dedicar a ele e a seus afazeres
pessoais. Quando chega o final de semana ou feriado se veste de pastor e
vai à igreja pregar e rever seus irmãos. Durante o meio de semana não
se pode contar com ele. Estou trabalhando, afirma. Quando perguntam
como sustenta a família, ele diz orgulhosamente:
- Tenho o meu trabalho. Não toco em um centavo do dinheiro da igreja.
E isso vai sendo ensinado à congregação que “pastoreia”.
2. O pastor “nominal”.
Este
entende o pastorado como uma forma de ostentação. Ama ostentar seu
título de pastor nos círculos familiares, eclesiásticos e de
relacionamentos. Não se preocupa com o rebanho do Senhor e muito menos
com o que pensa o Senhor do rebanho. Está sempre buscando outros e mais
títulos, porém sempre com a motivação errada. Ele quer ser destacado
entre os demais. O nome de Jesus é só mais um detalhe. O nome dele é
que importa ser notado e comentado.
Muitos
destes “pastores” se tornam em outro tipo que chamo de “midiáticos”,
ou seja, usam a mídia (televisão, rádio, TV a cabo, etc...) para
propagar seus devaneios com roupagem de cristianismo com intenções de
adquirir fama e prosperidade material às custas do povo desavisado.
E isso vai sendo ensinado à congregação que “pastoreia”.
3. O pastor “profissional”
Este
entende o ministério pastoral como mais uma profissão e a Igreja de
Cristo como mais uma empresa. Cumpre com suas obrigações trabalhistas,
que foram pré-determinadas em sua contratação, e está tranquilamente
consciente que pode ser dispensado por seus empregadores se não as
cumpri-las. Busca agradar seus “chefes” fazendo aquilo que os agrada,
porque se não o fizer pode ficar desempregado.
É um profissional do púlpito. É um político eclesiástico.
E isso vai sendo ensinado à congregação que “pastoreia”.
4. O pastor “falso”.
![](http://3.bp.blogspot.com/_Kh0X-gbU1io/TGSnvrXmjsI/AAAAAAAAAGI/saqD71fKt1A/s200/00LoboMau2.jpg)
Não possui coração de pastor.
Causa
dores e sofrimentos em si e no rebanho. Produz maus costumes e
heresias. É motivo de piadas e “chacotas” dos descrentes e até de
membros de sua congregação.
E isso vai sendo ensinado à congregação que “pastoreia”.
5. O pastor “enviado de satanás”.
Este
entende o que significa o ministério pastoral e por isso,
diabolicamente, procura perverte-lo e corrompe-lo diante dos olhos
apavorados do povo. Desta forma, tenta produzir falta de credibilidade
sobre o ofício e a pessoa dos demais pastores. A desconfiança e
incredulidade ao pastorado são suas intenções.
São
enviados de satanás para iludir e enganar o povo de Deus e assim
deturpar o real sentido e significado da Igreja, das doutrinas bíblicas
e do episcopado.
E isso vai sendo ensinado à congregação que “pastoreia”.
6. O pastor “preguiçoso”
Este
pensa que ser pastor é ficar à toa. Não aceita trabalhar secularmente,
mas também não deseja trabalhar ministerialmente. Não estuda. Não se
prepara. Sequer prepara um sermão. O púlpito é muito mais freqüentado
por outros irmãos do que por ele. De vez em quando prega e justifica
que está dando oportunidades a futuros pregadores. Não freqüenta a EBD,
nunca ministrou em uma sala, porque preparar aula dá muito trabalho.
Teologia pra ele é “coisa de fariseu”. Delega o que é pra ser delegado e
o que não é. Gosta de muito barulho e de chavões. Tudo pra ele é de
improviso e diz que é o Espírito Santo. Não gosta e nem sabe planejar
nada. Pensar, discernir, refletir pra ele é muito desgastante. Não
respeita horários. É um exemplo de falta de sabedoria. O pastorado pra
ele é uma fuga da realidade dura da vida. É o preguiçoso por
excelência.
Existem outros maus exemplos de "pastores", mas penso que esses já são o bastante.
Diante
dessa realidade, não podemos culpar a maioria do povo por não entender
o ministério pastoral e considerá-la de forma totalmente equivocada e
não bíblica e também de muitos generalizarem e rotularem todos os
pastores de “oportunistas, picaretas e desocupados”.
Fundamentando-me biblicamente, como então devemos entender e ensinar a questão à luz das Escrituras Sagradas?
1.
É um crente chamado, vocacionado e capacitado por Deus para exercer
tal missão. (todos aqueles que exerceram posições de liderança ou
pastoreio no relato bíblico foram chamados pessoalmente por Deus)
2.
Sua chamada e vocação são marcadas por um desejo interno, profundo e
ardente em cuidar, para Deus e sob Sua direção, de um grupo de crentes
por um longo período em locais que ele não escolhe. (nota-se isso
claramente nos textos escritos por Paulo, Pedro, João e outros
escritores neo-testamentários)
3.
Sua chamada e vocação são confirmadas pelas pessoas que pastoreia ou
que de alguma forma estiveram sob seus cuidados pastorais. (A
"aceitação" da Igreja com relação às cartas neo-testamentárias e a
confirmação de que se tratava de escritos inspirados por Deus
(canonicidade) corroboram isso)
4.
Sua capacitação se dá através de dons espirituais dados por Deus para
bem exercer o ofício e ministério pastoral como, por exemplo: dom de
pastor, de profeta, de mestre e outros que formam um “pacote”
capacitando este crente para pastorear. (os dons alistados em Efésios
4:11 são uma prova de que se trata de dons ministeriais ou para
liderança na Igreja. O contexto do capítulo confirma isso.)
5.
O amor a Deus e ao rebanho de Deus são marcas visíveis neste crente.
Sem isso seria impossível pastorear. Isso o move ao perdão, paciência e
perseverança incomuns à maioria dos cristãos. (O amor dos apóstolos e a
o amor dos genuínos pastores pelo rebanho e pela Palavra de Deus no
transcorrer da história da Igreja são contundentes para corroborar este
ponto)
6.
Entende que seu pastorado não é uma profissão, mas sim uma missão
determinada a Ele por Deus. Ele não é um empresário, muito menos um
empregado da Igreja. É um ministro da Palavra de Deus. Seu trabalho é
fundamentalmente espiritual. (A Bíblia em sua integralidade confirma
isso)
7.
Não possui interesses pessoais acima dos espirituais e ministeriais.
Não tem dificuldade em renunciar aos seus prazeres e satisfações
pessoais em prol do rebanho do Senhor. (As cartas pastorais ensinam
largamente esse princípio bíblico da abnegação voluntária)
8.
Não busca ostentação e elogios. Não busca enriquecimento material.
Busca vidas salvas e libertas para glória de Deus. (As cartas pastorais
ensinam largamente esse conceito bíblico)
9.
Dedica e administra todo o seu tempo, bens, dons e talentos nas
prioridades corretas, ou seja, o espiritual sempre está a frente do
material. Mas, não significa que descuide do cuidado pessoal ou de sua
família. É um lutador que vive para Deus na dependência Dele dentro dos
parâmetros já delineados pelas Escrituras, ou seja, entende que é
mordomo e prestará contas a Deus de tudo que lhe foi confiado. (O
Senhor Jesus ensinou isso na parábola dos talentos.)
10.
Dedica-se a oração, pregação, ao estudo e ao ensino bíblico com
responsabilidade e temor. (As orientações paulinas a Timóteo enfatizam
também essa questão.)
11.
É humilde e reconhece suas limitações. Sabe que mesmo sendo pastor,
continua sendo servo. (A Bíblia em sua integralidade ensina isso)
12.
É pastor de tempo integral. Está ciente que sua vocação e ofício
exigem isso. (Observa-se esse princípio claramente nos ministérios de
Pedro, Paulo e demais discípulos. (...)Quem prega a Palavra, que viva
da Palavra...)
12.
É incansável no cuidado da sã doutrina. Cuida para que os demais
irmãos sejam ministrados em todo desígnio de Deus revelado em Sua
Palavra. (As cartas pastorais enfocam isso)
13.
É sustentado por Deus, através da instrumentalidade da Igreja. Vive
nesta dependência alegremente. Se for necessário e temporariamente irá
“confeccionar tendas”, mas sabe que isto não é o ideal bíblico para seu
ministério. Irá trabalhar para que sua congregação assim entenda o
ministério pastoral. (O ministério de Paulo é um bom exemplo disso. Foi
obrigado a fazer tendas pela negligência da Igreja com o sustento do
apóstolo. É um exemplo do que não é pra ser feito por uma igreja, e não
o contrário. O próprio Paulo explica isso em suas cartas)
14.
É consciente que somente os que também são vocacionados, como ele o é
ao ministério pastoral, conseguem entende-lo completamente. (A Bíblia
mostra pelas cartas pastorais que somente um pastor consegue entender
outro pastor em todos os aspectos que constituem o ministério pastoral)
15.
É consciente que mesmo possuindo dons espirituais não conseguirá
pastorear sem a ajuda e direção de Deus. Sabe que quem realiza é Deus.
16.
Sabe discernir e alertar o rebanho quando este está em perigo e quando
falsos mestres se introduzem nele. (sabe que o Espírito Santo o usa
como o atalaia de Deus para a Igreja do Novo Testamento. O princípio
ensinado em Ezequiel 33 é aplicável hoje.)
17.
Tem consciência que muitas vezes se sentirá solitário e cansado. Mas
tem a firme convicção que Deus está com ele e Nele tem suas forças
revigoradas pra prosseguir. (Não pode negligenciar o dom que há nele
dado por Deus. Continua firme fazendo a obra de um evangelista)
17. Ensina estes itens aos irmãos que pastoreia. (Não tem receio ou medo de “tocar” nesse assunto.)
18. Sabe que desse ensino resultará no bom preparo de outros pastores segundo o coração de Deus.
19. Sabe que nem todos o entenderão.
20. Sabe que Deus o entenderá e apoiará.
Ainda existem muitos pastores fiéis a Deus e dignos de serem chamados de “homens de Deus”.
Mudemos
a concepção que os farsantes produziram em muitos e propaguemos a
verdade e dignidade do santo ministério. Rechacemos os lobos em peles de
cordeiros. Honremos Aquele que nos chamou.
A Igreja agradece.
Forte abraço,
Em Cristo,
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