Por Maurício Zágari
É muito comum ouvirmos
em nosso meio evangélico que o cristão em tudo deve perseverar, que
precisa buscar seus sonhos e nunca, sob nenhuma circunstância, desistir.
Não creio nisso. Simplesmente porque a Bíblia não diz isso. A
perseverança deve ser na santidade e na obediência, sempre. “Seja fiel
até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida” (Ap 2.10). Mas, em se
tratando de sonhos humanos, isso não se aplica. Lendo as Escrituras,
vejo que o cristão deve ter ciência de que, em certas situações, chega
um momento em que precisa desistir, abrir mão do que ele quer. Podemos
ver muitos exemplos, como o de Jesus, que desistiu de pedir ao Pai que
afastasse dele o cálice do sofrimento (Mt 26.36-46). Ou Paulo, que
desistiu de orar a Deus pedindo que tirasse o espinho de sua carne (2Co
12.7-10). Sim, há ocasiões em que o Senhor espera que nos conformemos e
entreguemos os pontos. Certas esperanças não devem ser alimentadas, em
especial porque nosso coração é enganoso e não sabemos muitas vezes qual
é a vontade divina. Assim, se o que almejamos difere do que Deus
almeja, tenha a certeza: o melhor é desistir. Perca a tua esperança,
pois ela está depositada em algo que não condiz com o querer do Senhor.
A pergunta imediata que
se segue é: como posso saber se meu sonho está de acordo com que Deus
quer? Há dois critérios principais: o que a Bíblia diz e a paz no
coração.
A vontade de Deus está
revelada nas Escrituras. Então conheça a Bíblia. Estude-a. Veja os
princípios que ela defende. Nem sempre há uma resposta objetiva para a
sua situação, mas há princípios bíblicos que podem responder teu
questionamento e nortear teus sonhos e tuas metas. A resposta nem sempre
vem num versículo claro, mas num conceito transmitido ao longo de toda a
Escritura. Por exemplo: não existe nenhuma passagem bíblica que fale
que não devemos fumar crack, mas há um princípio claro acerca dos
cuidados que devemos ter com nosso corpo e com nossa mente. Ou, então,
você tem aquela dúvida que assola milhões de solteiros: devo namorar
aquela pessoa que não é cristã, na esperança de que ela vai se
converter? É para persistir nesse relacionamento ou não? Aí você vai à
Bíblia e vê que ela é clara sobre o fato de que esse é um namoro em jugo
desigual (2Co 6.14-16), mas a Escritura não te dá a certeza de que o
(a) jovem será salvo (a). Na dúvida, vá no certo, desista do erro (até
porque Deus não precisa que você namore ninguém para que aquela alma
seja alcançada, se o Espírito de Deus quiser salvá-la usará até uma
mula).
O segundo critério é a
paz no coração. Paulo escreveu: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso
coração” (Cl 3.15). Portanto, se você vive uma situação de constante
atribulação, é hora de pegar o primeiro retorno e dar no pé. Isso
acontece muito, por exemplo, em relacionamentos afetivos. Sabe esses
namoros que mais parecem dramalhões mexicanos, com arroubos de
sofrimento, fins e recomeços, rompimentos dramáticos e voltas
novelescas? Onde está a paz? Se não há paz, não insista, desista. Ou
quando tem de fechar um negócio mas fica em agonia sobre se assina o
contrato ou não? Ou, ainda, na decisão entre seguir a carreira que vai
realizar você ou a que vai te dar dinheiro? Não insista no que agonia,
desista.
Temos de saber a hora de
render nossa vontade. Se Deus diz “não”… é não. Se insistirmos no
“sim”, só o que conseguiremos é uma vida de sofrimento e dor à espera de
algo que jamais chegará.
Recomendo que leia o
livreto. É uma leitura que não dura mais que 15 ou 20 minutos. Depois
sinta em si o sofrimento e a frustração de Mariana. Em seguida, veja se o
melhor não foi ela dar adeus a seu sonho, que alimentou tão
desesperadamente por tanto tempo. Por fim, pense se na tua vida há algum
sonho que esteja sendo alimentado à toa, porque vai contra o desejo do
coração de Deus. Se você tiver a convicção que perseverar nesse objetivo
é a vontade do Senhor, vá em frente. Mas… e se não for? Nessa hora,
entregue-se em sacrifício vivo ao Senhor e diga:“Seja feita a tua
vontade” (Mt 6.10). E, se a vontade dele for que você abra mão de certos
objetivos e sonhos, perceba que abandoná-los não significa falta de fé,
de fidelidade ou de perseverança: é o cumprimento da boa, perfeita e
agradável vontade de Deus e, certamente, é o que te trará felicidade.
Persista. Mas, se não
for da vontade do Senhor, desista. E, aí sim, você estará cumprindo a
vontade do Senhor. Sabendo que, muitas vezes, a desistência do que você
tanto queria pode se tornar a maior bênção da sua vida.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício
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