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Por Thomas Watson (1620-1686)
Aqui
está um trovão e um relâmpago para o ímpio. Deus é eterno, portanto
os tormentos do ímpio são eternos. Deus vive para sempre e pelo tempo
que viver punirá o condenado. A conseqüência deve ser como a da
escrita na parede: "as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus
joelhos batiam um no outro" (Dn 5.6). O pecador peca com liberdade,
quebra a lei de Deus como uma fera selvagem que estoura a cerca e
entra em pasto proibido. O pecador peca insaciavelmente, o mais rápido
que pode (Ef 4.19). Mas lembre-se, um dos nomes de Deus é Eterno e,
conquanto seja eterno, tem tempo suficiente para tratar de todos os
seus inimigos. Para fazer os pecadores tremerem. Que pensem nestas
três coisas: os tormentos do condenado são ininterruptos, são puros e
são eternos.
Os
tormentos dos condenados são ininterruptos. Suas dores devem ser
agudas e pungentes, sem alívio. O fogo não deverá se apaziguar ou
cessar. "E não têm descanso algum, nem de dia nem de noite" (Ap 14.11).
É como alguém colocado numa máquina de esticar, que estica
continuamente, que não tem descanso. A ira de Deus é comparada a um
ribeiro de enxofre (Is 30.33). Por que um ribeiro? Porque um ribeiro
corre sem cessar, a ira de Deus flui assim como um ribeiro que manda
água sem cessar. Nas dores desta vida há abatimento e alívio. A febre
passa, uma convulsão vem, mas passa e o paciente fica tranqüilo.
Contudo, as dores do inferno são na mais alta intensidade e na pior
violência. A alma condenada nunca dirá que está mais tranqüila que
antes.
Os
tormentos dos condenados são sem misturas. O inferno é um lugar de
pura justiça. Nesta vida, Deus, quando irado, lembra-se da
misericórdia e mistura compaixão com sofrimento, à semelhança da tribo
de Aser, cujos sapatos eram de ferro, porém, imersos no azeite (Dt
33.25). A aflição é o sapato de ferro, mas a misericórdia está
misturada com a aflição. Mas, os tormentos do condenado não têm mistura
alguma. "Esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado sem
mistura, do cálice da sua ira" (Ap 14.10). Nenhuma mistura de
misericórdia. Contudo, o cálice da ira também está cheio de mistura.
"Porque na mão do SENHOR há um cálice cujo vinho espuma, cheio de
mistura, dele dá a beber; servem-no, até às escórias, todos os ímpios
da terra" (SI 75.8). O livro de Apocalipse diz que é sem mistura e no
salmo diz que não. O cálice é cheio de mistura no que se refere aos
ingredientes que o fazem amargo. O bicho, o fogo, a maldição de Deus
são ingredientes hostis. O cálice é misturado e, ao mesmo tempo. puro.
Não haverá nada que possa produzir consolo, nenhuma mistura de
misericórdia, por isso é sem mistura. Na oferta de ciúmes (Nm 5.15),
nenhum azeite era adicionado, da mesma maneira nos tormentos do
condenado, não há azeite de misericórdia para fazer cessar seus
sofrimentos.
Os
tormentos dos condenados são eternos. Os prazeres do pecado só duram
um período, mas os tormentos do ímpio são para sempre. Pecadores têm
uma alegria passageira, mas uma longa retribuição. Orígenes4"
erroneamente pensou que após mil anos o condenado deveria ser liberto
de suas misérias, porém o verme, o fogo e a prisão são eternos. "A
fumaça de seu tormento sobe pelos séculos dos séculos" (Ap 14.11).
Próspero48 (da Aquitânia) disse assim: "Os tormentos do inferno punem
continuamente, nunca terminam".
A
eternidade é um mar sem fundo e sem praias. Depois de milhões de
anos, não há sequer um minuto desperdiçado na eternidade. O condenado
deve ser queimado para sempre, mas nunca consumido, sempre morrendo,
mas nunca morto. "Os homens buscarão a morte e não a acharão" (Ap
9.6). O fogo do inferno é um fogo que multidões de lágrimas não o
saciarão, uma grande quantidade de tempo não o findará. O frasco da
ira de Deus sempre gotejará sobre o pecador. Conquanto Deus seja
eterno, vive para se vingar do ímpio.
Oh!
eternidade! Eternidade, quem pode medi-la? Os marinheiros têm suas
sondas para medir as profundezas do mar, mas que linha ou que sonda
usaremos para medir a profundeza da eternidade? O sopro do Senhor
alimenta o lago infernal (Is 30.33). Onde encontraremos bombas d'água ou
baldes para apagar tal fogo? Oh! eternidade! Se toda a massa da terra
e do mar fosse transformada em areia, e todo o ar até o céu estrelado
fosse areia, e um pequeno pássaro viesse a cada mil anos e apanhasse
com o bico a décima parte de um grão de toda essa imensidão de areia,
seriam necessários inúmeros anos até que a imensidão de areia fosse
toda transportada. Porém, se ao final de todo esse tempo, o pecador
pudesse sair do inferno, haveria alguma esperança, mas a palavra
"sempre" quebra o coração. "A fumaça de seu tormento sobe pelos
séculos dos séculos." Que terror é isso para o ímpio, o suficiente
para fazê-lo suar frio e pensar. Conquanto Deus seja eterno, vive para
se vingar do ímpio.
Aqui
pode ser feita uma pergunta: Por que um pecado que é cometido por
pouco tempo deve ser punido eternamente? Devemos entender como
Agostinho que "os julgamentos de Deus sobre o ímpio podem ser
secretos, mas nunca injustos". A razão pela qual um pecado cometido em
um curto espaço de tempo é eternamente punido é que cada pecado é
cometido contra a infinita essência, e nada menos que a punição eterna
pode satisfazê-lo. Se a traição contra a pessoa de um rei, que é
sagrada, é punida com o confisco e a morte, muito mais contra a coroa e
a dignidade de Deus, que é de uma natureza infinita e cheia de ira
contra o pecado. Não pode ser satisfeita com menos que a punição
eterna.
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