Por Samuel Torralbo
É bastante comum encontrarmos dentro da
literatura voltada para a liderança eclesiástica temas como: Aumentando a
membresia da sua igreja, Como gerar crescimento na igreja, ou os 7
passos de uma igreja que se multiplica, etc., os dados estatísticos
compravam que os livros mais vendidos e comercializados seguem este
caráter e paradigma de conteúdo e proposta reflexiva. É evidente que o
crescimento em todos os sentidos é importante e significativo, porém, é
válido ressaltar que a missão da Igreja é de pregar as boas novas de
salvação em Cristo Jesus, e jamais a fixação ou a obsessão em
crescimento de números de membros ou adeptos religiosos.
Atualmente, dentre os diversos desafios
que a Igreja contemporânea enfrenta se encontra o perigo da deturpação
da verdadeira consciência do legado e missão da Igreja no mundo, uma vez
que, sorrateiramente as leis do mercado parecem estar ditando o formato
e o conteúdo da missão de alguns cristãos desavisados no século XXI.
Em síntese a lei do mercado ou do
comércio baseia-se na relação entre o fornecedor e o cliente (ou
consumidor), onde uma das máximas deste contexto diz que o cliente
sempre tem a razão. Sendo assim, o fornecedor esta para servir e cumprir
as expectativas e demandas daquele que paga pelo produto, a saber, o
cliente.
Certa vez, ouvi um líder de uma grande
igreja declarar: “Nós somos os fornecedores, Jesus é o produto e os
pecadores os clientes”. Precisei prontamente discordar desta declaração
que inicialmente tem um caráter inocente e até inovador. Discordei por
quê?
- Primeiro porque o Evangelho não é um produto, mas uma pessoa – Cristo Jesus.
- Segundo porque a Igreja não é
fornecedora de algum produto religioso, mas antes, é a noiva de Cristo
Jesus que comunica a Sua graça infinita.
- Terceiro porque o pecador não é um
cliente, mas um necessitado de arrependimento para perdão dos seus
pecados e reconciliação com Deus.
É aterrorizante a possibilidade de que,
para algumas lideranças cristãs o significado da missão da Igreja é
semelhante ao mesmo significado do mercado capitalista e consumista do
século XXI.
Certamente, deve ser por este motivo que
algumas comunidades cristãs não pregam mais sobre o pecado, o juízo
final, ou o confronto com o erro e o engano. Porque uma vez que, o
pecador é uma espécie de cliente, ele agora precisa ser agradado,
bajulado, e persuadido a continuar comprando uma religiosidade de mimos e
agrados.
Porém, observamos que, Cristo Jesus
jamais esteve em conluio ou alinhado ao espírito do mercado religioso de
sua época. Cristo Jesus não pregava aquilo que agradava ou massageava o
ego das pessoas, mas antes anunciava a verdade eterna de Deus –
“Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”(João 6.60)
Do mesmo modo, certamente a expectativa
de Deus com relação a Sua Igreja é que anunciemos o evangelho puro e
simples, jamais negando a verdade, ou se prostrando diante das
recompensas imediatistas e passageiras do mercado religioso que
sutilmente descaracteriza a verdadeira missão da Igreja de Cristo Jesus.
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