Por N. Vincent
A
grande razão pela qual os homens morrem e morrem para sempre é porque
eles querem. Eles querem ser os escravos do pecado, embora a morte
seja o pagamento que certamente receberão pelo seu fatigante e
laborioso trabalho. Os pecadores não querem ser purificados. "... ai
de ti Jerusalém! Não te purificarás ? Até quando ainda ? " (Jer.
13:27). Não querem ser juntados debaixo das asas de Cristo, embora
seja o único lugar de refúgio, tanto do furor de satanás quanto da ira
de Deus. "Jerusalém, Jerusalém que mata os profetas, e apedreja os
que te são enviados! quantas vezes quis cu juntar os teus filhos, como
a galinha junta os seus pintos, debaixo das asas e tu não quisestes! "
(Mat. 23:37). Não apenas isso, os desejos de muitos que
freqüentemente já têm desprezado as admoestações e chamados de Moisés e
dos profetas tendem tão desesperadamente para o pecado, que, embora
pudessem ver as chamas e os tormentos que fazem outros sofrerem, mesmo
assim não seriam persuadidos a desistir. "E disse ele: Não, pai
Abraão; mas, se algum dos mortos fosse ter com eles,
arrepender-se-iam. Porém Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos
profetas, tão pouco acreditarão, ainda que algum dos mortos
ressuscitem ". (Luc. 16:30-31).
Meu
trabalho ao expor esta doutrina será, primeiro, demonstrar a verdade
contida nela, que os homens morrem porque querem; segun do, para
evidenciar que a incapacidade do homem fazer o que é bom, tão
freqüentemente mencionada nas Escrituras, não contradiz esta doutrina.
Os argumentos para demonstrar que os desejos dos homens são a grande causa de sua morte e perdição são estes:
1.
Um argumento será deduzido da corrupção natural e depravação da
vontade do homem. E essa corrupção se evidencia na vontade do homem
afastar-se de Deus, a Fonte da vida e da paz, e inclinar-se para o que é
mal, embora o pecador (ai dele!) chame de bem aquilo que é mal e
imagina ser doce aquilo que provará ser amargo e venenoso como toda
picada de áspide. Os pelagianos talvez assemelhem a vontade do homem a
uma virgem pura, a qual escapou de ser deflorada na sua primeira
apostasia, mas sabemos pelas Escrituras e pela experiência que o pecado
original revela-se mormente na vontade. Aquele que não entende que
seu coração é desesperadamente corrupto (Jer. 17:9), mostra um sinal
de que seu coração o engana e ele nem sabe disso. Quanta
incredulidade, quanto orgulho, quanta alienação da vida de Deus,
quanta inimizade contra o mandamento, o qual é santo, justo e bom,
existem na vontade do homem natural! Vejam Romanos, capítulo 7. A
vontade, então, sendo tão completamente corrupta e exercendo tanta
influência como exerce, impede a conversão a Deus e a santidade, o que
a contraria muito. E conseqüentemente ela tem grande responsabilidade
na perdição dos filhos dos homens.
2.
Outro argumento será deduzido da reprovação e ira justas de Deus.
Certamente Ele não os repreenderia tão duramente, Sua ira não fumegaria
tanto contra eles por causa de suas teimosias e obstinações nos seus
maus caminhos, se tivessem uma vontade sincera e faltasse apenas a
força para fazer o que é bom. Quando o Senhor infligiu julgamentos
sobre o Seu povo antigo, Ele falou da obstinação dele, da recusa em
entender e ser regenerado, e isto Ele fez para vindicar a retidão de
Suas mais severas maneiras de lidar com ele. Nós lemos que o Senhor
testificou contra Israel pelos Seus profetas e videntes dizendo: "...
convertei-vos de vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos.
Porém não deram ouvidos, antes endureceram a sua cerviz como a cerviz
de seus pais, que não creram no Senhor seu Deus". (II Reis
17:13-14,18). Agora, após sua obstinação, seguiu-se, e muito
justamente, a ira de Deus e a destruição deles. Portanto, o Senhor
estava muito irado com os filhos de Israel e os afastou de Sua vista.
Em
segundo lugar, vou provar que a habilidade dos homens em fazer o que é
bom não frustra a doutrina de que os seus pecados e misérias
permanecem à porta da vontade deles. O Espírito Santo, Aquele que torna
humilde os filhos dos homens, põe por terra a opinião que eles têm de
seu próprio poder e justiça e os faz usar a linguagem do profeta
Isaías: "Certamente no Senhor tenho justiça e força... " -inferindo,
portanto, que o homem em seu estado degenerado e peca minoso é incapaz
de fazer o que é espiritualmente bom. Por conseguin te, somos
considerados fracos - "Não que sejamos capazes por nós, de pensar
alguma coisa como de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem de Deus ".
(Rom. 5:6; II Cor. 3:5). Somos considerados cansados e sem vigor (Is
40:29), e nosso Senhor nos afirma claramente em João 15:5: "Sem mim
nada podeis fazer. " Mas por tudo isso, embora nos falte a força para
fazer o que é bom, nossa vontade é culpada do mal cometido por nós.
Não
se pode imaginar que as Escrituras mencionem a incapacidade do
pecador em fazer o bem como uma desculpa para ele fazer o mal, mas sim
para dirigí-lo a Cristo quem pode fortalecê-lo a fazer todas as
coisas (Fil. 4:13). É verdade que o homem é incapaz, porém ele também
não está disposto a fazer o que Deus requer dele, apesar de ser para o
seu próprio bem. A razão pela qual ele continua no pecado e é
subjugado por ele não é somente porque o homem não pode converter-se a
si mesmo, e sim também, e principalmente, porque ele não está
disposto a ser convertido. Isso será particularmente ampliado a
seguir.
a.
O homem pecador pensa que é capaz de deixar seus maus caminhos. Ele
adia seu arrependimento como se pudesse voltar-se para Deus quando
quisesse. Já que ele não faz o que pensa que pode, sua própria vontade
deve ser a causa do impedimento, e ela deve ser responsabilizada no
caso dele perecer.
b.
O homem pecador não faz o que realmente é capaz de fazer. Tem um
talento, todavia não quer negociar com ele. Poderia se abster de muitos
pecados que o expõe a ira e vingança se quisesse, porém infelizmente
ele é um escravo voluntário deles, e está feliz com sua servidão. O
adultério propositadamente vai a casa da prostituta, o ímpio mundano
propositadamente procura o ganho desonesto. Portanto, segue-se que
estes voluntariamente destroem a si mesmos.
O homem natural pode fazer o que é bom, embora ele falhe, na maneira de fazê-lo. Ele pode orar, ouvir, ler, contudo, intencionalmente omite estas obrigações, e assim voluntariamente se sujeita à maldição que o ameaça por causa de sua omissão. Ele não fará o que realmente pode, e, certamente, ainda que seu poder fosse ampliado jamais seria usado. Aquele que tem de sobra e recusa-se a dar um cruzeiro a um pobre, podemos concluir com certeza que não estaria disposto a fazer uma doação generosa - embora bem pudesse. Da mesma maneira, o homem natural que não fará o que pode para ser salvo, apesar de ser muito pouco, por certo não faria maior esforço, a fim de ser salvo, mesmo se seu poder fosse aumentado.
O homem natural pode fazer o que é bom, embora ele falhe, na maneira de fazê-lo. Ele pode orar, ouvir, ler, contudo, intencionalmente omite estas obrigações, e assim voluntariamente se sujeita à maldição que o ameaça por causa de sua omissão. Ele não fará o que realmente pode, e, certamente, ainda que seu poder fosse ampliado jamais seria usado. Aquele que tem de sobra e recusa-se a dar um cruzeiro a um pobre, podemos concluir com certeza que não estaria disposto a fazer uma doação generosa - embora bem pudesse. Da mesma maneira, o homem natural que não fará o que pode para ser salvo, apesar de ser muito pouco, por certo não faria maior esforço, a fim de ser salvo, mesmo se seu poder fosse aumentado.
c.
O homem pecador lamenta que seja capaz de fazer o quanto pode. Ele
desejaria ser totalmente impotente para que isso pudesse servir-lhe de
desculpa. Isto mostra a malignidade de sua vontade. Além disso, ele
não quer usar os meios pelos quais a graça e a força são transmitidas.
Ele não quer esperar em Deus, nem invocá-lO. Ele não quer buscar nEle
o cumprimento das promessas feitas na aliança da graça. Não, ele
resolutamente resiste o Espírito quando este vem operar nele. Ele
preferiria ser deixado entregue ao seu pecado. Essa é a linguagem dos
ímpios: "E todavia dizem a Deus: retira-te de nós, porque não desejamos
ter conhecimento dos teus caminhos." (Jó 21:14). O homem depravado
pode argumentar que lhe falta o poder, ainda assim esta falta de
vontade de arrepender-se e viver é principal mente o que o arruina. E
todos aqueles pensamentos e argumentos contra Deus, como se Ele fosse
um mestre severo, como se Seus caminhos não fossem justos - pergunto:
não será o homem envergonhado diante dEle naquele Grande Dia, no qual
sua consciência o acusará e em tristeza o reprovará por isso? Ele que
fora constantemente avisado e admoestado, entretanto, não se
arrependeu para que pudesse ter vida.
Fonte: Mayflower
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