Por Magno Paganelli
A pequeníssima epístola de Judas nunca foi tão atual e profética (com o
perdão dessa expressão desgastada). O versículo 3 encoraja a “batalhar
pela fé que uma vez foi dada aos santos” (RC). A expressão “fé que uma
vez foi dada aos santos” faz pensar nas novidades teológicas no ambiente
cristão (ainda que com cem, duzentos anos ou mais).
A fé dada há dois mil anos já era suficiente para realizar o seu papel e
levar-nos a cumprir a carreira proposta. Pensar que essa fé dada uma
vez pudesse ou devesse atingir um estágio de evolução ou alcançar
posteriormente alguma revelação, por mais privilegiada que fosse, é uma
certeza estranha ao Evangelho. A fé dada uma vez aos santos era, por si,
pronta e acabada, usando um termo pobre para explicar tamanha riqueza.
Ninguém precisa de uma “nova fé”, porque Cristo não está promovendo ou
delegando uma fé nova ou diferente da que entregou aos santos há dois
mil anos. Alguém está cansado do Evangelho como ele é, é caso
admissível. Há irmãos que vivem de novidade em novidade e precisam de
estímulo extra para “fazer funcionar” algum mecanismo ou fazer girar
alguma roda, mesmo que da fortuna. Mas não há novidade: a fé foi dada
uma vez aos santos. Ponto final.
É inconcebível uma nova revelação que já não tenha ocorrido entre os
apóstolos, como é impensável alguma nova associação da fé com um ramo da
ciência no intuito de fazer a fé ganhar novo vigor, assumir significado
renovado e fazer sentido no contexto pós-moderno. Nada disso existe. É
preciso muita fé para crer que o homem de hoje – justo hoje! – está
redescobrindo um novo jeito de construir sua espiritualidade ou
estabelecer diálogo com “outros saberes”. Nada disso é necessário. A fé é
um caso à parte, independente. Ou você crê ou não crê. Mas remodelar a
fé ou o seu significado etimológico para que ela desça ao nosso nível é
perversão e por isso, no mesmo versículo, Judas diz que queria escrever
sobre a “salvação comum”, mas mudou o texto para “encorajar-nos a
batalhar pela fé”.
Preservar a fé é crucial para manter a salvação sobre a qual ele queria
escrever. E ele usa todo o texto da epístola demonstrando quais são as
ameaças à fé: falsos irmãos que se desviaram mas permanecem nas reuniões
(v. 4); os incrédulos que estão fora da Igreja (v. 5); os pervertidos
(v. 10); os egoístas individualistas que são insubmissos (v. 12); os
murmuradores (v.16); os escarnecedores (v. 18); os maliciosos (v. 19).
As novidades que têm sido introduzidas na Igreja nos últimos tempos faz
da pequena carta de um dos irmãos de sangue de Jesus um verdadeiro
“jornal do dia”. Leia-a, é curta, apenas 25 versículos da mais clara e
saudável revelação. Eu creio na Bíblia como Palavra de Deus e sei que
ela está ensinando a verdade para todo aquele que crê que a fé foi dada
um vez aos santos… e não precisou de amuleto para andar nem de plástica
para parecer nova.
Nenhum comentário:
Postar um comentário