Francisco toca na imagem de “nossa Senhora Aparecida”
antes de rezar missa
no santuário dedicado
à padroeira do
Brasil.
Por Bispo José Moreno
Há cerca de trinta dias, conversei com uma jovem evangélica muito
comprometida com o departamento de missões de sua igreja e com obras
sociais, a qual me foi apresentada por um amigo comum, pastor, que a
conhece de uma temporada missionária em outro país.
Ela me pareceu muito dinâmica, alegre, bem disposta e, sobretudo,
temente a Deus, o que é a característica principal de um missionário
cristão. Além disso, tem formação superior e pós-graduação. E, se isso
não bastasse, é morena, bonita e solteira. Como eu tenho um filho jovem,
logo pensei em tê-la como nora…
Mas o que me surpreendeu naquele encontro não foram os muitos dotes
dessa jovem. Fiquei particularmente admirado com a empolgação dela com a
vinda de Francisco ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da
Juventude. Pelo que disse, é bem provável que ela seja um dos muitos
milhares de jovens presentes nos encontros que o papa está tendo com
eles aqui na Cidade Maravilhosa.
De fato, Francisco é atraente. É sorridente, humilde, afetuoso,
acessível. Tem uma postura bem diferente da dos seus antecessores: abriu
mão do trono dourado no Vaticano e o substituiu por uma cadeira de
madeira bem simples; não usa a estola vermelha bordada a ouro; seu anel é
de prata e não de ouro; sua cruz é a mesma que usava antes, de metal
comum; recusou os luxuosos aposentos papais e vive modestamente, sem
ostentação. Não exige tapete vermelho e anda a pé; quando precisa usar
um automóvel, prefere modelos populares, sem luxo.
Não há dúvida que ele é diferente. Ele quer uma igreja pobre, próxima do
povo; escandaliza-se ao ver padres e bispos locomovendo-se em carros
suntuosos, último tipo. Está bem claro para todos que ele será um dos
mais populares papas da história. E tenho certeza de que fará mudanças
radicais na cúpula da Igreja romana. Obviamente, essa popularidade e
essas mudanças repercutirão em diversos setores religiosos e laicos no
mundo todo. E atrairão, como se sabe, muitos evangélicos.
Os evangélicos vão se tornar devotos de Maria também? Pois Francisco é
devotíssimo da bem-aventurada mãe de nosso Senhor Jesus Cristo, a quem
os romanos chamam de “nossa Senhora”. A seu pedido, o roteiro da sua
vinda ao Brasil foi modificado, para que ele fosse rezar em Aparecida
perante a imagem da “nossa Senhora”.
Os evangélicos serão aceitos na eucaristia romana (ceia do Senhor)? E,
se forem, aceitarão tranquilamente a doutrina da transubstanciação?
Concordarão com o sacrifício da missa? Buscarão as indulgências?
Participarão da “veneração” das imagens dos santos? Recorrerão à
intercessão dos santos? Fugirão do purgatório?
Francisco é diferente – só que não, pois como papa ele é o chefe da
Igreja que pratica todas essas – e outras – distorções do texto sagrado,
o qual chamamos de Bíblia, nossa única regra de fé e prática.
A Reforma Protestante veio depurar a igreja. Os evangélicos, em tese,
são herdeiros da reforma e não do romanismo. O moto protestante
é:“Ecclesia reformata et semper reformanda est”. Enquanto isso, a Igreja
romana segue firme nas suas tradições, imutável. Mas o papa é pop.
Por isso fiquei pensando naquela jovem evangélica empolgada com a vinda
de Francisco ao Brasil. Acho que a falha está do nosso lado. Estamos
errando por não ensinar corretamente os nossos jovens. Até quando?
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