Por Maurício Zágari
Parece nome de filme de terror: o Vale da Sombra da Morte. Que imagem horripilante. Mistura em apenas uma expressão três conceitos que metem medo: “Vale” fala de um lugar desprotegido, ladeado por altas e perigosas escarpas, onde é fácil ser vitima de um emboscada ou uma avalanche.”Sombra” nos lembra o medo mais primitivo do ser humano: o escuro, a falta de luz, frio, ausência de sol, impotência diante dos perigos que porventura estejam escondidos onde não conseguimos ver. “Morte” dispensa comentários. Então “Vale da Sombra da Morte” é um lugar pavoroso, de medo, falta de proteção, total impotência, calafrios, depressão, imprevisibilidade, terror. Você já passou por esse lugar? Não é um lugar físico, mas espiritual, emocional e psicológico. Em algum momento da vida, a esmagadora maioria das pessoas atravessará esse vale. E precisamos nos preparar para isso, embora ele sempre nos trague quando menos esperamos.
Uns entrarão em suas regiões mais profundas, outros nas menos; uns ficarão nele muito tempo, outros nem tanto. Você sabe que está nele quando acorda chorando, quando os dias correm rápido e você percebe que já chegou outra segunda-feira sem que o tempo pareça ter passado, quando nada parece fazer sentido, quando a tristeza é sua companheira mais frequente, quando você não enxerga razão para sair da cama, quando o céu azul é cinza aos teus olhos, quando viver torna-se comer e dormir – se o apetite não desaparece. Quando a morte passa a não ser tão assustadora assim.
Só que aí acontece algo extraordinário.
Deus nos revela, por meio do Salmo 23 do rei Davi, uma outra possibilidade. Ele mostra uma mão estendida por entre o desespero que, para quem está em pleno Vale da Sombra da Morte, parece impossível, apenas uma miragem à distância. Mas para quem está em Cristo, essa miragem na verdade não é uma ilusão, é um vislumbre real do que está na linha do horizonte. O que precisa ser feito para chegar até essa realidade é dar um passo. Depois outro. Depois juntar todas as suas forças para dar um terceiro. Um quarto vem arrastado e aos soluços. O quinto vem com um gemido. No sexto os pés nem desgrudam do chão, tão pesados estão. O sétimo é automático, sem vontade, querendo cair ao solo e ali ficar. Do oitavo em diante só Deus sabe como você consegue ir em frente. Mas… quando você menos espera… superou um dia. Depois outro. Depois outro. Depois outro. Depois outro. Depois outro e… quando se dá conta, aquele longínquo horizonte está debaixo dos seus pés. Seus olhos embaçados pelas lágrimas, junto com o abatimento da sua alma, não deixaram você perceber que as escarpas sumiram. Você levanta a cabeça. E o Vale da Sombra da Morte não está mais ali. E onde você está? Que lugar é esse onde você chegou?
Embora seja o local mais arrasador e apavorante que existe nesta terra, o Vale da Sombra da Morte tem uma função para o Reino de Deus: quando você chega ao lugar de paz, se consegue jamais se esquecer daquela jornada sombria, fria, solitária e apavorante que ficou para trás, agarra-se com todas as suas forças a um desejo premente e inapagável: habitar na Casa do Senhor para todo o sempre.
Se você está neste momento de sua vida atravessando o Vale da Sombra da Morte, meu irmão, minha irmã, saiba que ao final dele há pastos verdejantes, águas de descanso, refrigério, justiça. Não tema mal nenhum, porque Jesus está contigo. Essa é minha esperança. Essa precisa ser a esperança de todos nós.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício.
Maurício.
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