Por Rev. Ageu Cirilo de Magalhães Jr.
No dia, 03/09/2009, o então Presidente
da República, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que
instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus.
Estavam ali, naquele ato, alguns líderes
do governo, juntamente com o bispo da Igreja Universal do Reino de
Deus, Marcelo Crivella, e os bispos da Igreja Renascer em Cristo,
Estevam e Sônia Hernandes. A sanção do presidente veio apenas tornar
oficial uma prática que se repete a cada ano. Considerando o tamanho do
evento e a quantidade de irmãos que mobiliza, alisto abaixo dez motivos
que cada cristão deveria considerar para não participar desta marcha. As
informações que dão base à análise podem ser encontradas em sites de
promoção da marcha:
1. A igreja que organiza a maior parte
da marcha é conduzida por um homem que se autodenomina apóstolo. Este é
um erro cada vez mais frequente em algumas denominações. É sabido que o
título “apóstolo” foi reservado àquele primeiro grupo de homens
escolhidos por Cristo. Após a traição e suicídio de Judas, os apóstolos
escolheram outro para ocupar seu lugar (At 1.15-20), mas, como foi feita
esta escolha? Que critérios foram usados? 1º) Ter sido discípulo de
Jesus durante o seu ministério terreno; 2º) Ter sido testemunha ocular
do Cristo ressurreto. Portanto, ninguém que não tenha sido contemporâneo
de Cristo ou dos apóstolos (como Paulo o foi) pode sustentar para si o
título de apóstolo;
2. A igreja que organiza a marcha ensina
a Teologia da prosperidade (crença de que o cristão deve ser próspero
financeiramente), Confissão positiva (crença no poder profético das
palavras — assim como Deus falou e tudo foi criado, eu também falo e
tudo acontece), Quebra de maldições (convicção de que podem existir
maldições, mesmo na vida dos já salvos por Cristo) e Espíritos
territoriais (crença em espíritos malignos que governam sob determinadas
áreas de uma cidade);
3. A filosofia da marcha está
fundamentada em uma Teologia Triunfalista (tudo sempre vai dar certo,
não existem problemas na vida do crente), tendo como base textos como
Êxodo 14 (passagem de Israel no mar Vermelho) e Josué 6 (destruição de
Jericó);
4. De acordo com os sites que organizam a marcha, uma das finalidades dela é promover curas e libertações;
5. A marcha não celebra culto, mas “show gospel”;
6. Os líderes do movimento propagam que a marcha tem o poder de “mudar o destino de uma nação”;
7. Na visão do grupo, com base em Josué
1.3: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado”, a
marcha é uma reivindicação do lugar por onde passam na cidade;
8. Na visão do grupo, a marcha serve para tapar as “brechas deixadas pelos atos ímpios de nossa nação”;
9. Na visão do grupo, a marcha destrói “fortalezas erguidas pelo inimigo em certas áreas em nossas cidades e regiões”;
10. A marcha tem caráter isolacionista,
próprio de gueto, e não o que Cristo nos ensinou, a saber, envolvimento
amplo na sociedade, como sal e luz (Mt 5.13-16), com irrepreensível
testemunho cristão: “…mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos
gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de
malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no
dia da visitação” (1 Pe 2.12).
Ademais, é importante observar que toda a
organização da marcha está centrada nas mãos de uma igreja apenas,
excluindo-se o alegado caráter de união entre os evangélicos.
Tanta força e entusiasmo deveriam ser
canalizados para a pregação do evangelho. As pesquisas indicam que os
evangélicos já somam 25% da população brasileira, no entanto, a
imoralidade, a corrupção e a violência estão cada vez maiores em nosso
país. Os canais de TV, os programas de rádio, bem como as marchas não
têm gerado transformação de vida em nosso povo.
A marcha que Cristo ensinou à sua igreja
foi outra, silenciosa e efetiva, tal qual o sal penetrando no alimento
(Mt 5.13); pessoal e de relacionamento, como na igreja primitiva (At
8.4); cotidiana e sem cessar, como entre os primeiros convertidos (At
2.42-47).
Que Deus nos restaure essa visão.
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