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Fiquei
feliz em receber o convite para estar escrevendo ao blog dos 30. Com
certeza este espaço será ótimo para a nossa reflexão profunda, pois o
nível dos artigos estão excelentes. Espero contribuir de alguma forma
também.
Hoje gostaria de abordar sobre um assunto que tem me causado inquietações constantes, tamanha gravidade dos fatos.
É
notório que, atualmente vivemos em uma crise no meio eclesiástico
Brasileiro. Muitas pessoas estão deixando de frequentar à igreja,
desiludidas, feridas e desanimadas com o ambiente eclesiástico. Alguns
podem afirmar o contrário, tendo em vista as últimas pesquisas que
apontam um crescimento na população evangélica Brasileira, ou até mesmo
por causa das diversas igrejas existentes em nosso país que possuem suas
"super lotações" (MIR, Renascer, Sara Nossa Terra, IURD, igreja
Mundial, Fonte da Vida, Luz para os Povos, etc.), porém não podemos
esquecer que - no mínimo, na mesma proporção - ocorre também a saída de
pessoas de tais igrejas por diversos motivos, tais como: decepções,
abusos autoritários, manipulações, distorções bíblicas, ênfase no
dinheiro, etc.
Tenho lido muitos artigos na internet que
vem sendo divulgados sobre o tema, também existem diversos livros que
estão sendo lançados pelo mundo com o objetivo de encontrar explicações
para esta crise eclesiástica, tentando apontar algumas soluções para
contornar a situação. Atualmente estou lendo o livro "Porque você não
quer mais ir à igreja" - de Wayne Jacobsen e Dave Coleman - que trata
exatamente sobre este tema.
Creio que é chegado o momento
de abordarmos este assunto, com responsabilidade e temor, e começar a
analisar alguns aspectos críticos e preocupantes desta problemática.
Em
síntese, na minha opinião, o "ponto nefráugico" está exatamente na
questão teológica. Os ensinamentos Bíblicos de muitas igrejas são
superficiais, indutivos, interesseiros, fragmentados e místicos.
Superficiais,
porque falta um preparo teológico hermeneuticamente correto, falta
dedicação, falta zelo pela palavra de Deus e falta pregações
expositivas, pois é repassado um ensino bíblico "enlatado" e fragmentado
em detrimento de uma interpretação exegeticamente honesta e correta.
Indutivos e interesseiros, porque visa exclusivamente os interesses
particulares de seus líderes. Fragmentados e místicos, porque é pregado
passagens fora de seus devidos contextos para que as mesmas sejam
alegoricamente colocadas de uma forma mística.
Tudo isso, ao meu ver, se torna o ponto de partida para os "absurdos" que vemos hoje em dia.
Um
desses "absurdos" que mais influenciam na saída de pessoas dessas
denominações é exatamente o que vou colocar a seguir. Trata-se de um
assunto delicado, pois toca diretamente na parte estrutural das
denominações. Falarei sobre "autoridades eclesiásticas".
Para
quem se afastou da igreja, ou para quem está congregando em alguma,
quando escutam esta frase, logo vem em mente à figura da liderança
principal da igreja, aquela pessoa eloquente e "ungida" que é
supostamente "bem preparada" teologicamente, aquele que foi escolhido
por Deus para ser o líder da igreja, a voz que decide tudo sobre a
congregação, a palavra final e absoluta - a "cobertura espiritual" da
igreja, a “autoridade eclesiástica” de todos os membros da mesma.
É impressionante e assustador a quantidade de casos que já presenciei de líderes que usam e abusam desta suposta "autoridade".
Um
exemplo posso citar logo abaixo. Veja o que um conhecido Bispo de uma
igreja neopentecostal colocou a respeito de sua "autoridade" perante os
demais membros:
Quando você estuda a Bíblia percebe,
entre outras coisas, a importância da cobertura espiritual sobre nossas
vidas. Cobertura esta manifestada através da Igreja e de suas
autoridades delegadas. A cobertura espiritual é o condutor do que a
Igreja pode nos oferecer. Como a Igreja é o Corpo do nosso Senhor Jesus,
tudo o que o Senhor Jesus pode fazer em nós e através de nós acontece
quando estamos sujeitos à cobertura espiritual. [...] Foi Deus que
instituiu a cobertura espiritual em nossas vidas, e segundo o Apóstolo
Paulo em sua carta aos Romanos, ela foi constituída para o nosso bem.
Ela é importante para nossa vida, pois demarca limites em nossas vidas.
[...] O nosso Deus é um pai bondoso e atencioso. Como bom Pai que é Ele
estabelece limites para crescermos saudáveis e através da autoridade
espiritual por Ele constituído é que somos edificados para este
crescimento. Reconheça a cobertura espiritual de Deus para a sua vida. A
cobertura da Igreja, pois com ela você poderá declarar que “nenhuma
arma forjada contra você prosperará”, pois este é seu direito como
membro coberto da Igreja de Jesus.
Autor: Bispo Fábio Sousa
Vejam
o quão oportunista é este discurso acima. Posso afirmar com
conhecimento de causa - conheço bem esta denominação - que tal colocação
é ensinada e repassada à todos os membros desta igreja, os pastores
ensinam aos seus discípulos o mesmo conteúdo que aprenderam de sua
"cobertura espiritual", e assim por diante. Para todos que começam a
frequentar os cultos desta denominação, recebem tais ensinamentos.
A
“autoridade” é colocada diretamente nos líderes da denominação, para
que ninguém ouse a se levantar com alguma coisa dita, ensinada ou
praticada por tais líderes. O famoso discurso de "não toqueis nos
ungidos de Deus".
O primeiro argumento que podemos analisar é que, o ensino de cobertura espiritual carece de sustentação exegética.
Frank Viola, em seu livro "Quem é tua cobertura?", com muita propriedade disserta sobre o tema, veja abaixo:
-
É surpreendente que a palavra “cobertura” apareça apenas uma vez em
todo o NT. É usada referindo-se à cabeça coberta da mulher (1 Cor.
11:15). Ao passo que o Antigo Testamento (AT) utiliza pouco este termo,
sempre o emprega referindo-se a uma peça do vestuário natural. Nunca é
utilizado de maneira espiritual ligando-o a autoridade e submissão.
Portanto,
a primeira coisa que podemos dizer acerca da “cobertura” é que há
escassa evidencia Bíblica para construir-se uma doutrina. Não obstante,
incontáveis cristãos repetem como papagaios à pergunta
“quem-é-tua-cobertura?” e insistem nela como se fosse a prova do ácido
que mede a autenticidade de uma igreja ou ministério.
Se a
Bíblia silencia com respeito à idéia da “cobertura” o que é que se
pretende dizer com a pergunta, “Quem é tua cobertura”? A maioria (se
insistíssemos) formularia esta mesma pergunta em outras palavras: “A
quem você presta contas?”.
Mas isso suscita outro ponto
difícil. A Bíblia nunca remete a prestação de contas a seres humanos,
mas exclusivamente a Deus! (Mat. 12:36; 18:23; Luc. 16:2; Rom. 3:19;
14:12; 1 Cor. 4:5; Heb. 4:13; 13:17; 1 Ped. 4:5).
Por
conseguinte, a sadia resposta Bíblica à pergunta “a quem prestas
contas?” É bem simples: “presto contas à mesma pessoa que você, a Deus”.
Assim, pois, é estranho que tal resposta provoque tantos mal entendidos
e falsas acusações.
Deste modo, embora o tom e o timbre
do “prestar contas” difira apenas da “cobertura”, a cantilena é
essencialmente a mesma, e sem dúvida não harmoniza com o inconfundível
canto da Escritura.
Trazendo à Luz a Verdadeira Pergunta
que se Esconde Atrás da Cobertura Ampliemos um pouco mais a pergunta.
Que é que se pretende realmente dizer na pergunta acerca da “cobertura”?
Permito-me destacar que a verdadeira pergunta é, “Quem te controla?”.
O
(maléfico) ensino comum acerca da “cobertura” realmente se reduz a
questões acerca de quem controla quem. De fato, a moderna igreja
institucional está construída sobre este controle.Consequentemente, a
gente raras vezes reconhece que é isto que está na base da questão, pois
se supõe que este ensino esteja bem ancorado nas Escrituras. São muitos
os cristãos que crêem que a “cobertura” é apenas um mecanismo protetor.
Assim,
pois, se examinarmos o ensino da “cobertura”, descobriremos que está
baseado em um estilo de liderança do tipo cadeia de comando hierárquico.
Neste estilo de liderança, os que estão em posições eclesiásticas mais
altas exercem um domínio tenaz sobre os que estão debaixo deles. É
absurdo que por meio deste controle de direção hierárquica de cima para
baixo se afirme que os crentes estejam protegidos do erro.
O
conceito é mais ou menos o seguinte: todos devem responder a alguém que
está em uma posição eclesiástica mais elevada. Na grande variedade das
igrejas evangélicas de pós guerra, isto se traduz em: os “leigos” devem
prestar contas ao pastor. Que por sua vez deve prestar contas a uma
pessoa que tem mais autoridade.O pastor, tipicamente, presta contas à
sede denominacional, a outra igreja (muitas vezes chamada de “igreja
mãe”), ou a um obreiro cristão influente a quem considera ter um posto
mais elevado na pirâmide eclesiástica.
De modo que o
“leigo” está “coberto” pelo pastor, e este, por sua vez, está “coberto”
pela denominação, a igreja mãe, ou o obreiro cristão. Na medida que cada
um presta contas a uma autoridade eclesiástica mais elevada, cada um
está protegido (“coberto”) por essa autoridade. Esta é a idéia.Este
padrão de “cobertura-responsabilidade em prestar contas” se estende a
todas as relações espirituais da igreja. E cada relação é modelada
artificialmente para que encaixe neste padrão. É vedada qualquer relação
fora disto – especialmente dos “leigos” com respeito aos “líderes”.
Mas
esta maneira de pensar gera as seguintes perguntas: Quem cobre a igreja
mãe? Quem cobre a sede denominacional? Quem cobre o obreiro cristão?
Alguns oferecem a fácil resposta de que Deus é quem cobre estas autoridades “mais elevadas”.
Mas
esta resposta enlatada demanda outra questão: O que impede que Deus
seja diretamente a “cobertura” dos “leigos”, ou mesmo do pastor?
Sem
dúvida, o problema real com o modelo “Deus-denominação-clero-leigos”
vai bem além da lógica incoerente e danosa a que esta conduz. O problema
maior é que este modelo viola o espírito do Novo Testamento, porque por
trás da retórica piedosa de “prover da responsabilidade de prestar
contas” e de “ter uma cobertura”, surge ameaçador um sistema de governo
que carece de sustento bíblico e que é impulsionado por um espírito de
controle.
***
O ensino da cobertura
espiritual se encaixa exatamente neste sentido que Frank Viola explicou
acima. Seria uma espécie de "proteção espiritual" de líderes para com
seus "controlados" membros da igreja. Quem estiver debaixo da cobertura,
supostamente estará protegido de ataques do maligno, de doenças, de
crises financeiras, etc. Ao contrário, quem ousará ir contra sua própria
“cobertura espiritual”, aquele que é “autoridade espiritual” sobre sua
própria vida? Vejam só a gravidade do problema, é aí que começa a
manipulação eclesiástica que (também) tem contribuído para desistências
congregacionais de pessoas.
O referido Bispo erra em
afirmar que o crente tem que estar debaixo de uma cobertura para se
proteger, pois com isso ele nega a responsabilidade individual de cada
um perante seus atos (Rm 14:12), e o pior, condiciona um poder de
proteção espiritual para ele próprio, proteção esta que só Jesus pode
nos dar. O Bispo afirma que "o agir de Jesus" no crente está
condicionado ao mesmo estar debaixo da cobertura deles. Um absurdo! Onde
está isso na Bíblia?
Se alguém pecar, não vai ser uma
"cobertura" que vai livrar esta pessoa das consequências de seu pecado. E
também não vai ser uma "cobertura eclesiástica" que vai livrar o
Cristão da "contaminação do mundo". A santificação do Cristão agora
depende de cobertura espiritual? Absolutamente não!
Este
ensino escraviza e acomoda o Cristão a uma falsa proteção de líderes
que, na verdade estão interessados em somente controlar e manipular os
membros de suas mega-congregações. É Deus quem nos guarda e protege e
não um líder eclesiástico com sua falsa doutrina de "cobertura de
controle".
O referido Bispo, abusando de sua teologia
distorcida, erra também na afirmação de que nas igrejas existem
"autoridades delegadas" que seriam os líderes eclesiásticos. O mesmo
cita Romanos 13 para averbar sua colocação de que o Cristão deve se
submeter as "autoridades delegadas por Deus".
Claro que
temos obrigação de nos submeter às autoridades, conforme esta passagem
nos mostra, porém estas autoridades citadas em Romanos de maneira alguma
são os líderes eclesiásticos!
Romanos 13, pelo contexto, é
direcionado especificamente as “autoridades governamentais e
jurídicas”. Não há evidência, nem margem exegética nenhuma para afirmar
que “também” é direcionada a “autoridade eclesiástica”. Quem afirmar o
contrário estará torcendo o texto sem seguir o contexto, desrespeitando
assim as regras de exegese e hermenêutica!
Para se ter uma idéia desta tamanha distorção, Jesus foi bem categórico quando falou sobre este mesmo assunto:
"Então,
Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os
dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não
é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre
vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós
será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Mt 20:25-28 (Grifo meu).
Nesta
passagem, a Bíblia nos narra quando a mulher de Zebedeu - mãe de Tiago e
João - veio até Jesus com seus filhos para pedir que colocasse em seu
reino os mesmos em posição de honra e autoridade ao lado direito e
esquerdo de Cristo(vs 21). Porém, Jesus foi categórico com eles, como
podemos constatar nos versos seguintes.
Será que Paulo em
Romanos estaria se contradizendo com JESUS sobre o tema? Será que
realmente existem crentes que são “autoridades superiores” perante
outros crentes na igreja? Com certeza não! Quem se contradiz são aqueles
que afirmam que Rm 13 é direcionado também para a autoridade
eclesiástica. Não existe base bíblica neotestamentária para que um
crente tenha autoridade espiritual sobre outro crente. Isso é invenção
de líderes dominadores que querem manipular e controlar o rebanho da
Igreja de Cristo.
A única “autoridade espiritual” que existe na igreja perante os crentes é JESUS. A Bíblia diz em Mt 28:18 “Toda autoridade me foi dada no céu e sobre a terra”. (grifo meu)
Jesus
é o cabeça do corpo de Cristo, nós todos somos os membros. Nenhum
membro do corpo pode exercer superioridade através de autoridade
espiritual a outro membro, somente o cabeça (que é Cristo) é que
controla todo o corpo. É assim na igreja. Jesus tem autoridade sobre
toda a igreja. Todo crente que estiver em Cristo tem a mesma autoridade
espiritual que é concedida através de Jesus (1Pe 2:9). O véu foi
rasgado, todos nós temos acesso. A unção é a mesma, a autoridade é a
mesma, o acesso ao Pai é igual para todos! (Veja 1 Co 12).
A
igreja com certeza é uma instituição organizada que foi estabelecida
por Cristo, pois sabemos que existem dons e ministérios necessários para
a edificação e organização da congregação. Sabemos também que algumas
funções têm como objetivo de liderar e coordenar a igreja. Se não fosse
assim, teríamos uma verdadeira baderna, e o culto ao a Deus com decência
e ordem, não seria possível. Porém, nenhum desses dons autentica o
direito de ser “autoridade espiritual” sobre os demais crentes.
É
importante colocar que não devemos confundir a “autoridade” de Romanos
13 com a “obediência e submissão” de Hebreus 13:17, vejamos:
“Obedecei aos vossos guias e sede submissos
para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar
contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não
aproveita a vós outros”. Hb 13:17 (grifo meu)
Analisando esta passagem:
Obedecei = deixar-se guiar / submeter-se
Submisso (vocábulo "submeter") = grego: hupotaso = sujeição voluntária / obediente / respeitoso / sujeito.
Repare agora na diferença etimológica comparando-se à palavra “autoridade” citada em Rm 13:
Autoridade = poder de mandar / domínio / poder público. (dicionário Aurélio).
Termo
grego para autoridade: Exousia = deriva da palavra exestin, que
significa uma ação possível e legítima que pode ser levada a cabo sem
obstáculo.
Frank Viola comentou sobre esta questão também:
-
A autoridade (exousia) relaciona-se com manifestação e comunicação de
poder. Mais especificamente, a autoridade é o direito de realizar uma
ação particular. A Escritura ensina que Deus é a fonte única de toda
autoridade (Rom. 13.1), e esta autoridade foi conferida à Seu Filho
(Mat. 28:18; João 3:30-36; 17:2).
Apenas Jesus Cristo tem
autoridade. O Senhor Jesus disse claramente, “Toda autoridade me foi
dada no céu e sobre a terra”. Ao mesmo tempo, Deus delegou Sua
autoridade aos homens e mulheres deste mundo para propósitos
específicos.
Por exemplo, na ordem natural, Deus instituiu
diversas esferas onde Sua autoridade deve ser exercida (Efésios
5:22-6:18; Col. 3:18-25). Estabeleceu certas “autoridades oficiais” com o
propósito da preservação da ordem sob o sol. Aos oficiais
governamentais, como reis, magistrados e juízes, foi dada esta
autoridade (João 19:10, 11; Rom. 13:1 ss.; 1 Tim. 2:2; 1 Ped. 2:13-14).
A
autoridade oficial é autoridade conferida a um oficio estático.
Funciona independente das ações da pessoa que a ocupa. A autoridade
oficial é autoridade posicional e fixa. Enquanto a pessoa ocupar o
cargo, tem autoridade.Quando alguém exerce as funções de autoridade, o
recipiente chega a ser “uma autoridade” por seu próprio direito. É por
esta razão que se exorta aos cristãos que se sujeitem aos líderes
governamentais – não importando seu caráter (Rom. 13:1; 1 Ped.
2:13-19).Nosso Senhor Jesus, assim como Paulo, mostraram espírito de
sujeição quando compareceram ante a autoridade oficial (Mat. 26:63-64;
Atos 23:2-5). De maneira similar, devemos sempre nos sujeitar a esta
autoridade. A ausência de lei e o desprezo pela autoridade são sinais de
uma natureza pecadora (2 Ped. 2:10; Judas 8). Ao mesmo tempo, a
sujeição e a obediência são duas coisas bem diferentes, e é um erro
fatal confundi-las.
Sujeição Versus Obediência.
Em
que difere a sujeição da obediência? A sujeição é uma atitude. A
obediência é uma ação. A sujeição é absoluta. A obediência é relativa. A
sujeição é incondicional. A obediência é condicional. A sujeição é um
assunto interior. A obediência é um assunto exterior.
Deus
nos convoca a ter um espírito de humilde sujeição diante daqueles que
Ele colocou em autoridade sobre nós na ordem natural. Contudo, não
podemos obedecer-los se nos mandam fazer o que viola Sua vontade, porque
a autoridade de Deus é maior que qualquer autoridade terrena.
Não
obstante, você pode desobedecer enquanto se submete. Pode desobedecer a
uma autoridade terrena mantendo um espírito de humilde sujeição. Pode
desobedecer e ao mesmo tempo manter uma atitude de respeito e reverencia
distinto do espírito de rebelião, injuria e subversão (1 Tim. 2:1-2; 2
Ped. 2:10; Judas 8).
A desobediência das parteiras
hebréias (Ex. 1:17), os três jovens hebreus (Dn. 3:17-18), Daniel (Dn.
6:8-10), e os apóstolos (Atos 4:18-20; 5:27-29) exemplificam o principio
de estar sujeito a uma autoridade oficial ao mesmo tempo em que
desobedece quando esta se choca com a vontade de Deus.
Se
Deus estabelece autoridade oficial para operar na ordem natural, ele não
instituiu este tipo de autoridade na igreja. É por essa razão que os
líderes eclesiásticos silenciam diante dos argumentos de Paulo na esfera
da autoridade em Efésios 5-6 e Colossenses 3.
Deus dá
autoridade (exousia) aos crentes para exercer certos direitos. Entre
eles está a autoridade (exousia) de serem feitos filhos de Deus (João
1:12), possuir propriedades (Atos 5:4), decidir casar-se ou não (1 Cor.
7:37), decidir o que comer ou beber (1 Cor. 8:9), curar enfermidades
(Mar. 3:15), expulsar demônios (Mat. 10:1; Mar. 6:7; Luc. 9:1; 10:19),
edificar a igreja (2 Cor. 10:8; 13:10), receber bênçãos especiais
associadas a certos ministérios (1 Cor. 9:4-18; 2 Tes. 3:8-9), ter
autoridade sobre as nações e comer da árvore da vida no reino futuro
(Ap. 2:26; 22:14).
Mas em nenhuma parte a Bíblia ensina que Deus deu autoridade (exousia) aos crentes sobre outros crentes!
Recordemos
a palavra de nosso Senhor em Mateus 20:25-26 e Lucas 22:25-26 onde
condena as formas de autoridade tipo exousia entre seus seguidores. Este
fato deve ser motivo para uma séria reflexão.
Portanto,
sugerir que os líderes na igreja devem exercer o mesmo tipo de
autoridade que os dignitários representa logicamente um salto e uma
excessiva generalização. Uma vez mais, o NT nunca vincula a exousia aos
líderes da igreja, nem estabelece que alguns crentes tenham exousia
sobre outros crentes.
Sem dúvida, o AT descreve os
profetas, sacerdotes, reis e juízes, como autoridades oficiais. Isto se
deve ao fato destes “ofícios” serem sombras da autoridade ministerial do
próprio Jesus Cristo. Cristo é o verdadeiro Profeta, Sacerdote, Rei e
Juiz. Mas no NT nunca encontramos qualquer passagem que descreva ou
represente algum líder enquanto autoridade oficial. Isto inclui os
guardiões locais, assim como aos obreiros de fora.
Para
ser franco, a noção de que os cristãos têm autoridade sobre outros
cristãos é um exemplo de exegese forçada e, como tal, é biblicamente
insustentável. Quando os líderes da igreja exercem o mesmo tipo de
autoridade que desempenham os oficiais governamentais, tornam-se
usurpadores!
Certamente, a autoridade funciona na igreja,
mas esta autoridade que funciona na ekklesia é notavelmente diferente da
que se exerce na ordem natural. Isto faz sentido na medida em que a
igreja não é uma organização humana, mas um organismo espiritual. A
autoridade que opera na igreja não é oficial. É orgânica!
***
Nós devemos ter os nossos líderes e pastores de uma maneira respeitosa e submissa, no sentido de “deixar os mesmos nos guiar na Palavra e no ensino de Deus”. Devemos confiar com segurança que os mesmos são servos de Deus para cuidar, apascentar e ensinar a Igreja de Cristo e também para coordenar a igreja em sua forma funcional e organizacional. O Pastor merece honra, reconhecimento e respeito de todos da Igreja. Porém o líder também é humano, sujeito a erros e a pecados, bem como a exortação e repreensão.
Nós devemos ter os nossos líderes e pastores de uma maneira respeitosa e submissa, no sentido de “deixar os mesmos nos guiar na Palavra e no ensino de Deus”. Devemos confiar com segurança que os mesmos são servos de Deus para cuidar, apascentar e ensinar a Igreja de Cristo e também para coordenar a igreja em sua forma funcional e organizacional. O Pastor merece honra, reconhecimento e respeito de todos da Igreja. Porém o líder também é humano, sujeito a erros e a pecados, bem como a exortação e repreensão.
Mas, jamais devemos ter nossos
pastores ou líderes como se fossem superiores aos demais irmãos da
igreja, como se os mesmos possuíssem “unção diferenciada” ou “poderes
especiais”. Somos co-herdeiros em Cristo, o véu foi rasgado e temos
acesso à vida através de Jesus, bem como a unção procede diretamente de
Deus para todo o Corpo de Cristo. Temos todos a mesma unção e os mesmos
direitos, não precisamos de nenhum “homem mediador” para ter acesso ao
pai. O único mediador entre Deus e os homens é JESUS CRISTO!
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