Por
David Mathis
“E isto
afirmo”. Adoro quando Paulo diz isso em 2 Coríntios 9.6. Ele assegura que tem
nossa atenção e então fala abertamente. Por trás da prosa fundamentada e do
desenvolvimento retórico, aqui está onde ele quer chegar – clara, simples e
abertamente. “E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceiferá; e o
que semeia com fartura com abundância também ceifará”. Lindamente
direto.
A mesma
abordagem humilde nos ajuda quando consideramos o tópico “permanecer cristão” no
seminário. Há muitos (bons) conselhos a serem dados. Há muitas experiências a
serem transmitidas, advertências a serem consideradas, recomendações a serem
dadas e compromissos a ressaltar. Há verdades específicas para enfatizar e
sugestões práticas para fazer.
Mas no
final das contas, qual é o ponto principal? Existe alguma coisa que sustenta
todos os conselhos e recomendações juntos? Quando você vai direto ao ponto e
apara todas as arestas, qual é o coração da questão “permanecer cristão no
seminário”?
O ponto é
esse: Seja um cristão no seminário. A chave para permanecer cristão no
seminário, e em qualquer época e fase da vida, é ser um
cristão.
Talvez o
maior perigo que seminaristas enfrentem em todas as gerações é a tentação de
colocar alguns aspectos do seu cristianismo “em suspenso” enquanto ele entra
nessa “temporada de preparação para o ministério”. Somos atraídos a nos dar uma
folga do cristianismo diário enquanto nos preparamos para ser um instrumento
(ironicamente) de graça diária para outros.
Seja o
próprio Tentador, o pecado dentro de nós ou apenas ingenuidade, o seminarista
pode começar a raciocinar assim:
Não
preciso do hábito de oração particular e tempo devocional na Bíblia; já estou
envolvido com essas coisas o tempo todo.
Não
preciso estar profundamente conectado a pessoas em uma igreja local, onde eu
possa ser ministrado e ministrar a outros; minha comunidade do seminário é
suficiente. Além disso, essa é uma fase temporária – não há razão para fincar
raizes aqui.
Não
preciso exercer meu papel de homem em casa enquanto estiver no seminário; minha
esposa pode segurar as pontas temporariamente e assumir o meu papel enquanto eu
estudo.
E assim,
o seminarista começa a ir ladeira abaixo. Ele pensa que, de alguma maneira, seu
cristianismo “real” pode retomar a marcha quando sua vida real começar do outro
lado da gradução. Ele sutilmente coloca “em suspenso” sua própria busca diária
da constante graça de Deus, do caminhar pela fé em Cristo e no Evangelho dele,
para que ele possa se preparar melhor para apresentar a outros a mesma vida
cristã normal que ele tão estrategicamente negligenciou.
Talvez
ajude ouvir que seminário é vida real. Tudo na vida, do berço à
sepultura, é vida real na economia de Deus. Para o cristão, não há intervalos,
pausas ou “temporadas” onde as coisas principais ficam suspensas à medida que
nos preparamos para as próximas. Não há uma convocação cristã para negligenciar
sua própria máscara de oxigênio para que você possa ser treinado para ajudar os
outros com as máscaras deles. A única coisa que você vai conseguir é ficar
sufocado no processo.
Quão
trágico é quando o seminarista zeloso, inundado de compromissos e capturado pelo
desejo de ser bem sucedido academicamente, começa a ignorar os meios de graça
que Deus usou para cultivar o zelo inicial dele pelo ministério do evangelho. O
resultado é de partir o coração: o seminário encarado de forma errada começa a
esmagar o próprio zelo que, no início, o levou para lá.
Quão
trágico é quando o seminarista zeloso é negligente em ministrar primeiro para
sua esposa e filhos porque ele está em uma temporada de “preparação para o
ministério”. O apóstolo Paulo não ficaria impressionado.
Quão
trágico é quando começamos a ficar impressionados com o quanto estamos
aprendendo, o quanto sabemos, e que grande presente seremos para a igreja após a
graduação. O Apóstolo nos lembraria: Esse “saber” ensoberbece, mas o amor
edifica. Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como
convém saber (1 Co 8.1-2).
Busque
durante tempo suficiente o caminho para “permanecer cristão” no seminário, e
você perceberá que ele é menos sobre que temporada especial o seminário é e mais
sobre o que o cristianimo é em todas as temporadas da vida, em todas as eras da
história da igreja, em todos os lugares do planeta. Permanecer cristão no
seminário é permanecer cristão em geral.
A maneira
de permanecer cristão no longo prazo é ser um cristão todo dia. É caminhar
diariamente na luz da fascinante e extraordinária graça de Deus para nós no
evangelho. É estar completamente confiante no Espírito de Deus, aprofundando-se
na Palavra de Deus, entre o povo de Deus. É manter ambos os olhos voltados para
Jesus – não apenas nas Escrituras, mas em cada área de nossa existência. Lute
contra o orgulho. Sirva sua esposa. Deseje atender as necessidades dos outros,
ministrar e ser ministrado por amigos crentes e compartilhar o evangelho e você
com aqueles que não O conhecem.
Não
existe um “estado de espera” para o cristão. O chamado de Deus para o seminário
não supera – ele complementa –o chamado dEle para nós, pela Sua graça, para
sermos o tipo de marido, pai, amigo e discípulo de Jesus, todos os dias, que
esperamos que nosso ministério formal pós-seminário um dia
produza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário