Por Pablo Massolar
"Em seus passos o que
faria Jesus?" é o título de um livro escrito por Charles Sheldon e
publicado originalmente em 1896, nos Estados Unidos, com o título "In
His Steps".
A obra conta a história
de Henry Maxwell, pastor da Primeira Igreja da cidade de Raymond, que
vive honestamente sua vida confortável e sem contratempos, até o dia em
que surge em sua igreja um homem pobre e necessitado. O episódio o leva a
questionar seus próprios valores, o seu modo de vida e prioridades,
colocando diante de si a inquietante questão: "O que Jesus faria?".
A partir disso, decide
propor aos fiéis de sua igreja que se comprometam durante um ano a não
fazerem nada sem antes perguntarem o que Jesus faria na mesma situação. O
desenrolar da história descreve as experiências, tanto de satisfação e
realização pessoal, como também de conflito e incompreensão que vão
enfrentando à medida que se empenham em levar adiante o desafio
proposto.
Hoje em dia há tanta
gente doente e inescrupulosa dizendo agir "em nome de Jesus",
proclamando da boca para fora "seguir os passos de Jesus", mas negando-o
nas atitudes, enganando, extorquindo, manipulando e oprimindo que fica
difícil encontrar Jesus, de verdade, nos passos destes. Ainda que eles
gritem ou cantem nervosamente o nome de Jesus o tempo todo e façam até
alguns aparentes sinais milagrosos.
Algumas vezes a imagem e
referência do Jesus dos Evangelhos se apaga e se confunde com tanta
demonstração tosca do que querem erroneamente fazer parecer Jesus, mas
nem de longe se parece efetivamente com os passos de Jesus.
Mais do que levantar
questões meramente morais ou culturais, percebo a urgência de esclarecer
o que não representa e jamais se veria na vida prática do verdadeiro
Jesus dos Evangelhos.
Acredito que boa parte
do engano se dá pelo fato das pessoas não lerem e não conhecerem
minimamente os Evangelhos, além da grande distorção que se faz com as
escrituras por dinheiro ou para fazer perpetuar os domínios
aprisionantes das instituições e dos rituais de poder humano.
Jesus jamais exigiu
sacrifícios pessoais, esforço financeiro ou físico, presentes ou
qualquer tipo de oferta para abençoar, curar, salvar, purificar e
orientar as pessoas a sua volta.
Jesus jamais utilizou
seu poder como estratégia de marketing pessoal. Embora os milagres
fossem um sinal para que as pessoas cressem, e muitos o buscavam por
causa dos prodígios e do pão que era multiplicado milagrosamente, Jesus
jamais utilizou isso para segurar o povo a sua volta.
Jesus jamais distribuiu pão só para garantir plateia e ter a quem evangelizar.
Jesus jamais rejeitou
qualquer pessoa por não professar a fé da mesma forma que ele a
professava e a entendia. Mesmo Jesus frequentando sinagogas, tendo
nascido no judaísmo, jamais deixou de andar e falar com pagãos, gentios,
pecadores e toda sorte de gente considerada impura para os padrões da
lei de Moisés.
Jesus jamais deixou a lei da religião ser mais importante que a vida e a misericórdia.
Jesus jamais deixou de
amar. Jamais recusou a mesa e a comunhão mesmo a quem ele, de antemão,
já sabia que o trairia. Até diante da angústia, do medo e do abandono,
Jesus jamais se deixou ser vencido pelo rancor.
Jesus jamais usou em benefício próprio a influência que exercia sobre os discípulos.
Jesus jamais ensinou expandir o Reino através do acúmulo de bens ou da construção de templos.
Jesus jamais fez
conchavos políticos, acordos com Roma ou com a religião dominante em
troca de favores, cargos e liberdade para continuar pregando o que e
onde bem quisesse.
Jesus jamais deixou de dizer a verdade por medo ou conveniência.
Jesus jamais disse a verdade para agredir, ofender ou provocar vaziamente.
Jesus jamais disse a verdade só para provar que estava certo.
Jesus jamais usou a verdade, ao contrário, se deixou ser usado por ela.
Jesus jamais denunciou o
pecado sem amor, de forma constrangedora, ameaçadora ou sem acolher até
as últimas consequências o próprio pecador envolvido.
Jesus jamais tratou os pecados particulares das pessoas de forma pública e vexatória.
Jesus jamais se deixou
levar pela aparência externa. O que o fazia se desdobrar em misericórdia
era a sinceridade interior e despretensiosa.
Jesus jamais ficou indiferente ao sofrimento, fosse ele de ordem psíquica, espiritual ou física.
Jesus jamais tratou com diferença pobres e ricos. Se alguma diferença ficou evidente, jamais foi contra a justiça.
Jesus jamais deixou de ser humano, mesmo sendo Deus se fez servo de todos.
Muitas outras coisas
jamais se encontrariam no espírito e nos passos do Jesus dos Evangelhos,
da Palavra de Deus feita carne, materializada e revelada
definitivamente aos homens. Os passos de Jesus são reconciliadores,
libertadores e despertam para a vida ainda que tudo a sua volta seja
caos e morte. O que não se enquadra no Deus que se entrega por amor e
misericórdia não cabe nos passos de Jesus.
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