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Por Manoel da Silva Filho
Fico
a conjecturar, se houvesse um retrocesso na história e Jesus voltasse
novamente, não entre nuvens do céu na parousia em poder e glória, mas,
novamente como o singelo profeta da Galiléia, e visitasse as zilhões de
igrejas espalhadas pelo planeta que se intitulam cristãs, se Ele seria
simpatizante de algumas das denominações instituídas do nosso tempo.
Com certeza os “conheço as tuas obras” e os “tenho, porém, contra ti”
sobre esses agrupamentos ditos evangélicos, atingiriam dimensões
colossais.
Ora,
Jesus, uma vez entre nós outra vez, certamente usaria da mesma
sabedoria que usou quando andava pela Terra, nas ruas da Palestina, não
aderindo a nenhum dos postulados dessas denominações, das propostas
das grandes corporações da fé e dos super conglomerados da religião,
das igrejas-empresa que superestimam números, estatísticas e resultados
de crescimento numérico, não se encaixando em nenhuma bitola teológica
sistemática ou dogmática, não se deixando caber em nenhuma fôrma
doutrinária.
Essa
recusa de ser domesticado pelos chicotes dos domadores do circo da
religião atual é a mesma reação com que Ele se negou intermitentemente
em tomar partido por qualquer das facções religiosas, políticas e
humanitárias de Sua época: Os fariseus, com sua sobrecarga de regras e
manias de assepsia exagerada, se vendo como santos de pau oco; os
saduceus, sacerdotes profissionais do templo, incrédulos mundanizados
que não criam na vida sobrenatural e futura; os essênios, escapistas,
fugindo do mundo e se refugiando em mosteiros no deserto, achando que
eram os exclusivos filhos da luz, que todas as pessoas do mundo estavam
nas trevas, e iam torrar no fogo do inferno; os pragmáticos zelotes,
xiitas radicais que esperavam derrubar o Império Romano se utilizando
da violência das armas; os herodianos, entreguistas, colaboracionistas,
puxa-sacos da família de Herodes, rei fantoche marionetado pelo
governo romano.
Com
certeza Jesus, se voltasse ao nosso tempo e adentrasse pelas naves das
igrejas evangélicas da atualidade, não se deixaria seduzir pela pompa
de seus cultos, pelo aparato ofuscante da maioria de suas liturgias,
com Cristo exposto no nome, nos hinos e nas pregações, mas sem Cristo
na devoção do coração, e não se alumbraria com suas proposições
arrogantes, suas insolências fundamentalistas, seus testemunhos
mirabolantes, suas pseudo-curas dissimuladas, por seus eternos cabos de
guerra doutrinários puxados pelos defensores ferrenhos do calvinismo e
do arminianismo, suas ênfases maniqueístas dicotômicas e
esquizofrênicas, sua doutrina triunfalista com promessas de céu na
terra, seus argumentos furados de prosperidade a qualquer preço, cujo
slongan ortoprático é: “Os fins não justificam os meios. Tudo por mim
mesmo e pela causa da minha conta bancária”.
E
mais, Jesus detectaria de cara, traços inconfundíveis dos partidos
religiosos de seu tempo camuflados na igreja da atualidade como os
novos fariseus, com suas igrejas repletas de líderes de mente reduzida e
exclusivista, com suas reações preconceituosas contra quem é e pensa
diferente; os novos saduceus hedonistas que querem sentir prazer
sensual em seus cultos preparados para entreter e acariciar seus egos
mimados; os novos zelotes, que condenam e violentamente matam
sumariamente os que não pensam como eles; os novos herodianos que
vivenciam um cristianismo camaleônico, mimético e diluído entre o amor
obsessivo ao dinheiro e o compromisso com as causas reais do Reino de
Deus.
Jesus
se voltasse hoje, teria que chamar novamente novos seguidores
retirados das ruas, homens simples, alijados pela igreja e pela
sociedade, e agregaria gente sincera e inconformada de dentro das
igrejas instituídas e fundaria uma nova igreja, à semelhança do que
aconteceu a dois mil e poucos anos atrás.
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