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Por Maurício Zágari
No evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus, no capítulo 13, o Mestre conta uma parábola:
“O
reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu
campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o
joio no meio do trigo e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu
fruto, apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa,
lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde
vem, pois, o joio? Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas
os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não!
Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com
ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da
colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em
feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro“
Jesus
é claríssimo nessa parábola. Ele diz que ao longo da História da
Igreja os verdadeiramente salvos conviveriam diariamente com pessoas
postas ali “pelo inimigo” mas que por razões as mais variadas convivem
com os santos na assembleia como se fossem santos. Conviverão, cantarão
juntos no louvor, muitos terão cargos na igreja e até se tornarão
pastores. Mas foram postos ali pelo inimigo e, como tal, estão ali para
fazer o que é característico do inimigo: roubar, matar e destruir.
Cem por cento das vezes nós nos consideramos trigo.
Eu
nunca vi ninguém chegar e dizer “olha, vou te contar uma coisa, eu sou
joio”. Todo mundo se acha trigo. Até mesmo o joio, se você for
reparar. Porque, como diz a parábola, o joio é tão parecido com o trigo
que imagino que deve ser difícil até mesmo ele se distinguir. É como o
patinho feio, que achava que era pato até crescer e descobrir que era
cisne. E como o joio foi “semeado” (repare, o texto não diz que foi
“plantado”, mas sim “semeado”) isso significa que foi posto entre o
trigo ainda em seus estágios inicias de desenvolvimento. Só aos poucos é
que o joio vai crescendo e fazendo o que lhe é natural: prejudicar o
trigo.
A grande questão aqui é: já parou pra pensar que o joio pode ser você?
O joio pode ser você
“Ai,
Zágari, essa doeu! Que acusação forte! Tá dizendo que eu não sou
salvo, mas que fui posto pelo diabo no meio da Igreja pra atrapalhar?”
Bom… lamento informar, mas pela parábola de Jesus há uma grande
possibilidade de ser isso mesmo. E para você não dizer que estou te
julgando, deixa eu fazer uma confissão: eu mesmo já me fiz essa
pergunta. “Será mesmo que eu sou trigo?”.
A
Biblia diz que pelos frutos conhecereis as arvores. E Gálatas 5.22,23
revela o fruto que dá aquele que tem o Espirito: amor, alegria, paz,
paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio
próprio. Então se eu tenho o Espirito em mim, ou seja, se eu sou trigo,
tenho de manifestar essas virtudes. E a verdade é que muitas e muitas
vezes não manifesto. Peco desbragadamente pela falta de amor, choro
pela falta de alegria, tenho tão pouca paz em meu coração que preciso
tomar rivotril, sou absolutamente impaciente com as pessoas. Também em
muitos momentos não sou amável e muito menos bondoso. Minha fidelidade a
Deus frequentemente é posta à prova, tenho surtos de raiva que de
mansidão passam longe e… dominio próprio… ah, sobre esse eu até tenho
vergonha de falar. Parece que em muitos e muitos momentos em não tenho
domínio sobre nada: quem me vence é minha concupiscência. Então, diante
desse quadro todo, vejo essa como uma pergunta bastante legitima: será
que eu sou joio?
Eu sei: não é um pensamento agradável, especialmente pela parte que diz “atai-o em feixes para ser queimado”.
E aí, o que fazer?
Mas
e aí, o que fazer? Bem, aqui entra a minha reflexão. Deus é capaz de
transformar água em vinho. Ou cinco pães e dois peixes em alimento para
uma multidão. Ou um olho morto e cego em um órgão funcional. Jesus
consegue fazer a pele pútrida e decaída de um leproso ficar limpa, lisa
e nova. Jesus pega um vazio disforme e dele esculpe o universo Então a
verdade bíblica é que Jesus tem todo o poder para transformar qualquer
coisa em qualquer coisa.
Diante
disso, será que Jesus pode transformar um joio posto pelo diabo no
meio dos santos em trigo? De cara, a tentação é afirmar
categoricamente: sim! Mas essa é uma pergunta com grandes implicações
teológicas. Pois elegerá Deus os não-eleitos? Vamos a Romanos 9.22:
“Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a
conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira,
preparados para a perdição”. Se os vasos de ira foram “preparados para
a perdição” o que fará o Senhor? Os despreparará? Voltará atrás?
Sim,
Deus é onipotente. Mas algumas coisas Ele não faz, para manter sua
coerência. Por isso creio que, embora o Todo-Poderoso tenha todo poder
dos céus e da terra para transmutar um joio em trigo Ele não o faz
simplesmente porque isso contrariaria seus propósitos eternos. A
verdade é dolorosa, triste e horrível, mas cumpre a justiça divina:
bilhões de pessoas vão para o inferno. Dessas, muitas faziam parte
daquele grupo que se intitulava “cristão” pelo simples motivo de
frequentar uma igreja. Só que muitos dos que se intitulam “cristãos”…
são joio. Não estou inventando, está na Biblia. Acredito que esses serão
aqueles que no grande e terrível dia do juízo dirão ao Criador:
“Senhor, Senhor”. Pois um hindu não diria isso de Jesus. Um muçulmano
também não. Mas um suposto cristão diria. Viraria para o Rei dos Reis e o
chamaria de “Senhor”. Só que a resposta será devastadora para esses
supostos cristãos: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que
praticais a iniqüidade” (Mateus 7.23).
Por
isso temo pelo joio. Pois estão entre nós. Cantam no coral. Produzem
CDs gospel. Apresentam programa de TV evangélicos. Cantam louvores nas
rádios. Passam salvas na igreja. Estão nos conselhos. Recepcionam
visitantes. Pregam. Possuem blogs cristãos na internet. Têm cara de
trigo, cheiro de trigo, linguajar de trigo, roupas e adereços de trigo,
Bíblias de estudo embaixo do braço, terno e gravata… mas um dia ouvirão
“Nunca vos conheci”. Que perspectiva terrível.
Deus
poderia transformar joio em trigo? Lógico que poderia. Ele pode pegar
qualquer coisa que o diabo faça e tornar santo. Mas no que tange à
salvação, Deus já sabe quem são os vasos preparados para a perdição.
Eu
espero não ser um deles. Muitas das minhas atitudes me fazem por vezes
pensar que sou. Mas eu tenho uma esperança, que está cravada numa cruz
sanguinolenta. A esperança de que, pela graça de um carpinteiro que
morreu torturado e humilhado, mediante a fé que Deus plantou em meu
coração, eu seja um trigo meio torto, meio esgarçado, meio ressecado…mas
um trigo. Porque, meu irmão, minha irmã, por mais que um trigo esteja
debulhado, meio capenga e mal-ajambrado, ele herdará o Céu – pois o
Todo-Poderoso decretou: “Recolhei-o no meu celeiro”
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
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