sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Morre o Ap. Bud Wright, fundador da Igreja Evangélica Verbo da Vida



Bud Wright 
Às 07h15 desta manhã de 7 de Novembro de 2013, o Ap. Bud Wright, da Igreja Evangélica Verbo da Vida, partiu para o Senhor.
Aos 68 anos, ele deixa a sua fiel escudeira mama Jan, um filho, netos, bisnetos, milhares e milhares de filhos espirituais e um grande legado de fé, amor e obediência ao chamado de Deus.
Em seu perfil no Facebook, muitos internautas lamentam sua partida, mas se alegram pelo exemplo de fé de um verdadeiro homem de Deus que deixou.
Até o seu último dia de vida, Bud Wright pregou a palavra de Deus. Na noite dessa quarta-feira (6), ele ministrou sobre fé no Centro de Cura em Campina Grande-PB.
Que nos lembremos de Jan Wright e toda a família nesse momento de dor.
O velório do corpo do Ap. Bud Wright será aberto ao público amanhã (Sexta-Feira) a partir das 17h. O Culto memorial será Domingo pela manhã, às 10h (transmitido AO VIVO pelo VerboTV). Ambos na Igreja Verbo da Vida sede, em Campina Grande-PB. O sepultamento do corpo será logo após o culto.
[Fonte: Guia-me]
***
Nas redes sociais várias pessoas comentaram a morte do Apóstolo, dentre tantos falou o Pr. Weber Firmino Alves – Igreja Congregacional El Shaday – Esperança/PB, que escreveu:
“Meus sentimentos à família do Pr. Bud Wright devido ao seu falecimento no dia de hoje, 07/11/13, especialmente à sua esposa, filhos e netos, bem como a todos que o amavam.
Por outro lado, as perguntas feitas por Marcelo Gomes em sua postagem são significativamente importantes para refletirmos sobre a teologia proposta pelo Curso Rhema Brasil.
Sabe-se que esse centro de treinamento religioso – importado dos EUA para o Brasil pelo Pr. Bud, divulga a doutrina de que sempre é vontade de Deus curar os seus filhos. Este é um dos pontos essenciais da Teologia da Prosperidade.
Na verdade Pr. Bud não é o primeiro pregador da “cura divina sempre disponível” a falecer doente (lutando com tratamento, inclusive), mas acredito que sua partida talvez sirva de marco no conceito de Cura Divina defendido por esta teologia. Conforme os doutrinadores da prosperidade, quando a cura não ocorre, deve haver algum impedimento por parte do fiel: pecado ou falta de fé. Honestamente, não creio que esse tenha sido o caso do Pr. Bud, pelos seguintes motivos:
1) Acredito que ele era um crente sincero, embora com conceitos errados;
2) Num dia anterior ele pregou sobre fé no Centro de Cura Divina de sua igreja.
Outrossim, entendo que Deus está querendo mostrar, na prática, que Ele é soberano para levar seus filhos, da forma como quer. A promessa da cura perfeita é, como diriam os velhos teólogos, “já e ainda não”. Quando estamos doentes, pedimos que o Senhor nos cure, sabendo que ele poderá adiantar as bênçãos do céu e nos curar; mas, ainda assim, sabemos que apenas o céu é o lugar onde ficaremos definitivamente livres da enfermidade.
Que os desígnios do Senhor, instrua todos que amavam Bud a perceber a incoerência de sua teologia. Como ambos acreditamos na Vida Eterna através de Cristo, creio que Bud está agora livre de toda enfermidade, e, além disso, terá o benefício de ser convencido pelo Senhor sobre seus equívocos doutrinários”.

Os assassinos da Graça



peso_pecado
Por Antognoni Misael
Queria falar um pouco sobre a Graça de Deus e a nossa infeliz tradição legalista religiosa.
A primeira coisa que venho afirmar com plena convicção é que os nossos compartimentos relacionados a tradição, fé e graça parecem ainda estarem confusos, obsoletos, e necessitam sim, entrar na pauta de uma reformalização urgente.
Por que será que é bem mais fácil demarcar cercas na vida do cristão do que ensiná-lo a liberdade em Cristo Jesus? “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Permaneceis, pois, firmes, e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão”. (Gálatas 5.1)
Enquanto a liberdade de Cristo está disponível a todos que desejam recebê-la, há muitos agentes do diabo escondendo as cartas de alforrias para seus fieis e os submetendo a um novo jugo de escravidão.
A tradição pesa em nosso desfavor. Vejam só:
- quem nunca ouviu há décadas atrás que televisão era a uma janela do inferno dentro de casa; que mulher de brinco e calça jeans era uma espécie de Jezabel?
- que, crente que usasse bermuda poderia ficar caso Cristo voltasse?
- que jogar futebol era uma atividade profana e que os anjos poderiam ver aquilo e tentar fazer o mesmo no céu?
- que ouvir canção secular era uma porta de entrada para o capeta?
- que ir a praia e curtir o verão era uma prática carnal?
- que tomar uma taça de vinho ou um shop gelado com os amigos era um costume dos escarnecedores?
- que tocar rock no louvor era um culto ao diabo?
- que galinha pintadinha é coisa do capiroto?
E por aí vai tantas e tantas restrições…
Onde estão estes demarcadores hoje? Será se não estão fabricando novas listas de proibições?
Note que por muito tempo se pregou (e infelizmente ainda se prega) o Evangelho de condenação, e não das Boas Novas; se ensinou mais o que não podemos fazer do que o que pode ser salutar e viável para o bom desenvolvimento da vida do cristão, principalmente em seu aspecto humano, social e cultural. Neste sentido, diga-me se não é mais confortável reconstruir regras e demonizar coisas, do que descobrir os panos da religião e proclamar o Evangelho da Cruz?
É bárbaro notar como Lei retorna em formatos modernos!
O perigo de toda essa inversão é que ao invés de se estar instalando o Reino de Deus na terra, esteja se fincando mais uma bandeira religiosa em solo azul anil.
Precisamos repensar muita coisa e a partir dos nossos cenários locais (igreja e comunidades), proclamarmos a Graça, a Cruz, e mais do que isso, lutarmos pela verdadeira liberdade conquistada em Cristo.
Chega de listas! Chega de Lei disfarçada de novas recomendações, quase sempre impossíveis de serem cumpridas em sua totalidade! Chega de líderes idiotas e crentes idiotizados!
Não estou abrindo a porta para a libertinagem cristã. Estou defendendo que é muito mais importante as orientações para o bom uso da  ’chave da vida’ do que a construção da porta para o legalismo. Há riscos de que haja más interpretações? Sim claro! Sempre haverá riscos. Mas, não tenhamos dúvida, bem melhor são as quedas no andaime da Graça do que a construção do prédio da religiosidade.
“Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” Rm 6:1-2
escravatura-angolaEm sua obra “O Despertar da Graça”, o autor Charles R. Swindoll relata a dramática luta pela liberdade dos negros em solo norte-americano no século XIX, o pior derramamento de sangue ocorrido naquela nação. Em um dos capítulos Swindoll compara a luta pela liberdade nacional com a luta pela liberdade de viver a Graça de Deus, libertos do pecado e da culpa pelo pecado. Naquele enredo, o mais triste é que, findada a guerra e a liberdade proclamada, muitos dos donos de escravos inescrupulosamente não repassaram a alforria aos seus servos e os mantiveram por muitos anos sob suas algemas. Comparar esses donos de escravos com alguns ditos crentes de hoje não é nada desconexo! Estes odeiam a Graça de Deus e amam a Lei! Geralmente são aqueles crentes fissurados na teoria que o filósofo Foucaul bem explana -“vigiar e punir” –  em prol de suas auto glorificações.
Certa vez, S. Lewis Johnson escreveu um artigo intitulado “A paralisia do legalismo”, neste texto ele põe o dedo na ferida:
“Um dos problemas mais sérios que atinge a igreja ortodoxa cristã hoje é a questão do legalismo. Um dos mais sérios problemas que atingia a igreja nos dias de Paulo era o problema do legalismo. Em ambos os momentos ele é o mesmo. O legalismo arranca do crente a alegria do Senhor e, justamente com a alegria do Senhor, sai também seu poder para uma adoração vital e um culto vibrante. Nada é deixado de lado, a não ser uma declaração limitada, sombria, melancólica e apática. A verdade é traída e o glorioso nome do Senhor torna-se sinônimo de um soturno desmancha-prazeres. O cristão debaixo da lei é uma horrível paródia do original.”
Fujamos dos assassinos da Graça. Eles são perigosíssimos.
“E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão” Gl 2:4
Eles adoram expiar a vida alheia, saber sobre o que fazemos, por onde passamos, o que comemos, com quem andamos…
Aos que circunstancialmente vestem-se desta capa, tenhamos paciência, e com amor e brandura falemos sobre a mais bela carta de alforria escrita por Jesus Cristo naquela Cruz.

Que é um Evangélico?


Por Michael Horton
Os rótulos geralmente são confusos, especialmente quando o conteúdo da embalagem muda. Suco de uva pode virar vinagre com o passar dos anos na adega, porém o rótulo não muda junto com as mudanças na substância. O mesmo vale para o termo evangélico".
Desde o "Ano do Evangélico", correspondente ao bicentenário de nossa nação (no caso os EUA) em 1976, o termo - pelo menos na América do Norte - veio a identificar aqueles que salientam um determinada marca da política, uma abordagem moralista e freqüentemente legalista da vida, e certo tipo de imitação, "cafona" de estilo de evangelismo. Para alguns o termo compreende o emocionalismo que eles vêem na televisão religiosa. Para outros, hipocrisia e justiça própria. E aí há as memórias que muitos de nós, que fomos criados como evangélicos, temos: ambientes familiares fortes e cuidadosos; um senso de pertencer a um mesmo lugar, com os amigos que gostam de conversar das "coisas do Senhor".
Independente do seu passado, é importante entender o significado do termo "evangélico".
As pessoas só começaram a usar o rótulo no século XVI, designando aqueles que abraçaram o Evangelho que havia - num sentido bem real - sido recuperado pela Reforma Protestante naquele século. "Evangélico" vem de "evangel", que é o termo grego para "evangelho". Deste modo, os "evangélicos" eram luteranos e calvinistas que queriam recuperar o evangel e proclamá-lo dos altos dos telhados. Era uma designação empregada para colocar os Protestantes num agudo contraste com os Católicos Romanos e "seitas". Mas para entender por que estes Protestantes pensavam que eram realmente aqueles que recuperaram o verdadeiro e bíblico Evangelho, temos que entender o que era aquele evangelho.

O "Evangel"
A Reforma era uma coleção de "solas" - esta é a palavra latina para "somente". Eles vibravam ao dizer "Sola Scriptura!", significando, "Somente as Escrituras". A Bíblia era a "única regra para fé e prática" (Westminster) para os reformadores. Você vê que a igreja acreditava que a Bíblia era totalmente inspirada e infalível, mas a igreja era o único intérprete infalível da Bíblia. Os Reformadores acreditavam que a Tradição era importante e que os Cristãos não a deveriam interpretar por eles mesmos, mas que todos os cristãos sejam clérigos ou leigos, deveriam chegar a um comum entendimento e interpretação das Escrituras juntos. A Bíblia não deveria ser exclusivamente deixada aos "espertos", mas isso nunca significou para os Reformadores que cada cristão deveria presumir que ele ou ela pudessem chegar a interpretações da Bíblia sem a orientação e assistência da Igreja.
O principal ponto de "Sola Scriptura" então, era este: Não deveria ser permitido à Igreja fazer regras ou doutrinas fora das Escrituras. Não existem novas revelações, nem papas que ouvem diretamente a voz de Deus, e nada que a Bíblia não apresente deveria ser ordenado aos cristãos.
O segundo "sola" era "Solo Christus", "Somente Cristo". Isto não queria dizer que os Reformadores não criam na Trindade - pois o Pai e o Espírito Santo eram igualmente divinos, mas que Cristo, sendo o "Deus-Homem" e nosso único Mediador, é o "Homem de frente" para a Trindade. "Aquele que me vê a Mim, vê ao Pai que me enviou", disse Jesus. Num tempo em que meros seres humanos estão tomando o lugar de Cristo como Mediador entre Deus e cristãos, os reformadores proclamaram juntamente com Paulo: "Há somente um Deus e um Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem" (1 Tim. 2: 5). Eu cresci em igrejas onde tínhamos "apelos ao altar" e esta pode ser a coisa mais próxima que nós cristãos modernos temos do "chamado ao altar" medieval, a missa. Em nossas igrejas, o pastor atuaria como mediador, vendo nossa mão levantada "enquanto cada cabeça está baixa e cada olho fechado", e nós iríamos para a frente onde ele estava, o chamado "altar" e repetiríamos uma oração após ele. Então ele afirmaria que, tendo "feito a oração", nós agora estaríamos salvos. Eu me lembro de ter sido "salvo" novamente, e novamente. Quando me senti culpado após uma particular e desagradável noite de sábado, lá ia eu novamente ao altar. Cristãos medievais estavam sempre apavorados até a morte, por ver que poderiam morrer com pecados não confessados e assim iriam para o inferno. Assim, a missa era uma oportunidade de "estar em dia com Deus" e de "encher a banheira" que tinha tido um vazamento por causa do pecado.
Os reformadores, porém, diriam àqueles dentre nós que vivem ansiosos quanto ao fato de estar ou não dentro do favor de Deus, ou se estamos cedendo demais ou obtendo vitória: "Somente Cristo!" É a Sua vida e não a nossa, que conta para a nossa salvação; foi a Sua morte sacrificial e ressurreição vitoriosa que nos assegurou vida eterna. Porque Ele "entregou tudo"; o Seu mérito cobre totalmente o nosso demérito.
E isso nos traz ao próximo "sola" - "Sola Gracia" (Somente a Graça!) Roma acreditava na graça; de fato, a Igreja insistia que, sem a graça, ninguém poderia ser salvo. Só que a graça era o tipo de "um pó mágico" que ajudava a pessoa a viver uma vida melhor - com a ajuda de Deus. Os reformadores, em contrapartida, diziam que a graça não é uma substância que Deus nos dá para vivermos uma vida melhor, mas sim uma atitude em relação a nós, aceitando-nos como justos por causa da santidade de Cristo, e não nossa.
Por isso eles lançaram o quarto "somente" (sola), que sabemos ser "Sola Fide" (somente a fé). Considerando que somos salvos somente pela graça, como obtemos essa graça? Roma argumentava que essa graça era distribuída pela igreja através dos vários métodos que os "altos escalões" haviam inventado. Fé mais amor, ou fé mais boas obras, ou alguma coisa assim, tornou-se a fórmula para a salvação. Os reformadores ao contrário, insistiam que do início ao fim, "salvação é obra do Senhor" (João 2: 9). "O Espírito dá vida; o homem em nada colabora" (João 6: 55). "Não depende da decisão, nem do esforço do homem, mas da misericórdia de Deus" (Rom 9: 16). Assim a fé em si mesma é um dom da graça de Deus e não se pode dizer dela que seja "a coisa" que nós fazemos na salvação: Pois nós não somos nascidos da vontade da carne ou da vontade do homem, mas de Deus" ( João 1: 13).
No minuto em que uma pessoa olha para "Cristo somente" para sua salvação, dependendo da Sua vida santa e sacrifício substitutivo na cruz, naquele exato momento ela ou ele é justificado (posto em posição de justiça, declarado justo, santo, perfeito). A própria santidade de Cristo é imputada (creditada) na conta do crente, como se ele ou ela tivessem vivido uma vida perfeita de obediência - mesmo enquanto aquela pessoa continua a cair repetidamente no pecado durante sua vida. O Cristão não é alguém que está olhando no espelho espiritual, medindo a proximidade de Deus pela experiência e progresso na santidade, mas é antes alguém que está "olhando para Cristo, o Autor e Consumador da nossa fé"( Heb. 12: 2). Resumindo, é o estilo de vida de Cristo, não o nosso, que atinge os requisitos de Deus, e é por Ele que a justiça pode ser transferida para nossa conta, pela fé (olhando somente para Cristo).
Finalmente, os reformadores disseram que tudo isso significa que Deus é quem tem todo o crédito. "Soli Deo Gloria" (Somente a Deus seja a Glória) era a forma que eles colocavam - nosso último "sola", que quer dizer, "A Deus somente seja a Glória" Um evangélico, portanto, era centrado em Deus; alguém que estava convencido de que Deus havia feito tudo e que não restava nada que o homem considerasse seu a não ser seu próprio pecado. Isto não apenas transformou radicalmente a vida devocional dos crentes que o abraçaram, mas toda a estrutura social também.
Numa velha taverna do século XVII em Heidelberg, na Alemanha, lê-se no alto "Soli Deo Gloria!" Johann Sebastian Bach, o famoso compositor, assinou todas as suas composições com aquele slogan da Reforma. Do mesmo modo, um outro compositor, Handel, declarou, "Que privilégio é ser membro da igreja evangélica, saber que meus pecados estão perdoados. Se nós fossemos deixados à mercê de nós mesmos, meu Deus, o que seria de nós?" Grandes e nobres vidas requerem grandes e nobres pensamentos, e a soberania e a graça de Deus são, para o crente, grandes e nobres pensamentos. Os reformadores disseram a Roma o que J.B.Philipps, o tradutor inglês da Bíblia, disse à igreja contemporânea: "O Deus de vocês é muito pequeno".
A Reforma, a qual produziu o termo "evangélico", também recuperou a doutrina bíblica do "sacerdócio universal de todos os santos" e a noção bíblica do chamado e vocação. A igreja tinha dividido os cristãos em primeira classe (aqueles que serviriam no "ministério cristão em tempo integral") e segunda classe (aqueles que estavam empregados em serviços "seculares"). Os reformadores concediam, por direito, que todos os cristãos são sacerdotes e são, por isso, ministros de Deus, independente de estarem varrendo uma sala para a glória de Deus, moldando uma peça de cerâmica, defendendo um cliente na corte, curando um paciente, ordenhando uma vaca, ou conduzindo uma congregação no louvor. Não há o "secular" e o "sagrado" - Deus criou o mundo inteiro e fez a vida neste mundo como algo inseparável de nossa própria humanidade.
Como nós ajustamos as coisas hoje?
A questão, é claro, é se "evangélico" hoje significa o que significou há quinhentos anos.
Em primeiro lugar, muitos dos evangélicos de hoje têm uma visão das Escrituras inferior à que a igreja de Roma tinha no século XVI. Instituições evangélicas de peso duvidam da confiabilidade da Bíblia e de sua infalibilidade - a menos, claro, que se trate daquilo que eles já decidiram que é verdade. Outros acreditam que a Bíblia é inerrante, porém acrescentam novas regras e revelações ao cânon. "A Bíblia é suficiente", nos aconselhariam os reformadores. Os sermões, com muita freqüência, são "pop-inspiracionalistas" discursos superficiais de "Como criar filhos positivos" ou "Como ter uma auto-estima" em detrimento de sérias exposições das Escrituras. De acordo com o Gallup, "Os EUA são um país de iletrados bíblicos", ainda que 60 milhões deles se consideram "evangélicos".
Em segundo lugar, muitos evangélicos modernos também não acreditam que Cristo é suficiente. Às vezes pessoas muito boas e nobres substituem Cristo como nosso único Mediador, assim como o Espírito Santo. Enquanto louvamos o Espírito juntamente com o Pai e o Filho, o Filho tem este papel único de nosso único advogado e Mediador. Não devemos olhar para a obra do Espírito nos nossos corações, mas para a obra de cristo na cruz. Às vezes, nós temos mediadores humanos que não são o Deus-Homem Jesus Cristo. Precisamos de outras coisas pelo meio, como a figura do pastor no "apelo" do altar ao qual me referi anteriormente. Não muito tempo atrás eu vi um tele-evangelista de sucesso tirando o fone do gancho e informando seus telespectadores que "esta é sua conexão com Deus". Uma banda secular, "Depeche Mode", canta sobre "Seu próprio Jesus Pessoal" que pode ser contactado ao se pegar no fone e fazendo sua confissão. Enquanto estivermos neste assunto, também deveríamos mencionar que foi a venda de indulgências de John Tetzel (redução do período no purgatório em troca de valores em dinheiro) que inspirou as "Noventa e Cinco Teses "de Lutero, desencadeando a Reforma. "Quando a moeda bate no cofre", o coro cantava, "uma alma do purgatório é vivificada". Será que isso realmente é diferente da venda da salvação que temos visto na televisão cristã, rádio, e mesmo em muitas igrejas? Dinheiro e salvação têm sido distorcidos para serem uma coisa só no meio de muitos de nós. "Eles vendem salvação a você", canta Ray Stevens, "enquanto eles cantam 'Amazing Grace' ('Graça Maravilhosa')".
Muitos evangélicos hoje crêem que "Somente a Graça" (sola gracia) é algo como livre-arbítrio, uma decisão, uma oração, uma ida até a frente, uma segunda bênção, algo que nós façamos por Deus que nos dará confiança de sermos alvo do Seu favor. Doutrinas como eleição, justificação e regeneração são discutidas quase que nunca, porque elas mostram o quadro de uma humanidade que é incapaz e nem ao menos pode cooperar com Deus em matéria de salvação. Se nós formos salvos é Deus e Deus somente que deverá faze-lo.
E sobre "Somente a Fé" (sola fide)? Muitos evangélicos acham que a fé não é suficiente. Se um indivíduo crê em Cristo e daí sai e o anuncia, será que a fé é suficiente? Alguns insistem que a fé mais a entrega, ou a fé mais a obediência, ou fé mais um sincero desejo de servir ao Senhor servirão como uma fórmula. O fato de que os evangélicos hoje lutam com estas questões indica que nós não ouvimos o "som seguro" de "Somente a Fé" em nossas igrejas. Fé é suficiente porque Cristo é suficiente.
Como se comparariam os evangélicos de hoje com os seus predecessores em matéria de "Somente a Deus seja a Glória"? Auto-estima, glória-própria, centralidade do "eu" parecem dominar a pregação, ensino e a literatura popular do mundo evangélico. Os evangélicos de hoje sabem muito pouco do grande Deus dos reformadores - um Deus que faz tudo conforme o Seu agrado, em relação aos céus e às pessoas sobre a terra e "que faz tudo conforme o conselho da Sua vontade" (Dn. 4; Ef. 1: 11). Os evangélicos hoje, refletindo sua cultura e sociedade mais ampla, estão intimidados por um Deus que é Deus. Porém que outro Deus é digno de confiança? Em poucas palavras, que outro Deus existe? Louvar ao Deus de uma experiência pessoal ou o Deus de preferência pessoal é louvar um ídolo. Os reformadores levaram isso a sério, e aqueles que quiserem ser evangélicos genuínos também devem faze-lo.

Conclusão
Muitas pessoas se perguntam por que o povo da "Reforma" parece bravo. Ninguém quer estar ao redor de pessoas bravas - e eu não gostaria de ser conhecido como uma pessoa "brava". Mas precisamos encarar o fato de que estes são tempos de grande infidelidade para o povo de Deus. A nós foi dada uma fé rica, com Cristo no centro. Porém trocamos nossa rica dieta por um saco de pipocas e estamos mal nutridos. Se os evangélicos terão a mesma saúde espiritual que tiveram em épocas passadas, eles terão que voltar para as verdades que fazem de "evangélicos" "evangélicos". A Bíblia - nosso único fundamento; Cristo - nossa única esperança; Graça - nosso único evangelho; Fé - nosso único instrumento; a Glória de Deus - nosso único alvo; o Sacerdócio de todos os santos - nosso único ministério. Este evangelicalismo original ainda é suficiente para fazer, mesmo de nossas menores vitórias, algo muito grande.

A ÁRVORE DA HIPOCRISIA - A propaganda enganosa da igreja de hoje


Por Manoel Silva Filho

Essa semana o tema da mensagem foi a respeito da figueira que Jesus secou desde à raiz, por não encontrar frutos nela. É a figueira impostora. Mas é Incrível como nos identificamos com ela, quando vendemos uma imagem pra crente ver, e fazemos a publicidade de uma copa linda, cheia de folhas verdes, mas sem conteúdo, sem verdade, sem verdadeiros frutos.

Um pouco de luz contextual. Existe uma época certa para a frutificação dos figos na região de Jerusalém. Os figos pequenos, que crescem dos brotos dos figos da última safra, começam a aparecer no final de março e podiam ser colhidos em maio ou junho. os figos grandes são colhidos no final de agosto até outubro.
quando os figos pequenos surgem, eles surgem junto com as folhas. logo, se há folhas...há figos.

Jesus saiu muito cedo, com os primeiros raios do sol, que salpicavam com tons laranjas o céu azul escuro. Ele havia pernoitado na casa de seus amigos em Betânia,(Lázaro,Marta e Maria) e deve ter saído sem tomar o “café da manhã”. Durante sua cansativa caminhada para Jerusalém, sentiu fome, quando viu, à beira da trilha tortuosa, uma figueira copada, indício certo de frutos suculentos, cheios de sumo doce e delicioso.

Quão profundamente humano é esse nosso Jesus, e quão semelhante a nós, às vezes chega a sentir o estômago roncar de tanta fome!
... “E, não tendo achado senão folhas...”. O raciocínio natural de Jesus era: se há folhas... há figos.
A oferta de folhagem era a promessa da certeza de haver fruto.

Mas era propaganda enganosa, só camuflagem! Qualquer semelhança com a espiritualidade rasa de muitos de nós e de muitas igrejas de hoje, não é mera coincidência.

Aquela era uma estação em Israel em que todas as demais figueiras de Israel estavam peladas de folhas. Só aquela “enxerida” estava esnobando uma linda copa de folhas! E como Jesus não suporta venda de imagem, a fez secar completamente para nos ensinar grandes lições.

Essa árvore é mais que uma simples figueira à beira do caminho; ela é um símbolo e uma metáfora grandiosa sobre nossas vidas reais. Essa árvore gabola é um símbolo vivo do pecado dos nossos primeiros pais e metáfora eloquente da religião hipócrita dos rituais mecânicos no templo suntuoso, com seus cultos requintados de folhagens brilhantes, mas totalmente desprovidos dos frutos que Deus mais se agrada: a sinceridade e a verdade no íntimo.

Lembram que Adão, depois que desobedeu a ordem de Deus, ele e sua mulher, logo se viram envergonhados e acapachados pela culpa, e cheios de constrangimento tentaram cobrir sua nudez? Pois bem, sua empresa imediata foi fabricar uma tosca tanga de folhas de figueira, para tentar cobrir a nudez. Mas não adiantou nada. Então Deus toma a iniciativa e derrama sangue pela primeira vez, matando um animal inocente, e Ele mesmo, tece uma vestimenta de pele de animal, nova e adequada para o casal confuso. E é assim que aconteceu quando Jesus derramou seu sangue na cruz do Calvário. Nós, pecadores, tentamos inutilmente tecer vestimentas de folhas de figueira para disfarçar a podridão do nosso coração enganoso, nossas obras de fachada, nossa religiosidade legalista, nossa mania de fazer falsa propaganda do que jamais fomos.

Essas roupas nada mais são do que tentativas camufladas para mostrar que somos eficientes,que somos bonzões, inerrantes, que nossas obras, ações e religiosidade podem ser vistas e reconhecidas por Deus, e elogiadas pelos homens. De fato é comum tentarmos barganhar com Deus, mostrando currículo, que somos bons de oração, de jejum, de evangelizar, de pregar, de ter discípulos, de saber mais doutrina, de ser mais separado do mundo, de sermos mais santos que os demais, mas só Deus sabe da armação, da farsa engendrada por detrás de nossas motivações repugnantes.

Então o primeiro passo é rasgar essas folhagens, esses trapos, e nos mostrar nus, desprovidos, e humilhados na presença daquele que sonda os corações e conhece as intenções e os propositos mais profundos do nosso coração. Ele faz hilasterion, propiciação, uma cobertura realmente adequada para cobrir os nossos pecados e vestir nossa vergonha. E Isso vem via humilhação, confissão sincera e aberta, e através de arrependimento genuíno. O que passar disso é anomalia, é aberração e camuflagem ridícula de folhas de falsidade e impostura.

Mas aí Ele vem em nossa direção cheio de graciosa compaixão e perdoa os pecados, e nos purifica de toda injustiça. E a partir da nossa nudez e transparência, quando formos simplesmente figueiras peladas, despretenciosos, sem forçação de barra, vamos esperar naturalmente a estação certa para começar a frutificar, então vamos ser transformados em árvores frutíferas, cujas raízes tocam as correntes de águas, e adquiriremos uma folhagem que nunca murchará e sempre dará frutos vistosos e saborosos.

Mas se não assumirmos essa atitude de compromisso radical com a verdade, individualmente e como igreja, e continuarmos a apresentar cultos pretenciosos, com nossa venda de imagem, com nossa falsa propaganda, seremos passivos de Sua reprimenda, e consequentemente, nos tornamos árvores secas até a raiz, e como diz Judas, seremos árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas , desarraigadas, e seremos tão somente estéreis, infecundas, e improdutivas como sempre fomos mesmo antes, quando apresentávamos uma basta e copada folhagem de belas folhas.

Folhagens de hipocrisia e de mentira.

TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA: A SÍNDROME DA FIGUEIRA SEM FRUTO!


Um dos filmes mais badalados da década de 70 foi o “Toda Nudez Será Castigada”. Um filme digno das culpas criadas pela religião dos fariseus cristãos.

Isto porque, contrariamente ao tema do filme, o Evangelho ensina que é melhor andar nu diante de Deus do que tecer para si mesmo as vestimentas da falsa moral e das virtudes autojactantes.
O espírito do Evangelho ensina que Jesus ama a verdade de cada estação da vida humana! Foi por isso que Ele amaldiçoou a figueira que, de modo anômalo, tentava dar aparência de fruto três meses antes da estação própria. Todas as demais figueiras de Israel estavam peladas de folhas. Isto porque a figueira é uma árvore que primeiro apresenta os frutos, e só depois a folhagem. A oferta de folhagem era a promessa da certeza de haver fruto. Mas não havia, era só camuflagem! Foi também por essa razão que nenhuma figueira nua de folhas foi amaldiçoada no monte das Oliveiras; mas tão somente aquela representante vegetal do espírito da religião.

Sim, aquela figueira carrega o valor simbólico de algo primordial: a tentativa humana de se cobrir com folhas de figueiras (desde o Éden), ao invés de se deixar cobrir pelo próprio Deus, e, assim, viver em verdade.

Somente Deus pode vestir o homem aos Seus próprios olhos! De fato, as folhagens da figueira expressavam a realidade espiritual de Israel: cheio de religião; cultuando mais o Templo que no Templo; amando mais a Lei que o Criador; crendo mais nas mecânicas rituais do que na Graça de Deus.

Por isso, mesmo sem qualquer “fruto digno de arrependimento” a oferecer a Deus e aos homens. No grego arrependimento é metanóia; ou mudança de mente. A lição da figueira é forte porque por meio de tal ato Jesus deixa dito que Deus respeita todas as estações da vida, mesmo quando aparentemente não há fruto. Fruto nenhum na estação que não é de fruto, é verdade. Deus ama a verdade! A ausência de fruto numa árvore que não está na estação da frutificação não é uma anomalia, nem tampouco uma declaração de infrutuosidade. Ao contrário: não dar fruto na estação que não é de fruto é o anúncio de que o fruto está em gestação.

Nesse caso, não há fruto aparente, embora a árvore já o tenha, posto que está grávida dele. Assim, mesmo quando não há fruto visível, ainda assim sempre há fruto, pois o fruto pré-existe à sua manifestação visível. Todavia, quando se tenta dar aparência de frutuosidade, não havendo verdade — pois o fruto do ser é verdade e amor —, a própria tentativa de produzir o que não é verdade já é, em si, a maldição. Tal ser seca como aquela figueira secou!

A verdade é verdade quando é estação de fruto e também quando não é estação de fruto, posto que a verdade é o que é. E Deus ama a todo aquele que não teme ser verdadeiro para com Ele.
Caio