sábado, 18 de fevereiro de 2012

DIA DE CARNAVAL!



Por que o justo sofre?

No âmago da mensagem do livro de Jó, acha-se a sabedoria que responde à questão a respeito de como Deus se envolve no problema do sofrimento humano. Em cada geração, surgem protestos, dizendo: “Se Deus é bom, não deveria haver dor, sofrimento e morte neste mundo”. Com este protesto contra as coisas ruins que acontecem a pessoas boas, tem havido tentativas de criar um meio de calcular o sofrimento, pelo qual se pressupõe que o limite da aflição de uma pessoa é diretamente proporcional ao grau de culpa que ela possui ou pecados que comete.
No livro de Jó, o personagem é descrito como um homem justo; de fato, o mais justo que havia em toda a terra. Mas Satanás afirma que esse homem é justo somente porque recebe bênçãos de Deus. Deus o cercou e o abençoou acima de todos os mortais; e, como resultado disso, Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por causa da generosa compensação que recebe de seu Criador.
Da parte do Maligno, surge o desafio para que Deus remova a proteção e veja que Jó começará a amaldiçoá-Lo. À medida que a história se desenrola, os sofrimentos de Jó aumentam rapidamente, de mal a pior. Seus sofrimentos se tornam tão intensos, que ele se vê assentado em cinzas, amaldiçoando o dia de seu nascimento e clamando com dores incessantes. O seu sofrimento é tão profundo, que até sua esposa o aconselha a amaldiçoar a Deus, para que morresse e ficasse livre de sua agonia. Na continuação da história, desdobram-se os conselhos que os amigos de Jó lhe deram — Elifaz, Bildade e Zofar. O testemunho deles mostra quão vazia e superficial era a sua lealdade a Jó e quão presunçosos eles eram em presumir que o sofrimento indescritível de Jó tinha de fundamentar-se numa degeneração radical do seu caráter.
Eliú fez discursos que traziam consigo alguns elementos da sabedoria bíblica. Todavia, a sabedoria final encontrada neste livro não provém dos amigos de Jó, nem de Eliú, e sim do próprio Deus. Quando Jó exige uma resposta de Deus, Este lhe responde com esta repreensão: “Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber” (Jó 38.2, 3). O que resulta desta repreensão é o mais vigoroso questionamento já feito pelo Criador a um ser humano. A princípio, pode parecer que Deus estava pressionando Jó, visto que Ele diz: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?” (v. 4) Deus levanta uma pergunta após outra e, com suas perguntas, reitera a inferioridade e subordinação de Jó. Deus continua a fazer perguntas a respeito da habilidade de Jó em fazer coisas que lhe eram impossíveis, mas que Ele podia fazer. Por último, Jó confessa que isso era maravilhoso demais. Ele disse: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (42.5-6).
Neste drama, é digno observar que Deus não fala diretamente a Jó. Ele não diz: “Jó, a razão por que você está sofrendo é esta ou aquela”. Pelo contrário, no mistério deste profundo sofrimento, Deus responde a Jó revelando-se a Si mesmo. Esta é a sabedoria que responde à questão do sofrimento — a resposta não é por que tenho de sofrer deste modo particular, nesta época e circunstância específicas, e sim em que repousa a minha esperança em meio ao sofrimento.
A resposta a essa questão provém claramente da sabedoria do livro de Jó: o temor do Senhor, o respeito e a reverência diante de Deus, é o princípio da sabedoria. Quando estamos desnorteados e confusos por coisas que não entendemos neste mundo, não devemos buscar respostas específicas para questões específicas, e sim buscar conhecer a Deus em sua santidade, em sua justiça e em sua misericórdia. Esta é a sabedoria de Deus que se acha no livro de Jó.

Ordem e decência no culto

Por Maurício Zágari
Você chega ao teatro. A peça começa, mas um monte de gente continua entrando, falando alto, procurando lugar para sentar. Quando você se dá conta, perdeu boa parte das falas dos atores porque os atrasildos chamaram tanto sua atenção que prejudicaram a compreensão da peça. Ou então você vai ao cinema. Chegam os atrasildos. Pedem licença para passar, pois querem se sentar nas cadeiras vazias da sua fileira. Esbarram em você, esmagam suas pernas, pipocas caem no seu colo, desconcentração total. Ou entao aquele concerto de música maravilhoso. A Orquestra Sinfônica Brasileira dá os acordes iniciais da sua sinfonia preferida e, quando o maestro está a pleno vapor... lá vêm os atrasildos de plantão, fazendo barulho, caminhando por entre as fileiras, esbarrando em você para passar e prejudicando totalmente o seu deleite musical.

Pergunto eu: em alguma dessas situações você ficaria feliz?

Qualquer pessoa acharia esses atrasildos muitíssimo incômodos. Pois sua atitude demonstra desrespeito com o público que chegou na hora certa, com os artistas, com o significado daquele evento. E, convenhamos, se você e um dos atrasildos, por qualquer razão que seja, perdeu boa parte da programação simplesmente porque não chegou na hora. Tenho certeza de que você não chega atrasado ao cinema, ao teatro, a um concerto: chega antes, com calma, compra seu ingresso, escolhe seu assento, não incomoda ninguém... Tudo com ordem e decência.
Curiosamente, quando o assunto é igreja parece que a lógica muda completamente. Muitos e muitos chegam com o culto já iniciado. E aí pronto: aquele irmão que chegou cedo, fez suas orações e começou a louvar na hora certa é quem sai prejudicado pelos atrasildos. Não existe nada pior do que você estar de olhos fechados, cantando louvores para seu Deus, em total comunhão e, de repente, umas batidinhas no ombro: "Dá licença para eu passar?", diz o atrasildo. Parece que você despenca do Céu. O mínimo que se poderia esperar de uma pessoa educada é que, chegando atrasada, esperasse o fim da música para pedir licença. Mas não. Muitos não se incomodam de atrapalhar quem está num momento de profunda devoção, de olhos fechados, em adoração: "Dá licença pra eu passar?". Tremendo desrespeito. O correto? Esperar em pé no corredor a música terminar, para não penalizar os demais por um desleixo seu com a hora.
Geralmente os cultos se iniciam com o louvor. Então parece na cabeça de muitos que aquilo ali é só um prelúdio musical para o culto de fato, que seria somente a pregação. Que engano enorme! O culto começa no "bom dia" ou no "boa noite" do pastor. O louvor é um momento importantíssimo, quando dizemos a Deus quem Ele é, o que representa para nós, destacamos seus feitos e o entronizamos em seu lugar de honra e glória. Mas para os atrasildos isso parece que não é importante, como se fosse apenas uma cantoria chata e dispensável.
E há ainda aqueles que, quando a pregação ou a ceia termina, pegam suas coisas e saem antes do final. Desprezam a benção de encerramento, a comunhão, os apertos de mão e os abraços que encerram o culto. Desprezam a oração final. E por quê? Em geral porque querem evitar a pequena fila que se forma na saída da igreja. Meu Deus, abrem mão de momentos preciosíssimos para evitar uma filinha! Deixam de receber a oração e a benção finais para não ter de levar 30 segundos a mais para sair da igreja! Claramente não entendem o que é o culto.
Um culto público em uma igreja tem começo, meio e fim. Cada parte tem sua razão de ser e sua importância. Chegar atrasado ou sair antes do final simplesmente é desrespeitar e incomodar quem chegou e vai embora na hora, é desprezar os momentos abençoadores do início e do fim e, honestamente, demonstra que a pessoa não compreende a importância de um culto a Deus vivido em sua plenitude. Ser pontual na igreja é uma atitude espiritual. E mais: é educado. É polido. Demonstra respeito por Deus e pelo próximo.
Chegue aos cultos como você gostaria que Jesus respondesse as suas orações: o mais cedo possível. E, de preferência, até mesmo antes do que se esperaria. E fique até o momento em que gostaria que Jesus ficasse na sua vida: o último instante.

Comportamento sintomático

Esse fenômeno é sintomático. Nós externalizamos o que vivemos interiormente. Este texto que você está lendo na verdade é a união de dois artigos que escrevi para duas edições do Jornal Sal da Terra a pedido do meu mano Carlos Alberto Simões sobre esse tema: "Ordem e decência no culto". Pois quando ele me pediu que escrevesse um texto sobre isso, minha reação imediata foi falar sobre as instruções de Paulo em 1 Coríntios 14. No contexto, o apóstolo está falando sobre a igreja da cidade de Corinto, em que a manifestação dos dons espirituais estavam transformando as reuniões em uma tremenda bagunça, com irmãos falando em línguas e profetizando sem nenhum controle ou organização. Com isso, os cultos da igreja grega tornavam-se balbúrdias em que não se conseguia de fato cultuar Deus. Sempre que lemos esse capítulo, em especial o versículo 40, vemos como é importante que os encontros na igreja ocorram segundo uma liturgia em que haja um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.
A grande dificuldade para se falar disso em nossos dias é que a Igreja no Brasil se tornou tão heterogênea que o que é confusão em uma pode ser a prática normal em outra. Na congregação pentecostal em que me converti, por exemplo, é normalíssimo e até esperado que durante a pregação as pessoas fiquem dando glórias a Deus em altos brados. Se isso não ocorrer é capaz de dizerem que "o pregador nao tinha unção". Já na igreja em que congrego hoje, ao contrário, certamente isso seria um problema, pois o hábito local é que todos ouçam o sermão em silêncio. Então, o conceito de ordem e decência no culto é muito variável, dependendo da denominação e da cultura local de cada igreja.
Mas há um conceito que podemos absolutizar em toda e qualquer igreja evangélica brasileira, em toda denominação, em todo culto: não a manifestação externa de ordem e decência, mas a manifestação interna. As perguntas que traduziriam esse conceito seriam: como anda sua alma e sua vida com Deus fora das paredes do templo? Em ordem? Em decência? Pois bagunça interior leva a bagunça exterior.
Mais importante do que um culto coletivo em que não haja balbúrdia nem desorganização é um culto individual em que o adorador se aproxime de Deus com o coração ordenado e decente. Pois de que adianta o irmão chegar e partir domingo da igreja com a alma parecendo uma cama desarrumada? Com pecados não confessados, atitudes hipócritas e falta de amor no coração? Isso sim é bem mais grave.
Pois, dependendo da cultura de sua denominação, você pode glorificar em alta voz, falar em línguas, saltar e erguer as mãos no louvor... Mas se sua alma estiver indecente diante de Deus isso tudo é inócuo. Ou, se o hábito na sua igreja for cultuar em silêncio, de forma mais formal e sem grandes manifestações externas... Se seu coração estiver desordenado isso tudo também é inócuo.
Importa que nossos cultos transcorram em paz. Que a expressão de entrega do fiel a Deus aconteça coerentemente dentro do contexto de cada cultura denominacional e local. Você sabe bem o que se espera em termos de comportamento dentro da tradição da igreja em que congrega e não preciso lhe ensinar isso – seu pastor o fará. Mas importa muito mais, e isso nunca é demais lembrar, que você se achegue ao Santo dos Santos com sua vida em ordem e decência. Isso em qualquer contexto em que esteja. Portanto, se você notar que está vivendo um pecado constante, busque limpar-se. Se existe alguém com quem você cortou relações e não fala mais, reconcilie-se com ele antes de levar a oferta ao altar. Se o Espírito Santo lhe mostra que algo em sua vida precisa ser mudado, não espere o dia de amanhã.
Conserte-se hoje. Aprume-se. Dê a outra face. Caminhe a segunda milha. Perdoe setenta vezes sete vezes. Purifique-se dos pecados. Humilhe-se. Suplique por misericórdia. Peça forças naquilo em que está fraco. Faça o que tiver de fazer! E isso pode começar com uma oração aqui, neste instante, com este post diante de seus olhos. Dirija-se a Deus em oração onde você estiver. Confesse seus pecados – você sabe quais são. E ponha sua vida em situação de ordem e decência. Se você fizer isso, seu culto a Deus será sempre bem recebido
Paz a todos vocês que estão em Cristo.