quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Libertinagem no Espírito

Por Ruy Cavalcante
 Esta semana conversava com meu amigo cabo-verdense Leonid Fortes e percebi que tanto lá, quanto aqui, a realidade é a mesma. Quem dera só no Brasil as pessoas interpretassem e ensinassem a bíblia como bem entendem, seria apenas um país fadado ao fracasso espiritual no meio de tantos outros que iriam bem. O assunto em pauta era a tal liberdade que temos em Cristo, e como as pessoas têm administrado isso em nossas igrejas. Vejamos o texto chave:

 “Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade”. (2 Co 3:17) 


Não é novidade que grande parte de nossos irmãos, especialmente os jovens, se aproveitam desta liberdade para dar vazão a seus impulsos e a sua energia. Dessa maneira nos acostumamos a ver pessoas correndo desenfreadamente dentro da igreja, durante cultos mais “fervorosos”, pessoas gritando, pulando, girando de ponta à cabeça, adorando extravagantemente, fazendo do culto um verdadeiro circo dos horrores. Ora, fazer isso no culto (por exemplo), não é exercer liberdade, e sim libertinagem, é praticar uma liberdade sem bom senso, sem ordem, por impulso, tudo o que a bíblia disse para não fazer (1 Co 14:40). Mas então, de que liberdade o texto bíblico fala? No verso 14 do mesmo texto, temos a resposta quando Paulo diz: “mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido”. Ora, o capítulo 3 inteiro da segunda epístola de Paulo aos coríntios trata a respeito da antiga e da nova Aliança. A antiga sendo retratada como a “letra que mata” (assunto para outro post), e a nova refletida na “liberdade do Espírito”. Assim, a tal liberdade, tão importante para a vida de todo o Cristão, refere-se à liberdade do jugo da Lei mosaica e da escravidão do pecado, justamente o que Cristo conquistou na cruz por cada um de nós. Antes éramos escravos, agora somos livres e com livre acesso à presença de Deus. Esta é a liberdade do cristão, não se trata de alvedrio, nem de pular, nem de gritar ou de agir livremente sem controle. Vejamos outro texto: “Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo da escravidão”. (Gl 5:1) Novamente o assunto é jugo, escravidão. No verso 2 do mesmo texto Paulo fala sobre a circuncisão, uma vez que o povo continuava se submetendo às ordenanças da lei (jugo), circuncidando-se, quando na verdade fomos chamados à liberdade, ao jugo leve de Jesus (Mt 11:30). Impossível entender outra coisa. Falam-se muito nos exemplos de Davi quando tentamos dar credibilidade a essa libertinagem que toma conta de muitos cultos. Usasse exemplos de como ele pulou, gritou, e fez coisas semelhantes a essa. Mas se formos atentos e cuidadosos, perceberemos que em nenhuma das oportunidades que Davi agiu dessa forma, ele estava num culto, numa ministração no Tabernáculo, antes ele estava em comemorações, festejando vitórias em guerras, no meio da rua, ou junto do povo. Nunca ministrando a Deus diante do povo. Meus irmãos, pular, gritar e rodopiar não é necessariamente pecado, mas existem lugares corretos para se fazer isso, e esse lugar não é o culto a Deus. Lembre que o culto é a Deus, não a nós mesmos. Vamos ao culto não para receber, mas para entregar, entregar nossa adoração a Deus. Certa vez dois rapazes resolveram acrescentar algo que acharam interessante em suas ministrações de adoração, algo que não foi ensinado, que Deus não ordenou. O resultado disso vocês podem verificar no capítulo 10 de Levíticos. Se liga irmão, vamos viver um cristianismo bíblico, não torne aquilo que você gosta numa verdade bíblica! E que Deus nos abençoe sempre, perdoando nossa dificuldade em entendê-lo. .... Em tempo: Não vejo problema algum em você dançar, bater palmas e até pular durante o culto, desde que com isso você esteja festejando a Deus. O problema são nossos exageros e nossa falta de bom senso, pois tornamos essas coisas um elemento do culto, transformando-o apenas num show, sem ordem alguma, e sem a mínima decência. Um culto sem isso, continua sendo um culto, por outro lado, um culto com esses exageros se torna um circo.

QUANDO A DOR NOS SUFOCA

Por Pr. Silas Figueira

 “Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres.” (Mt 26.38,39) 

 As horas que antecederam a crucificação foram horas de grande angústia para Jesus. Na noite em que Ele foi traído, após a ceia, Jesus se retirou com os discípulos para o jardim chamado Gêtsemani. Ali, Jesus disse para os seus discípulos que Sua alma estava triste até a morte e que eles velassem com Ele naquele momento. Era tamanha a Sua tristeza que Ele pede ao Pai que se fosse possível o livrasse daquele cálice que estava por beber. Por três vezes Jesus fez essa oração para que o Senhor o livrasse da morte, mas ao mesmo tempo em que o Senhor pede para que o Pai o livrasse da morte, o Senhor Jesus diz que não era para ser feita a Sua vontade, mas a do Pai. O cálice que Jesus estava por tomar não era o sofrimento físico, mas o sofrimento espiritual, pois, na cruz Ele iria sofrer o abandono do Pai e vivenciar o inferno. O inferno é a morte eterna, lugar de angústia eterna, onde há “choro e ranger de dentes” (Mt 13.50). É onde Deus não está, pois o Pai não compactua com o pecado e Jesus tomou sobre si os nossos pecados se fazendo pecado em nosso lugar. Vemos com isso a enormidade do pecado e o caráter de seu salário (Rm 6.23). Por isso que na cruz o Senhor clamou: “Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Essas palavras de Cristo na Cruz do Calvário eram o cumprimento profético do Salmo 22.1 que diz assim: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu bramido?” Não temos ideia do que Davi passou para proferir tais palavras, mas sabemos o que isso significou na vida do Filho de Deus naquelas horas de abandono. Durante aquelas seis horas em que Cristo esteve preso naquela cruz, foram as horas de maior angústia que o Nosso Senhor passou para que a nossa dívida diante do Pai fosse paga. Por isso que o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos disse: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32). Jesus foi entregue pelo Pai para morrer a nossa morte para vivermos Sua vida. Hoje, através da morte de Jesus em nosso lugar, temos livre acesso a presença do Pai sem precisarmos oferecer sacrifícios como era necessário no AT ou como muitos líderes andam ensinando por aí. Por isso, que por maior que seja a dor que estejamos passando, não se compara ao sofrimento que Jesus passou naquelas horas pendurado na cruz. Por isso que o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios disse: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2Co 4.17,18). Em outras palavras, por maior que seja o nosso sofrimento nesta vida não se compara ao gozo eterno que teremos junto ao Pai na eternidade. Aliás, é sempre bom lembrar o que a Palavra de Deus nos fala em relação ao sofrimento dos cristãos. Vejamos alguns textos que nos mostram o quanto o Senhor tem cuidado de nós: “Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” (Sl 103.10-14). “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1Co 10.13). “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm 8.26,27). O Espírito Santo nos assiste nos momentos mais difíceis de nossa vida. É ele quem nos conforta e nos consola nas horas de sofrimento. Sem a ação confortadora e consoladora do Espírito Santo nós, certamente, seríamos consumidos pela dor que muitas vezes nos atinge. Por isso que apóstolo Paulo nos diz: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos” (2Co 4.8,9). Por pior que seja a dor e o nosso sofrimento em todas as coisas nós somos mais que vencedores. Jesus nunca nos prometeu uma vida fácil ao seu lado, mas Ele disse que estaria conosco todos os dias até a consumação do século (Mt 28.20). Muitas vezes a presença do Senhor conosco não soluciona o problema, mas nos trás um grande conforto, uma paz que não há explicação, pois é uma paz que excede todo entendimento, e que guarda o nosso coração e a nossa mente (Fl 4.7). Mas só desfrutam dessa paz aqueles que têm Cristo como Senhor de suas vidas. Aqueles que confiam nEle, não só para esta vida, mas para a vida eterna na presença do nosso Deus para todo o sempre (Ap 21.1-7). Por isso que quando o apóstolo Paulo estava preso e próximo da morte iminente, escreveu a Timóteo dizendo: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4.6-8). Quando a angústia vier saiba que o Senhor está ao seu lado todos os dias para lhe consolar. Não quero com isso dizer que não teremos sequelas em nossa vida, seria muita presunção e ingenuidade de minha parte falar tal coisa, mas que essas sequelas não sejam maiores que a nossa superação com a ajuda do nosso Deus. Somos humanos e não robôs. Até Jesus chorou no túmulo de Lázaro, quem somos nós para não chorarmos diante das adversidades da vida também? Uma coisa é sofremos diante das perdas e lutas que a vida nos proporciona, outra coisa é afundarmos num poço de angústia e depressão podendo sair dele com a ajuda do nosso Deus.