terça-feira, 27 de março de 2012

Pastores Voadores: Líderes evangélicos investem pesado na compra de aviões


Dizem que um homem pode ser medido pela grandiosidade dos seus sonhos. Se é mesmo assim, um seleto grupo de ministros do Evangelho anda sonhando alto – literalmente. Desde o ano passado, diversos pastores brasileiros andam cruzando os céus em aviões próprios, um luxo antes somente reservado a altos executivos, atletas milionários e sheiks do petróleo. A justificativa para as aquisições, algumas na faixa das dezenas de milhões de dólares, é quase sempre a mesma: a necessidade de maior autonomia e disponibilidade para realizar a obra de Deus, o que, no caso dos grandes líderes, demanda constantes deslocamentos pelo país e exterior a fim de dar conta de pregações e participações em palestras e eventos de todo tipo. Eles realmente estão voando alto.

O empresário e bispo Edir Macedo, dirigente da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) tem feito a ponte aérea Brasil – Estados Unidos a bordo de um confortável Global Express, avaliado no mercado aeronáutico por US$ 50 milhões (cerca de R$ 85 milhões). Para comparar, o preço é semelhante ao do Rafale, o caça-bombardeiro francês que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sonha comprar para as Forças Armadas brasileiras. Equipado com sala de estar, dois banheiros, minibar e lavabo, além de um confortável sofá, o jato permite deslocamentos dos mais confortáveis até os EUA, onde Macedo mantém residência, e tem autonomia suficiente para levá-lo à Europa ou à África. O Global, adquirido em setembro numa troca por um modelo mais antigo, veio juntar-se à frota da Alliance Jet, empresa integrada ao grupo Universal e que já possuía um Falcon 2000 e um Citation X, juntos avaliados em 40 milhões de dólares.

Edir Macedo justifica o uso de aviões particulares dizendo que precisa levar a Palavra de Deus pelas nações onde a igreja atua, que já são mais de 120, e também para evitar transtornos aos passageiros dos aviões comerciais, pois sua pessoa costuma atrair muita atenção da mídia. Pode haver também outros motivos. Foi em voos particulares que a Polícia Federal descobriu, em 2005, que deputados e empresários ligados à Iurd transportavam dinheiro em espécie, no episódio que ficou conhecido como o caso das malas. Os valores, explicou a igreja na época, teriam sido arrecadados nos cultos e eram transportados dessa maneira por questão de segurança e praticidade até São Paulo e Rio de Janeiro, onde a denominação tem sua administração.

Já o missionário R.R.Soares, mais discreto que o cunhado Macedo, não fez alarde da aquisição do turboélice King Air 350, em novembro, fato noticiado pela revista Veja.. Avaliado em cerca de R$ 9 milhões, a aeronave transporta oito passageiros. Como tem uma agenda das mais apertadas, Soares viaja praticamente toda semana pelos mais de mil templos que sua Igreja Internacional da Graça de Deus tem no país, além de realizar cruzadas e gravar programas diários para a TV. Ele realmente tem pensado alto: a igreja também mantém parceria com a empresa de aviação Ocean Air, através da qual um percentual sobre cada passagem comprada por um membro da Graça reverte para a denominação.


“Conquista” – O que chama a atenção no aeroclube dos pastores são as justificativas espirituais para a compra das aeronaves. Renê Terra Nova, apóstolo do Ministério Internacional da Restauração em Manaus (AM) e um dos grandes divulgadores do movimento G12 no Brasil, conta que o seu Falcon é fruto de profecias de grandes homens de Deus como o pastor e conferencista americano Mike Murdock. Em abril de 2009, durante um evento em que ambos estavam, Murdock incentivou uma campanha de doações a fim de que Terra Nova pudesse realizar seu “sonho”. Após chamar Terra Nova à frente, ele mesmo anunciou que ofertaria R$ 10 mil reais, atitude logo seguida por dezenas de pessoas. O avião foi comprado em julho. Dizendo-se “constrangido” com a atitude, Terra Nova admitiu que aquele era seu desejo e que se submetia ao que considerava a vontade de Deus. “O Senhor é testemunha que este avião não é para vaidade, mas para estimular que outros ministérios a que também tenham aviões e, juntos, possamos voar para as nações da terra, pregando o evangelho de Jesus. Assim está estabelecido”, diz o líder em seu site.

“Conquista” e “resultado da fé” também foram as expressões usadas pelo pastor Samuel Câmara, da Assembleia de Deus de São José dos Campos (SP), para comemorar a compra de seu King Air C90, de quatro lugares. O religioso, que durante anos liderou a Assembleia de Deus em Belém (PA) – onde montou a Rede Boas Novas, conglomerado de rádio e TV que cobre vinte estados brasileiros –, se diz muito grato a Deus pela bênção, avaliada em R$ 8,5 milhões. Ele espera juntar-se a outros líderes para montar “uma esquadrilha de aviões para tocar o mundo todo”. Ano passado, Câmara também esteve no noticiário pelas denúncias que fez contra supostas irregularidades nas eleições para a presidência da Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB).

Mas a aquisição aérea que mais chamou a atenção, dentro e fora do meio evangélico, foi concretizada pelo famoso pastor e apresentador de TV Silas Malafaia, da Assembleia de Deus da Penha, no Rio. Possuir uma aeronave própria era um objetivo anunciado pelo líder já há algum tempo, inclusive em seu programa Vitória em Cristo, um dos campeões de audiência na telinha evangélica. Além dos insistentes pedidos por ofertas para manter-se no ar, Malafaia constantemente tocava no assunto avião em suas falas. O empurrão que faltava foi dado pelo pastor americano Morris Cerullo, outro profeta da prosperidade proprietário de um luxuoso Gulstream G4. Num dos programas, levado ao ar em agosto, Cerullo admoestou os telespectadores a desafiar a crise global e participar de uma campanha de doações ao colega brasileiro – um chamado “desafio profético”, no valor de 900 reais, estipulado graças a uma curiosa aritmética que associava a cifra ao ano de 2009.

Aparentemente surpreso, Silas Malafaia assentiu com o pedido. Não se sabe quanto foi arrecadado a partir dali, mas o fato é que em dezembro o pastor anunciou que o negócio foi fechado por cerca de US$ 12 milhões, cerca de 19 milhões de reais. Trata-se de um jato executivo modelo Cessna com pouco uso. Um “negócio espetacular”, na descrição do próprio. Bastante combatido pela maneira ostensiva com que pede ofertas para seu ministério, o pastor Malafaia, que dirige também a Editora Central Gospel, recorre à consagrada oratória para se defender: “Quem critica não faz nada. Você conhece alguma coisa que algum crítico construiu? Crítico é um recalcado com o sucesso da obra alheia.”

Valdemiro Santiago insinua que Edir Macedo tenha conta em paraíso fiscal

Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, rebateu as acusações de ter comprado fazendas com dinheiro da igreja e ter passado para seu nome.Valdemiro questionou a compra da TV Record por Edir Macedo e insinuou que o líder da Igreja Universal do Reino de Deus, tem conta em paraíso fiscal.
“Por que você não convoca uma entrevista comigo e com seu patrão, o dono ai da TV. É bom que eu já faço umas perguntas pra ele, para saber com que dinheiro ele comprou a TV”, afirmou, dirigindo-se ao autor da matéria, o repórter Marcelo Rezende.

“O diabo quer colocar um contra o outro. A luta é contra satanás não é contra homens. Porque satanás quer destruir não só o Valdemiro Santiago, mas também o bispo Edir Macedo”, afirmou durante um culto transmitido pela TV Mundial, admitindo estar surpreso com as circunstâncias, pois, ele e sua esposa amavam Macedo: “Eu jamais imaginei que essas coisas aconteceriam um dia. Se o senhor quer me maltratar, usar a Record pode usar, mas eu vou orar por sua vida, por seus pastores”, afirmou o líder da Mundial.

Sobre o autor da reportagem do Domingo Espetacular, o líder da Igreja Mundial afirmou que o repórter é uma “resenha”, em fim de carreira, e que por isso aceitou fazer a matéria, que outros profissionais da emissora teriam se recusado a fazer, segundo Valdemiro.

O apóstolo afirma que a Igreja Mundial do Poder de Deus ainda não pagou nem a primeira parcela da compra das fazendas, pois foi negociado um prazo de carência de 18 meses a contar da data em que o negócio foi fechado. “Chama o seu patrão e coloca ele comigo na entrevista, aí pede para ele levar as contas abertas e eu levo as minhas, porque eu não tenho contas lá fora”, afirmou Santiago, insinuando que o líder da Igreja Universal do Reino de Deus possua contas em paraísos fiscais.

Programa Conexão Repórter do SBT investiga supostos crimes de Marcos Pereira e apresenta novas testemunhas

O programa Conexão Repórter do SBT, do dia 22 de março tratou das sérias denúncias contra o pastor Marcos Pereira, vulgo pastor sonic, que foi acusado de uma série de crimes, incluindo: estupro, pedofilia, associação ao crime, formação de quadrilha, tráfico de drogas e outros.
A reportagem investiga as denúncias feitas originalmente por José Júnior, fundador do AfroReggae que em matéria da revista Veja chamou o referido pastor de “maior mente criminosa do Rio de Janeiro”, mas acrescenta um novo e importante componente denunciatório: o pastor Rogério Ribeiro de Menezes que ficou 17 anos no ministério, ficando seis anos e foi homens de confiança de Marcos Pereira. O pastor Rogério, que já foi objeto de matérias no Genizah, confirma e amplifica as acusações de José Junior e ainda oferece o relato de sua própria esposa, que segundo a versão teria sido violentada por Marcos Pereira.
Roberto Cabrini reuniu ainda outras testemunhas na linha da acusação e da defesa de Marcos Pereira e ainda apresentou uma exclusiva com o próprio pastor, que respondeu às suas questões na presença centenas de membros de sua comunidade, no templo da seita. Marcos Pereira negou todas as acusações, mas deixou, ele próprio, uma cicatriz exposta: falou de um problema de tentação carnal que teria enfrentado (não deu detalhes), mas que o mesmo teria apresentado a toda a sua comunidade em contrição e arrependimento.
Esta é a segunda reportagem de Cabrini tratando de Marcos Pereira. A anterior foi elogiosa e mostrou a presença hipnótica de Pereira entre presos e a população miserável da cidade do Rio de Janeiro.