Por Josemar Bessa
Nos episódios de Star Trek: The Next Generation ou nos longas da série, há algo frustrante que sempre acontece e que temos dificuldade de entender. O capitão da Enterprise (Consagrado na figura de Jean Luc Picard)
– sempre que em situações terrivelmente perigosas, apesar da nave ter
um escudo de proteção, deixa sempre este escudo desligado. Só depois que
alguma nave desconhecida já está atacando perigosamente a Enterprise é
que o capitão grita:“Levantar o escudo!” – Você pensa – por que não
antes? Antes da nave ser danificada, antes de alguém morrer, antes do
perigo se tornar em alguma tragédia...
Essa não é a mesma
situação da maioria das pessoas que se dizem cristãos hoje? De grande
parte das igrejas? Por que tantos erros teológicos prosperam na igreja –
que segundo a Bíblia, devia ser o “Baluarte da Verdade?” – Ter os escudos de proteção desligados é um perigo mortal que a maioria corre o tempo todo.
Devíamos estar sempre
alertas, com escudos teológicos sólidos levantados todo o tempo, pois o
inimigo, suas ideias que fluem de nossa cultura pós-cristã, está sempre
por perto. A palavra de ordem sempre foi: “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça” - Efésios 6:14
Essa é outra maneira de dizer – Paulo não conhecia a Enterprise
– mantenha os escudos ligados. Se alguém, a cultura... está tentando
convencê-lo de uma ideia contrária a Palavra de Deus, algo imoral, algo
dito comum e normal em nossos dias... mantenha os escudos levantados. O
problema é que se não sentimos o perigo, para que escudos de proteção?
Se você está se sentindo seguro e confortável, para que escudo de
proteção? Essa é a situação da grande maioria dos cristãos, que por
isso, tem sido conformados a esta geração – Quando você está mais
vulnerável e em que ponto essa geração tem fracassado?
Poderíamos mencionar tantas coisas, mas em primeiro lugar,
nada é mais perigoso teologicamente quando você está desejando
acreditar que algo seja verdade. Porque quando isso acontece, você irá
fazer de tudo para se convencer de que aquilo é realmente verdade.
Então, mesmo inconscientemente você irá deixar desligado os escudos de
defesas da Palavra, abrindo caminho para acreditar no que você quer
acreditar. Isto tem sido tão comum.
Sempre que eu me pego
querendo que algo seja verdade ( porque é confortável para mim – porque
vou poder estar mais conectado a cultura ao meu redor...), eu deveria
imediatamente estar em guarda, com todos os escudos teológicos
levantados. Essa é uma situação extremamente perigosa... É óbvio que não
é só porque eu quero que algo seja verdade que aquilo se transforma em
verdade. Saio do objetivo, saio do claro ensino bíblico, saio dos dados
concretos... O significado disso deve ecoar sempre em nossas mentes –
“querer acreditar” é perigosíssimo, porque neste momento eu desligo os
escudos da Verdade e abro as comportas da racionalização para desligar a
consciência... Quando “quero acreditar” no que a cultura diz, devia
acender a luz vermelha. Mas é isso que acontece?
Em segundo lugar devia não só deixar o escudo teológico ligado, mas deveria reforçá-lo ao máximo quando é mais fácil acreditar.
A vida cristã, a vida
com Deus, tem implicações práticas. A salvação afeta tudo o que fazemos.
E muitas vezes não deixa a vida mais fácil num mundo que desconsidera a
mente de Deus. Na verdade não só desconsidera, mas é hostil a Verdade.
Então somos constantemente confrontados com a tentação de acreditar em
algo porque vai facilitar nossas vidas. Por exemplo, é mais fácil fazer
do mundanismo uma palavra oca de significado, porque então meu estilo de
vida pode expressar a cultura a minha volta e não um Deus santo. É mais
fácil acreditar que viver para adquirir bens materiais – redirecionando
para isso todo tempo, trabalho, estudo, carreira, família... porque
então eu não tenho que mudar meu estilo de vida confortável que não se
diferencia dos paradigmas que impulsionam todos os homens a minha volta
que estão mortos espiritualmente.
É mais fácil acreditar
que a minha relação com Deus é essencialmente um assunto privado entre
mim e Ele, porque então eu posso justificar a minha falta de compromisso
na edificação da igreja de Cristo, minha falta de comunhão numa
comunidade local... É mais fácil acreditar que a evangelização é um dom
espiritual para alguns, porque então não sinto a culpa por não estar
propagando a verdade do Evangelho para a qual fui comissionado se estou
em Cristo.
Acreditar que algo é
verdadeiro por tornar a minha vida mais fácil, a continuar num estilo de
vida mais fácil, a ir na direção mais fácil... é ter desligado todos os
escudos de proteção. O caminho fácil acena em todas as relações nesta
cultura, e é difícil ignorá-lo se os escudos de proteção não estiverem
ligados.
Em terceiro lugar
devemos estar totalmente atentos quando a cultura a nossa voltar quer
que acreditemos. A cultura tende a nos formatar. É inevitável. Nós
recebemos um fluxo constante de mensagens de nossa cultura sobre o que é
bom e verdadeiro, sobre o que é belo, sobre o que vale a penas investir
a vida, sobre o que é divertido... a maioria de nós nem sequer percebe o
fluxo constante em que isso acontece. Então, ao nos sentirmos
confortáveis e seguros, para quê escudos? Lenta e progressivamente esse
fluxo constante nos molda. E nada pode ser mais fácil do que ir se
deixando levar. Quando sentimos isso, deveríamos ligar o alerta vermelho
e ligar todos os escudos. A pressão vem de todos os lugares: mídia,
colegas, leitura... Começamos a pensar, eu não faço, mais isso é comum,
normal... e esse é só o primeiro passo para perdermos toda a definição
bíblica para a vida. Nossa cultura, por exemplo, quer desesperadamente
que acreditemos que a homossexualidade e o casamento gay são normais,
corretos... A corrente e o fluxo diário é muito forte. Você não quer ser
visto como um troglodita, então, aos poucos... Sutilmente nossa cultura
quer que acreditemos no consumismo, no individualismo ( é por isso que é
tão comum hoje o que veio a ser chamado "desigrejados" – com desculpas
piedosas escondemos o deus individualismo ) – a pregação da cultura
sobre o individualismo, eu como capitão da minha história... entra em
nossos poros todos os dias. E sabendo o quão fácil é apenas se deixar
formatar e levar pelo fluxo, precisamos manter os escudos teológicos
claros contra toda essa onda levantados a cada dia. Levantados contra
cada uma dessas mensagens.
Em quarto lugar, devemos
ligar todos os escudos quando a resposta obtida parece tão óbvia para a
mente natural, o senso comum do homem sem Deus. Isso é extremamente
perigoso porque se a resposta parece tão óbvia, por que se preocupar com
isso. Naturalmente o homem, por exemplo, se vê como alguém livre, se vê
como estando no centro... o humanismo secular sempre parece óbvio para a
mente natural. O amor que aceita toda a espécie de erros e só afirma e
nunca julga... parece tão óbvio para nossa cultura. Então pensamos – a
resposta está logo ali. Se encaixa tão bem a minha mente, é tão
confortável... Muitas pessoas jamais começam com a Bíblia – elas dizem
–“olhe, é tão óbvio...” – É lógico que neste momento todos os escudos
teológicos já estão desligados. Porque é lógico que não importa o que a
Bíblia diz se eu já defini que algo é lógico, a partir desse ponto
qualquer coisa contrária será ilógica. O que pareceu óbvio e lógico para
Eva na sua conversa com a serpente se mostrou o oposto de toda lógica
divina. Se achamos lógico, já não achamos perigoso – para que serviriam
então escudos? Nós simplesmente desligamos. Relaxamos e continuamos na
mesma direção. Então um “alienígena” – como em Star Trek – já fez um
buraco em nossa nave, e a morte está a caminho.
Você percebe diariamente
em quais situações você tem deixado os escudos de proteção desligados?
Quando você está propenso a deixá-los desligados, você está num perigo
morta. Essa é a razão de tantos erros prosperarem em nossos dias na
igreja visível...
Queríamos acreditar,
era mais fácil acreditar,
nossa cultura queria que acreditássemos,
era mais lógico acreditar...
Então desligamos os escudos.
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