Uma das experiências
mais difíceis na vida cristã é quando passamos por alguma dificuldade e,
de uma hora para outra, parece que não há ninguém quem nos possa
ajudar. É difícil sim ... e dói ... como dói! Mas esse tipo de
experiência, invariavelmente, todos os cristãos passam; aliás me atrevo a
dizer que esse “deserto” em meio à dificuldade é algo que todos os
seres humanos experimentam, sejam cristãos ou não.
Mas, falando do deserto
na vida cristã, posso dizer, eu já passei por ele, você provavelmente
também, mas por mais que essa experiência seja um tanto comum, a maneira
de lidar com essa situação é muito particular, ou seja, cada um de nós
reagirá de forma pontual diante dos desertos da vida espiritual.
Claro que esse post não
tem a intenção de ser o manual da vida cristã no deserto;
definitivamente não! Porém, algumas experiências vividas e o desabafo de
uma irmã em Cristo me impeliram a escrever de forma objetiva como
podemos enfrentar esse sofrimento; claro que tudo isso seria nada, se o
que você vai ler a partir de agora não estivesse pautada nas Escrituras
Sagradas.
Como descrevi, foi o
desabafo de uma irmã que me fez relembrar meus desertos, de como eles me
fizeram chorar e de como me ensinaram. Nessa conversa, a irmã me disse a
seguinte frase: “(...) me senti assim sem rumo olhando para um lado pro
outro e não via ninguém nada pra onde eu pudesse correr”. A conversa se
estendeu por vários minutos, quase uma hora, e biblicamente tentei
apresentar forças à minha irmã; forças essas que, obviamente não vêm de
mim, mas da Palavra de Deus e do Espírito Santo.
Essa irmã resolveu não
me contar o real motivo desse sofrimento. Mas enquanto ela desabafava,
minha mente montava a cena, quadro a quadro, cada palavra que ela me
falava me fazia imaginar seu sofrimento. E, após ouvi-la atentamente,
resolvi expor minha opinião e de alguma forma ajuda-la a enfrentar essa
situação.
Claro que minhas
palavras não salvaram minha amiga do seu sofrimento, mas sabemos que
toda a palavra de Deus é divinamente inspirada e proveitosa para
ensinar, redargüir, e instruir em justiça (II Tm 3:16) e o Senhor foi
glorificado em Sua Palavra.
Essa situação me fez
pensar muito sobre o deserto da vida cristã. Por que acontece? Por que
Deus permite? Por que parece que Deus nos esqueceu? Como em tudo e em
todas as coisas, a Palavra de Deus tem as respostas, vejamos:
No deserto, conhecemos a nós mesmos
É justamente nos piores momentos da vida que revelamos nossa verdadeira
natureza. Quando somos perseguidos, destratados, deixados de lado,
esquecidos; nesses momentos o que era prioridade fica em segundo plano;
aquilo que não vivíamos sem, nessas horas são esquecidas em algum canto
da casa; dessa forma, invertemos padrões e mudamos conceitos. É muito
comum nos surpreendermos conosco quando passamos por grandes
dificuldades. A raiva escondida vem à tona; o orgulho velado se eleva e
se apresenta; o medo oculto se revela; e não adianta mais máscaras:
somos nós sim; patentes e nus diante de Deus e de nós mesmos. E é
justamente aí que precisamos fazer uma auto avaliação. Quem somos? O que
nos levou a agir dessa forma? Esse momento também é importante para
analisarmos nossa fé em Deus, afinal se estamos desesperados, pode ser
que não estejamos tão inabaláveis assim. É preciso pensar a respeito.
No deserto, nosso caráter é provado e aperfeiçoado
Uma famosa frase do filosofo grego Epicuro (341-270) diz que “Os
grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades”.
Espiritualmente, é no deserto que podemos ser aperfeiçoados em Deus,
pois toda nossa independência é colocada à prova e, muitas vezes por
estarmos cansados de lutar contra as provações, nos rendemos sem
reservas aos cuidados de Deus. É aí que começa a prática do salmo de
número 40, onde não temos mais opções, a não ser esperarmos com
paciência no Senhor, confiando em Seu cuidado e correção.
No deserto, Deus nos trata de forma especial
É impossível não se
emocionar quando lembramos dos cuidados do Senhor sobre nossas vidas
quando passamos pelo “vale”. Nos momentos em que parece que estamos
distantes de Deus, na verdade, por Ele estamos sendo provados e
aperfeiçoados. O profeta Oséias, em seu livro, traz uma interessante
palavra de qual é nossa situação quando estamos no deserto. No capítulo
13, verso 5, ele diz: “Eu te conheci no deserto, na terra muito seca”. O
contexto da mensagem diz respeito a como Deus tratou com seu povo,
tirando-o do Egito, atravessou o deserto e como Israel se entregou à
idolatria. Deus conhecia o futuro de Israel, porém em Sua longanimidade
Ele se voltou ao Seu povo, e dele teve misericórdia. O período do
deserto de Israel foi de aprendizado, pois suas ações ficaram
registradas na memória do povo, de geração à geração, provando a
misericórdia do Senhor. Deus tratou Seu povo de forma especial e única;
assim, quando, em comparação, passamos pelos nossos desertos na vida
espiritual, Ele nos trata de forma especial também.
Então ...
Não nos esqueçamos que, mesmo em meio ao silêncio de Deus; à Sua
provação e repreensão, Ele sempre olha pelos Seus filhos. Veja o que diz
Isaias no capítulo 49, verso 15: “Porventura pode uma mulher
esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do
filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu
não me esquecerei de ti.”Aleluia!! Que maravilhosa promessa!! Se você
está passando pelo deserto espiritual, ou ainda venha a passar, em tudo
ofereça a Deus sua adoração. Que suas lágrimas, seus gemidos e até sua
tristeza sejam para a glória Dele, pois essa leve e momentânea
tribulação produzirá em você um peso de glória mui excelente (II Co
4:17).
Se quando passares pelas
provas do deserto espiritual, e, assim como minha amiga, procurar ajuda
nas pessoas e não encontrar, não desanime. Uma conhecida música
evangélica diz assim: “Se tanta gente tentou te ajudar mas não deu, não
julgues, porque é de Deus; tem coisas que só Jesus faz”. É bem verdade
... Deus pode permitir que passemos pelos desertos e que todos à nossa
volta nos abandonem para que provemos da fidelidade do Senhor, assim
como Seu povo Israel no deserto; assim teremos mais confiança e comunhão
com nosso Deus, e assim como Jó, poderemos dizer: “Com o ouvir dos meus
ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos.”
Que o Deus de paz nos ajude!
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