Por Judiclay Santos
O PREGADOR
Convertido aos 15 anos
de idade, no dia 6 de Janeiro de 1850, Charles Haddon Spurgeon seria o
mais conhecido e influente pregador da Inglaterra no século XIX. Pessoas
vinham de várias partes para ouvir a pregação daquele jovem (ele
começou a pregar com 16 anos) que falava com clareza, paixão e
autoridade.
A MULTIDÃO
O prédio da igreja de
New Park Street não comportava a quantidade de pessoas que fluía para
ouvir Spurgeon, como ele mesmo havia dito: “A colheita é grande demais
para o celeiro”. Enquanto um novo prédio estava sendo construído as
reuniões passaram a ser realizadas no Exit Hall, um espaço bem maior do
que a Capela de New Park. No entanto, ainda era insuficiente para
acolher as multidões, ávidas para ouvir a pregação da Palavra.
A TRAGÉDIA!
Spurgeon decidiu
transferir as reuniões para o maior espaço coberto de Londres naquela
época. A cidade entrou em ebulição ao saber que Spurgeon pregaria no
Surrey Gardens Music Hall, com capacidade para acomodar 10 mil pessoas.
No dia marcado, 19 de
outubro de 1856, os assentos estavam todos ocupados e milhares de
pessoas à porta. Foi um dos maiores eventos em Londres naquele século.
Um acontecimento que parou a cidade. Spurgeon ficou espantado ao ver a
multidão e pensou em cancelar o culto, mas a multidão queria ouvir a
pregação, então ele começou a pregar...
Um pouco depois do
início da pregação, um assecla de satanás gritou: Fogo! Fogo! O
desespero tomou conta do lugar. Os ingleses, ainda traumatizados com o
incêndio que devastou a cidade de Londres em 1666, começaram a descer as
galerias em grande aflição e desespero. Spurgeon não se deu conta até
que foi informado da confusão e pediu as pessoas que se retirassem com
calma. Um pedido em vão. O lugar estava tomado pelo pânico. Como
resultado daquela correria, 7 pessoas morreram e 28 ficaram feridas.
Quando soube disso, o próprio Spurgeon sofreu ataque e desmaiou. Muitos
pensaram que ele tinha morrido.
A SURPRESA!
Não houve incêndio, foi
“apenas” um boato! Após uma acurada inspeção foi contatado que o prédio
estava intacto, não havia o menor indício de fogo.
Spurgeon foi duramente
criticado pela impressa e responsabilizado pela morte daquelas pessoas.
Alguns jornais, que já o perseguiam, aproveitaram aquela tragédia para
lançar uma série de ataques e ofensas. Foi um tempo de grande aflição
para Spurgeon que tinha apenas 22 ANOS DE IDADE!! Sua alma entrou em
agonia e estas mortes sempre assombraram o seu coração.
O SOFRIMENTO
Ele descreveu a sua experiência com as seguintes palavras:
"Apenas o próprio Deus conhecia a angústia do meu espírito triste. As lágrimas eram o meu alimento de dia, e sonhos de terror à noite. Meu pensamentos eram como facas afiadas que cortavam meu coração em pedaços. Eu não podia ser confortado. A minha amada Bíblia não me dava nenhuma luz. Não conseguia orar. Senti que a minha fé tinha morrido e que Deus tinha me abandonado...".
Spurgeon estava no vale
da sombra da morte. Sua alma desespero existencial e seu coração
esmagado pela tirania daquela tribulação indescritível.
O RECOMEÇO!
No entanto, o Deus que levanta os abatidos, manifestou a sua graça restauradora trazendo conforto e novo ânimo.
“Como um clarão de um relâmpago minha alma voltou para mim”.
"Estava livre! A porta da minha prisão se abriu".
"Eu saltei de alegria em meu coração".
Spurgeon voltou a
pregar. Um ano depois ele pregou para 24 mil pessoas, em um culto de
oração convocado pela coroa inglesa em favor da nação (o maior público
para o qual ele pregou de uma só vez).
O último dos puritanos,
foi devidamente chamado de “O Príncipe dos Pregadores”. Seu ministério
foi ricamente abençoado até o fim dos seus dias, em 31 de janeiro de
1892. Ainda hoje Spurgeon inspira muitos pregadores e edifica a igreja
de Cristo por meio dos seus livros e sermões.
SETE LIÇÕES BÁSICAS SOBRE A TRAGÉDIA DO DIA 19 DE OUTUBRO.
1) Um boato pode matar.
2) A mentira é filha do diabo que é assassino desde o princípio.
3) Uma tragédia, sobretudo quando implica em morte, é sempre uma provação para fé.
4) Ser fiel a Deus não garante imunidade ao sofrimento.
5) Diante da dor, a presença de Deus pode tornar-se imperceptível.
6) A graça de Deus é suficiente para acompanhar o crente pelo vale da sombra da morte.
7) Um acidente no meio do caminho não impossibilita um final vitorioso
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