sábado, 16 de março de 2013

QUE TENHO EU CONTIGO MULHER?


Por Cláudia Castor Figueira

Ao estudarmos o Evangelho de João é de consenso que este é o Evangelho Universal, destinado a todo o mundo e retrata Jesus Cristo como o Filho de Deus.

Logo no capítulo 2 de João, encontramos o relato das Bodas em Cana da Galiléia, local onde Jesus realizou publicamente pela primeira vez um milagre. Jesus transforma água em vinho, pois este havia acabado e, certamente, com ele a alegria daquelas bodas. O vinho para o judeu simbolizava alegria e prazer.

No versículo 2 desse capítulo, é relatado que Jesus estava ali como convidado, juntamente com seus discípulos e sua mãe Maria. Como Jesus havia crescido naquela região, certamente, estava ali como convidado filho de Maria e de José o carpinteiro, não como o Filho de Deus que ali começaria seu ministério. Ele ainda não havia se revelado como o próprio Deus encarnado.

Ao perceber que algo não estava ocorrendo perfeitamente, Maria recorre ao seu filho, Jesus. Ela, melhor que ninguém, sabia que Ele poderia solucionar o problema. Posso imaginar a trajetória dessa jovem serva de Deus até aquele momento em Caná. Teria enfrentado murmurações, sussurros, olhares acusadores, calúnias, desconfianças, ofensas sobre uma suposta gravidez concebida pelo Espírito Santo. Maria conviveu e convivia com essa situação até ali no momento daquele cenário. O anjo lhe havia aparecido, confirmado a Isabel sua prima, encorajado a José a não temer, porém a hora de mostrar ao mundo que seu Deus era fiel e verdadeiro parecia não chegar. Posso imaginar o coração de Maria bater mais forte, sua ansiedade aumentar. Certamente havia chegado a hora em que toda aquela multidão reconheceria sua versão dos fatos. Um milagre e todos creriam. Chega-se a Jesus, ansiosa, porém feliz com a fidelidade de Deus, e relata o acontecido já podendo imaginar todos maravilhados, admirados, estupefatos com o milagre. Um milagre e anos de reputação manchada totalmente limpa, como que em um passe de mágica. Afinal, já se passara mais de trinta anos desde o nascimento virginal do Messias Prometido e a espera pela confirmação, constatação divina a todos que a apontavam. Prova que sua história não era fruto de uma gravidez indesejada, ou de sua imaginação juntamente com José que havia embarcado também nesta aventura espiritual. Apenas um milagre e tudo mudaria.

Observemos agora o versículo 4. Percebemos a princípio uma atitude ríspida de um judeu para com sua mãe. Culturalmente, um judeu temente a Deus e a sua lei não trataria, principalmente em público, sua mãe daquela forma. Resposta grosseira e culturalmente inadequada a um judeu comum, ainda mais ao Messias prometido a sua mãe e serva fiel a Deus.

“QUE TENHO EU CONTIGO MULHER?” Ora, entender Jesus e suas palavras é ir mais profundo ao significado de simples palavras. Aqui Jesus está rompendo publicamente com Maria sua vida de homem comum, mas declarando não ser o filho de José o carpinteiro, mas o Deus encarnado, totalmente comprometido com os propósitos de Deus Pai. Agora era Ele, Deus Filho, com Ele, Deus Pai.

“NÃO É CHEGADA AINDA A MINHA HORA.” Que hora Jesus se referia. Que decepção para Maria, não ocorreria o milagre e tudo se esclareceria. Apesar de sua resposta, a contradição. Jesus transforma água em vinho, traz o prazer e a alegria de volta ao ambiente. Maria confusa. Nós confusos se ficássemos apenas nesse texto. Porém, indo mais adiante, encontramos Jesus no cenário da crucificação e, novamente, Maria com o apóstolo João. Ao vê-la, Jesus a olha e responde. Responde não àquele momento, mas a ansiedade, preocupação, desejo no coração de provar a fidelidade de Deus, pergunta feita em Cana da Galiléia. “MULHER, EIS AÍ TEU FILHO”. Foi como que entregar a Sua amada mãe aos cuidados do discípulo amado que, desde aquela hora, a recebeu em sua casa. Jesus, não obstante as Suas dores físicas e morais, pensou em Sua mãe que, a partir deste momento, tinha necessidades especiais de ajuda e protecção. Ou seja, é aqui que toda sua história se revela, que a promessa é cumprida. Não foram os milagres, sinais e prodígios que definitivamente colocariam um ponto final na questão de sua divindade, mas sim sua morte e ressurreição que traria ao mundo e a todos a oportunidade de salvação eterna.

Esse texto deixa claro o real motivo do evangelho: A SALVAÇÂO ATRAVÈS DE CRISTO JESUS. Deus não tem compromisso com nossa reputação, o que irão pensar se Ele não fizer, o que faremos para agradá-lo e agradar a quem queremos, provar que Ele é Deus vivo, de milagres e promessas. Ele é o Deus que tem compromisso com sua Palavra e suas promessas. “PORQUE DEUS AMOU O MUNDO DE TAL MANEIRA QUE DEU SEU FILHO UNIGÊNITO PARA TODO AQUELE QUE NELE CRÊ NÃO PEREÇA, MAS TENHA A VIDA ETERNA.”

Querido leitor, Deus não tem que provar nada a você ou a mim. Ele é Deus e basta. Devemos servi-lo pelo que Ele é e não pelo que nos dá ou faz. Ele é soberano em suas decisões e hora de cumprir suas promessas. Muitas vezes, ficamos como Maria, ansiosos tentando tomar o lugar e a hora de Deus. A nós cabe pregar a tempo e fora de tempo o evangelho e a volta de Cristo. A decisão de crer é sua e minha, através da ação do Espírito Santo em nós. Nós pregamos, Deus cuida em cumprir o que pregamos baseados em sua Palavra, quem cuida é Ele. Que Deus, através do Espírito Santo o faça entender, abra os seus olhos, ouvidos e mente espirituais. Eis aí o Filho de Deus!

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