sexta-feira, 8 de junho de 2012

"Movimento: Jesus ama a todos!" é cristão?

Li na internet que há um novo movimento na praça. Na verdade, esse movimento é uma repaginação de vários outros existentes no decorrer da história cristã. Ele se chama "Movimento: Jesus ama a todos!", cujo texto integral da proposta é o seguinte: “O verdadeiro sentido de João 3:16: Porque Deus amou os homossexuais, os heterossexuais, os estrupadores, as prostitutas, os políticos, os pegadores, as patricinhas, os ladrões, os assassinos, os "normais", toda a humanidade, de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para todo o que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna." Vamos dar fim ao preconceito! E amar como Jesus amou!” [1]. Primeiro, vamos definir a palavra preconceito, segundo o dicionário Priberan: Preconceito - Ideia, conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério. Estado de abusão, de cegueira moral. Superstição. Segundo, qual a relação que há entre o preconceito e o amor de Deus? Terceiro, o amor de Deus é irrestrito, ou seja, Deus ama realmente a todos os homens? Se ama, porque muitos estarão destinados ao fogo do inferno? Pode Deus amar alguém e ainda assim lançar a Sua ira sobre ele? (1Co 6.9). Quarto, o fato do autor da cartilha especificar alguns tipos de pecados e excluir outros, não revela um padrão preconceituoso quanto aos demais pecados? Ou não seria uma tentativa de colocar quem pratica os pecados citados como eventuais vítimas, ao contrário dos demais pecadores? Quinto, a deturpação interpretativa de que Deus amou os homossexuais, os heterossexuais, os estupradores, etc, não está fora do contexto do verso de João 3.16? Não é o caso específico de acréscimo ao texto bíblico, de vício e mau emprego da palavra de Deus a fim de distorcê-la e andar segundo os homens? Vejamos o texto original: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Onde lemos que Deus amou os pervertidos e pecadores? A inferência do autor não é despropositada diante da Escritura? E isso não poderia ser uma espécie de preconceito para com ela? Ao invés disso, o verso diz: 1) Deus amou o mundo. 2) Deu o seu Filho unigênito ao mundo. 3) Para que todo o que crer no seu Filho não pereça. 4) Para que todo o que crer no seu Filho tenha a vida eterna. Aqui, a expressão amou o mundo está diretamente ligada com todo o que nele crê (em Cristo). Portanto, definindo o contexto de mundo no verso, ele se refere ao mundo dos que crêem, não ao mundo geral ao qual pertencem todos os homens, excluindo-se, portanto, aqueles que não crêem, os quais, ao invés do amor de Deus, estão sob a Sua ira. Isso é importante porque fica parecendo que Deus ama o pecador. Mas como Ele pode odiar o pecado e amar aquele que comete o pecado? (Cl 3.5-6). A resposta é: somente se esse pecador, no tempo, na história, for santificado na eternidade. Vou explicar. Deus nos elegeu sempre em Cristo, antes da fundação do mundo, para que fossemos santos e irrepreensíveis; “e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5). O que isso quer dizer? Que somos pecadores, e vivemos na carne, numa luta constante na qual Cristo venceu a guerra por nós. Porém, antes do nosso nascimento, muito antes do mundo existir, Deus já nos havia destinado à salvação e santificação por Cristo, ou seja, para Ele já somos santos, sempre fomos santos, lavados no sangue do seu Filho Amado (Rm 8.29). Para Deus já somos como Cristo, ainda que na história isso esteja acontecendo, e para muitos, ainda irá acontecer. Por isso, o verso de João 3.16 não se refere ao mundo genericamente, mas ao mundo dos santos. Reprisando: Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. É evidente, e límpido como água, a sua mensagem. João não fala de todos os pecadores, nem mesmo fala de um pecador, mas fala daqueles que são salvos eternamente por Deus, os alvos da Sua infinita graça e misericórdia, assim como Paulo diz: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós” (Rm 5.8, 8.32). Ao escrever à igreja de Roma, é incontestável que o apóstolo se refere exclusivamente aos santos (não confundir santos com crente nominal), pois o termo nós é uma comparação explícita aos destinatários da carta: “os amados de Deus, chamados santos” (Rm 1.7). É claro que, no tempo, fomos inimigos de Deus antes da conversão. É claro que, no tempo, somos pecadores, antes e depois da conversão. É claro que, no tempo, éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. É claro que, no tempo, éramos desobedientes e rebeldes a Deus, andando segundo o curso deste mundo. É claro que, no tempo, estávamos mortos em nossas ofensas; mas é fantástico que, no tempo, fomos vivificados juntamente com Cristo (Ef 2.5), o que vale dizer que, antes, muito antes do nosso nascimento, já estávamos vivos quando da morte e ressurreição do Senhor. A salvação é definitiva, já aconteceu, mesmo para aqueles que, momentaneamente, ainda rejeitam e se opõem a Cristo. Contudo, Deus quis que a reconciliação do homem se desse neste mundo, durante a pouco ou muita vida que cada um de nós tem recebido, para que ficasse revelada ao mundo a Sua graça para com os eleitos (os vasos de misericórdia, segundo Paulo), bem como a Sua ira para com os reprovados (os vasos da ira, segundo Paulo [2]). Quando vi a foto de um “arco-íris” em que um tipo “andrógino” (na verdade, um homem pervertido por trejeitos femininos), e o texto do manifesto logo abaixo, percebi que, antes do autor combater o preconceito da igreja, deveria anular o preconceito que tem com a Escritura, reverenciando-a como a palavra de Deus (2Tm 3.16); deveria abrir mão do estereótipo libertino e não fazer coro com o mundo, o qual odeia e se opõe a Deus e a igreja. Ao ver a imagem e ler o texto, evidenciou-se o “conceito formado e sem fundamento sério” dos proponentes de tal movimento. Evidenciou-se a sua “cegueira moral” e, ao defendê-la, blasfemam o nome de Cristo. Em tudo estão enganados, pois buscam algo que não existe, enquanto vivem exatamente aquilo que desejam combater. Como Jesus diz: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (Jo 14.23). E ainda: “Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós" (Jo 8.37). Uma paráfrase a Hebreus 11.6, e que é uma verdade bíblica, seria: sem obediência é impossível agradar a Deus. A santidade é um dom de Deus, mas fruto da obediência que Ele fez nascer em nós. E se ser cristão é ser semelhante a Cristo (2Co 3.18), como posso sê-lo sem obedecer a Deus? (Ap 22.14-15). Apenas com o amor carnal por todos os homens e seus pecados, sendo que Deus abomina tanto um como o outro? E, qual a possibilidade de se amar verdadeiramente o próximo sem amar a Deus? Ou esse amor seria tão corrompido que vemos o próximo caminhar resolutamente ao inferno e não importamos? A Palavra não é preconceituosa, nem os Seus mandamentos são, pois sem a santificação, ninguém verá a Deus (Hb 12.14). Ou podemos dizer que Paulo escrevia e pregava sem fundamento? “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus” (1Co 9-10). A Bíblia não diz exatamente o contrário do que o manifesto “Jesus ama a todos” promete? O qual chega a ser uma zombaria para com Deus? (Pv 14.9).

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